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ASSEMBLEIA INTERNACIONAL DOS POVOS

1- No dia 14 de fevereiro de 2019, em Caracas, capital da Venezuela, realizar-se-á a Assembleia Internacional dos Povos, para onde confluirão organizações sociais progressistas, anti imperialistas, internacionalistas e solidárias para com a Venezuela Socialista e Bolivariana, provenientes de todo o mundo.

Num momento como este, a solidariedade progressista que dos quatro cantos do mundo aflui a Caracas, reforçará o caudal energético dos que na primeira linha defendem a pátria de Simon Bolivar e de Hugo Chavez face à pirataria, ao saque e à barbaridade dum império incapaz de assumir a postura digna do multilateralismo com vista a alcançar-se um ambiente construtivo de paz internacional, justo, equânime, respeitador da riqueza cultural e ambiental, capaz de civilização!

Juntar a sua voz, juntar a sua acção, à voz e à acção dos povos bolivarianos, é dar sequência e consistência à trilha do movimento de libertação que um dia foi iniciado no Haiti com a revolução dos escravos afrodescendentes que foram alvo da maior opressão que alguma vez se poderia imaginar, uma revolução cujo paradigma, pelo seu exemplo, tanto contribuiu para projectar a luta contra o colonialismo na América Latina e em África, durante os séculos XIX, XX e XXI…

Em África, se bem que vencido o colonialismo e o “apartheid”, a hegemonia unipolar faz letra morta em relação à premente necessidade de autodeterminação do Sahara, como letra morta em relação às pressões neocoloniais que expandem seus tentáculos transnacionais, os tentáculos dum poder dominante opressivo e avassalador sobre os povos africanos desejosos de alcançar capacidades de desenvolvimento sustentável e o lugar de igualdade, fraternidade, tolerância e solidariedade que merecem entre todos os povos da Terra.

Em África tem-se a percepção dialética que o movimento de libertação cujo marco inicial foi a independência do Haiti a 1 de Janeiro de 1804, tem todas as razões para continuar, pois necessário é por um lado consolidar suas conquistas, por outro é premente alcançar-se a plataforma civilizacional possível e aberta a um mundo melhor, um mundo de paz, onde a humanidade seja respeitada e se respeite a Mãe Terra!

Por essas razões éticas e morais tenho, no quadro duma batalha de ideias global, advogado a causa dos povos do sul, em especial dos povos da América Latina e de África e num momento como este a causa dos povos bolivarianos, sobretudo da Venezuela Socialista e Bolivariana com a sua tão legítima aspiração à paz, ao aprofundamento da democracia (tornando-a participativa e protagónica, uma palavra nova em português que abre as portas do futuro), à luta contra o subdesenvolvimento de forma a acabar duma vez por todas com o pântano da opressão, da ignorância e da pobreza.

 

2- Fui convidado informalmente a ir à Venezuela, para assumir participação e protagonismo num momento como este e juntar-me a todos os que afluem a Caracas no âmbito da Assembleia Internacional dos Povos, o que com toda a sensível gratidão e respeito faço aqui constar.

Muitos afazeres todavia impediram-me essa peregrinação digna, mas considero que estou em consonância plena com esse internacionalismo solidário, anti imperialista, participativo e protagónico, mais do que em palavras, através de actos.

Em Luanda entidades progressistas compõem neste momento um núcleo que dá os primeiros passos e tende a partir para uma comissão instaladora duma futura associação que cubra urgentes iniciativas em prol da legítima amizade entre Angola e a Venezuela Socialista e Bolivariana, no quadro da trilha do movimento de libertação e sua justa luta em pleno século XXI.

Com a ética e com a moral dum combatente do movimento de libertação em África, ávido de paz, de aprofundamento da democracia e duma orientação progressista na direcção de desenvolvimento sustentável para todos os povos do sul, declaro resolutamente que passo a integrar esse núcleo e, com os camaradas que a ele se juntarem, estou na disposição de iniciar esforços colectivos para rapidamente ocupar um espaço vazio que jamais deveria ter alguma vez existido entre Angola e a Venezuela Socialista e Bolivariana!

Enalteço a iniciativa e o arranque desse núcleo clarividente, corajoso, internacionalista e solidário, por que uma vez mais ele expressa a consciência dos que adequam seus actos à necessidade de civilização num mundo onde os bárbaros a todo o transe semeiam caos, terrorismo, desagregação, tensões, conflitos, divisões e guerra, de que os povos do sul são preferenciais alvos e vítimas.

Os bárbaros pretendem, sob qualquer pretexto e utilizando seus imensos recursos, manter opressivo domínio sobre o resto da humanidade, a fim de com isso subverterem os relacionamentos internacionais, semearem a discórdia, promoverem caos, terrorismo e o saque das riquezas naturais e outras, inviabilizando a legítima aspiração ao desenvolvimento sustentável e à harmonia em prol da vida de todos os povos e seres do planeta!

 

3- Saúdo também o novo Embaixador da Venezuela Socialista e Bolivariana em Luanda, Sua Excelência Marlon Peña Labrador, que antes exerceu de forma profícua o cargo na irmã República de Moçambique, com quem espero que esse núcleo do qual passo a fazer parte nutra a maior solidariedade, aproximação e identidade em termos da amizade, capaz de vencer a distância imensa do Atlântico Sul.

Vencer o Atlântico Sul, voltando ao Gondwana da nossa identidade comum e na mesma trincheira de luta, é possível quando a gesta da consciência libertária se torna autêntica, conforme aconteceu com aqueles que, a partir da plataforma lúcida da revolução cubana deram sua ajuda solidária, internacionalista e justa aos povos africanos desejosos de libertação do colonialismo e do “apartheid”, de Argel ao Cabo da Boa Esperança, na segunda metade do século XX.

É evidente que nesse sentido os vendilhões do templo que inventaram a ementa da paz em Montevideu, abrindo caminho aos propósitos da Doutrina Monroe segundo os falcões da administração de Donald Trump, são incompatíveis com a linha que dá sequência ao movimento de libertação e como tal devem ser denunciados: União Europeia, França, Alemanha, Reino Unido, Itália, Holanda, Espanha, Portugal, Costa Rica, Equador e Uruguai.

Desses, França, Alemanha, Inglaterra, Espanha e Holanda, os mais influentes membros da União Europeia, são respectivamente o 3º, 4º, 6º, 7º e 10º vendedores de armas à escala global e suas políticas estão vinculadas a isso, não à paz global.

Estão habituados a múltiplos processos de assimilação forçada ou em “soft power”, em pleno século XXI, a neutralizar vontades muitas das quais um dia até podem ter sido consequentes, por que são eles os detentores do domínio que promove um colonialismo sobretudo económico, financeiro, mediático e aberto aos parâmetros do seu próprio “soft power” avassalado ao poder da aristocracia financeira mundial e às veias putrefactas do petrodólar!

A guerra em função de sua pretensão hegemónica herdada desde os expedientes da escravatura, do colonialismo, do “apartheid” e até ao neocolonialismo que vigora na África do Oeste e no Sahel, o neocolonialismo da FrançAfrique reitora do Franco CFA, tem sido sempre a sua opção, por que continuam vinculados à barbárie do lucro a todo o preço, vinculados à vontade de, gerando discórdia, divisão e subversão até à maquiavélica promoção dos seus fantoches, ter mais facilmente acesso às riquezas de que se apropriam seguindo as velhas trilhas de corsários e piratas de outras épocas.

Foi assim com a Líbia em 2011, cujo símbolo nacional é a bandeira do fantoche rei Idris e é esse odor a enxofre que espalham na e à volta da Venezuela, bloqueando-a, sancionando-a, procurando-a vencer e ao seu povo com o multiplicar das privações, roubando o seu petróleo, as suas petroleiras e até o seu ouro, conforme o que está a fazer o Banco de Inglaterra!…

Além do mais e para que se faça constar, na altura decisiva da independência de Angola, na altura decisiva da batalha do Cuito Cuanavale, na altura decisiva em que se teve de neutralizar o promotor da guerra dos diamantes de sangue, eles sempre se mantiveram numa posição ambígua, cínica, hipócrita, no fundo distendendo seus expedientes de inteligência que acabou por providenciar a terapia post-choque própria do capitalismo neoliberal que se contempla em nossos dias, que está a levar a pátria de Agostinho Neto para uma profunda crise que começou precisamente como a injectada sobre a Venezuela: com a artificiosa queda abrupta dos preços do petróleo!

Se há aqueles que se deixam enredar por esse tipo de meandros desmascaráveis à velocidade da luz, os que se identificam com o movimento de libertação não sendo assimiláveis, só podem estar em estreita solidariedade para com a pátria de Simon Bolivar e Hugo Chavez e fieis à memória e aos ensinamentos de Agostinho Neto!

Em Angola, percebe-se com todas as evidências antropológicas, históricas e humanas, que não estar hoje com a Venezuela Socialista e Bolivariana, além de não se estar a honrar o passado e a nossa história, está-se a abrir caminho para, de negócio em negócio, mas cada vez com mais lucros a favor da aristocracia financeira mundial e mais pobreza imposta ao povo angolano, se perderem as alianças civilizacionais possíveis no sentido multilateral do termo.

Se assim for, quando um dia Angola sentir a necessidade de defender sua independência, sua soberania, sua identidade, muito provavelmente não terá quem quer que seja para solidariamente a ajudar e o neocolonialismo impante afrontará as mais legítimas aspirações em relação ao futuro do próprio povo angolano!

 

Luanda, 11 de Fevereiro de 2019.

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