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Opción por la vida – II

(Continuación de Opción por la vida – I)

OPÇÃO PELA VIDA – II

A PARTIR DA DIALÉTICA IMPLICADA NA PRÓPRIA ESSÊNCIA DA MÃE TERRA!

Em África a equação contraditória milenar entre a água interior e os maiores desertos quentes do globo, onde a água é rarefeita, impeliu o homem a culturas de adaptação entre o sedentarismo e a nomadização, com todas as cargas antropológicas e psicológicas que isso comporta.

Desde as antigas civilizações do Nilo como do Níger, que esse padrão de contraditórios nos é transmitido pela própria história, socorrendo-se de outras disciplinas, entre elas a arqueologia e a antropologia.

África ainda não venceu esse tipo de amarras que advêm desse passado longínquo, apesar das transformações que passaram a ocorrer em algumas regiões como a África do Sul, quando o império colonial britânico implicou a antropologia da revolução industrial.

Hoje é possível ao jihadismo radical islâmico continuar a explorar esse contraditório a fim de alimentar a sua saga, numa altura em que a doutrina Rumsfeld/Cebrowski que desde o princípio do século XXI vigora subtilmente em reforço da expressão neoliberal nos relacionamentos do “hegemon” unilateral e seus vassalos, coligações e “parceiros” para com o Sul Global, procura a todo o transe minar as sociedades vulneráveis dos países subdesenvolvidos numa esteira “transversal” de caos, de terrorismo e de desagregação.

África por inteiro está integrada nos mapas que espelham os propósitos dessa doutrina e o jihadismo espalhou-se desde o derrube de Kadafi na Líbia, há dez anos, saltando de rio em rio, de lago em lago e atingindo agora a África Austral a sul do Rovuma, a norte de Moçambique…

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Estiman que a finales de siglo XXI los veranos en el hemisferio norte podrían durar seis meses – Los inviernos podrían reducirse a tan solo dos meses, lo que tendría graves consecuencias para la vida animal y vegetal, la agricultura y la salud humana. – (o mapa demonstra quanto o jihadismo radical islâmico tem que ver com os desertos mais quentes do globo, algo que o “hegemon” e o sionismo interpretaram na perfeição, desde o princípio do século XXI) – https://actualidad.rt.com/actualidad/385948-finales-siglo-xxi-veranos-hemisferiohttps://news.agu.org/press-release/northern-hemisphere-summers-may-last-nearly-half-the-year-by-2100/

05- No livro “Os conflitos contemporâneos na África Sul-sahariana – causas, consequências e perspectivas para África”, de que sou coautor com o coronel de infantaria António José Guerra Gaspar Borges que foi membro do Movimento das Forças Armadas Portuguesas e partícipe do 25 de Abril de 1974, um livro de edição muito curta dado à estampa em 2008, é a seguinte a síntese geográfica e humana relativa a África:

Geografia Física

A África é um extenso bloco de 30.300.000 Km2, separado da Europa pelo Estreito de Gibraltar, e da Ásia pelo Canal de Suez.

Cortado sensivelmente a meio pelo Equador, é o continente mais tropical, com faixas subtropicais nos seus extremos norte e sul.

Por consequência, não conhece climas frios, a não ser nos cumes dos altos maciços montanhosos, nas mais altas e mais interiores regiões planálticas, neste caso no decurso da estação seca, ou nas noites das regiões desérticas onde, como se sabe, ocorrem grandes amplitudes térmicas.

40% do território africano não tem rios; as terras aráveis ocupam cerca de 18%; as florestas 31,5% e, do total das terras áridas à escala mundial, 69% encontram-se em África.

O seu litoral é pouco recortado e as ilhas, à excepção de Madagáscar, são de pequena dimensão.

O terreno é predominantemente planáltico, com grandes mesetas onde se destacam alguns maciços montanhosos: o Atlas, que ocupa a região setentrional do Marrocos, Argélia e Tunísia, chegando a atingir altitudes superiores a 4.000 m, e os Montes Ahaggar e Tibesti, em pleno deserto do Saara; os maciços da Abissínia, do Uganda, Quénia e Tanzânia, na porção oriental de África, situados sobre uma fenda geológica que se estende de norte para sul, e que dá origem a uma característica bem marcante que consiste numa sucessão de planaltos e depressões acentuadas.

É nesta região que vamos encontrar os maiores lagos de África, a Região dos Grandes Lagos, num planalto que assinala o início da inclinação do relevo africano, bem como as mais altas montanhas do Continente: o Quilimanjaro, com 5.895 m, o de maior altitude, o Quénia, com 5.199 m e o Ruvenzori, com 5.109 m.

No extremo sul, a Cadeia do Cabo é uma formação antiga que culmina nos Montes Drakenberg, com 3.400 m de altitude.

Com as regiões norte e sul ocupadas na sua maior parte por desertos, o continente africano possui relativamente poucos rios e os que existem são por via de regra largos e caudalosos, alimentados pelas abundantes chuvas tropicais.

Como principais citaremos o Nilo, que nasce na Região dos Grandes Lagos e desagua no Mediterrâneo, sendo classificado como o mais largo rio do Mundo; o Senegal e o Níger, ao longo dos quais se desenvolveram brilhantes civilizações no passado; o Congo, o segundo mais caudaloso do Mundo; o Cuanza, o Cunene e o Orange, todos desaguando no Oceano Atlântico, e o Zambeze e o Limpopo, rios que desaguam no Índico.

As principais zonas climatéricas em África são a Equatorial que ocupa toda a faixa central; as Tropicais, caracterizadas pela existência de duas estações diferenciadas, a seca e a chuvosa; as Desérticas, que incluem principalmente o deserto do Saara a norte, e o Kalaari a sul e, finalmente, as Temperadas, norte e sul.

Os acidentes físicos e a morfologia dos terrenos provocam local e pontualmente alterações climatéricas, como sejam o deserto, os altos maciços montanhosos, ou as zonas planálticas, que em África atingem a considerável altitude média de 750m.

De igual modo, pelas suas características, condicionam a vida dos povos.

O deserto do Saara, que se estende do Atlântico ao Mar Vermelho, caracterizado pela existência de enormes dunas e cordilheiras que chegam a atingir os 4.000 m de altitude, constituiu-se, desde tempos imemoriais, como a grande barreira ao intercâmbio entre os povos da África Setentrional e o resto do continente.

Nesta, como nas outras regiões desérticas, não há vegetação permanente. Em alguns locais surgem plantas rasteiras após quedas fortuitas de água da chuva.

Nos locais onde afloram “lençóis freáticos”, que são lençóis de água subterrâneos, surgem oásis com palmeirais.

As savanas são formações existentes nas faixas inter-tropicais, onde ocorre uma estação seca, considerada em África como o Inverno, que impede a formação de floresta.

É caracterizada pela existência de vegetação rasteira, herbácea, intercalada com tufos de árvores de pequeno e médio porte, que na estação seca perdem muita folhagem, evitando assim a perda de humidade.

Na savana cultiva-se a mandioca, cereais como o milho, a soja e o sorgo, hortícolas, o algodão e o amendoim, recolhendo-se também resinas e gomas.

É também aqui, na savana, que vivem os animais herbívoros e carnívoros, e ainda aves de toda a espécie.

A floresta Tropical e Equatorial, são formações que existem em regiões mais baixas, compreendendo a região centro-ocidental de África.

Com um “habitat” quente e húmido, as folhas das árvores, que chegam a atingir aqui os 60 metros de altura, são largas e sempre verdes e húmidas.

Esta formação é cerrada e frondosa, constituída por inúmeras espécies que se entrelaçam, desde o chão às copas, dificultando a passagem dos raios solares.

Difícil de transpor pelos humanos, embora cada vez mais atacada com vista à extracção das madeiras preciosas que contêm, a floresta acoita uma fauna constituída especialmente por símios de grande porte, tanto mais ameaçados quanto maior é a destruição da floresta, aves de plumagem exuberante, grande número de espécies anfíbias, répteis de grande porte, e uma enorme quantidade de insectos.

Geografia Humana

Ocupando 22% do total das terras emersas, o Continente Africano conta com uma população de cerca de 800 milhões de habitantes, o que corresponde a uma densidade populacional de 26,4 Hab/Km2.

Sendo o terceiro continente em extensão territorial, a África constitui assim um espaço com uma ocupação demográfica escassa, cujas razões serão a inospitalidade de extensas regiões à ocupação humana, os elevados índices de mortalidade devidos à situação de subdesenvolvimento crónico em que vive a maior parte da sua população, e ainda o facto de África ter recebido escassas correntes migratórias.

A sua taxa de crescimento, embora a baixar, é mesmo assim cerca do dobro da taxa mundial, dados que, no seu conjunto, confirmam aspectos característicos do subdesenvolvimento: elevadas taxas de natalidade e mortalidade, nomeadamente infantil, e uma baixa esperança de vida.

Este último aspecto tem como consequência uma população maioritariamente jovem, o que se reflecte numa baixa produção e na necessidade de grandes investimentos, quer na educação dos jovens, quer na preparação do seu futuro profissional.

Embora a maioria populacional seja constituída por negros de diferentes etnias, a presença de brancos é, mesmo assim, significativa, particularmente a norte do deserto do Saara, na chamada África Branca.

Relativamente às populações negras, elas poderão dividir-se em:

  • Sudaneses, que na sua maior parte vivem na região de savana que se estende do Atlântico ao vale superior do Rio Nilo. São povos que, basicamente, se dedicam à agricultura.

  • Bantos, que habitam a metade sul do continente e que têm como principais actividades a pastorícia, a agricultura e a caça.

  • Nilóticos, habitantes da região do Alto Nilo, que se diferenciam pela sua elevada estatura. São animistas e dedicavam-se à pastorícia.

  • Pigmeus, de pequena estatura, habitantes das florestas equatoriais e tropicais da África Central, que suprem as suas necessidades básicas com a caça e a recolha de raízes.

  • Bosquímanes e Hutentotes, habitantes da região do Kalaari, que se distinguem pelas suas especiais aptidões venatórias”…

O “berço da humanidade” conhecimento contemporâneo que tem sido fortalecido através de múltiplos trabalhos, apontam para vários pontos de África como o local onde paulatinamente surgiram os primeiros “sapiens”, entre eles na África do Leste, na África do Oeste e na África do Sul, associando-os sempre ao contacto com a água interior.

Na África Austral isso terá acontecido num pântano do actual Botswana, pelo que os bosquímanes serão assim os descendentes mais directos dessas primeiras estirpes humanas!

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O deserto do Sara está a expandir-se – Estudada a evolução das fronteiras do deserto do Sara num período de 93 anos. Concluiu-se que o deserto aumentou cerca de 10% e entre as causas estão as alterações climáticas de origem humana. – Teresa Sofia Serafim – 30 de Março de 2018, 8:30 – O deserto do Sara e a região do Sahel (a sul) CENTRO DE VOO ESPACIAL GODDARD DA NASA – https://www.publico.pt/2018/03/30/ciencia/noticia/o-deserto-do-sara-esta-a-expandirse-180847

06- Em África as características físico-geográfico-ambientais da Mãe Terra foram fundamentais para, sob o ponto de vista antropológico, histórico e sociopolítico, moldar o homem conforme a uma das primeiras civilizações conhecidas, a do Egipto antigo, desde 3100 anos antes de Cristo (AC), até à chegada dos romanos e sua vitória na batalha de Alexandria, a 31 de Julho dos anos 30 AC…

O contraditório entre a água e o deserto determinou antropologicamente que o homem se procurasse sempre adaptar nesse imenso espaço longilíneo do Egisto de há milhares de anos em torno do curso do rio Nilo, o mais comprido rio do globo:

  • Ganhando vida sedentária ali onde havia água, garantindo segurança vital e excedentes de produção que levaram à acumulação de riqueza, de poder, dum comércio expansivo e de admiráveis processos e realizações culturais e sociais;
  • Ganhando capacidades de movimento com a utilização do próprio curso do rio, desenvolvendo o comércio, garantindo a segurança e a melhor mobilização colectiva humana a ponto de poder definir fronteiras no meio dum ambiente hostil;
  • Praticando a nomadização, também devido à rarefacção da população e à fermentação de têmperas guerreiras em função das condições tão adversas nas enormes massas de desertos quentes de areia, (o Sahara é o maior deserto quente do mundo), sempre com acirradas disputas pelos raros oásis no intrincado dos caminhos mais remotos de todo o norte de África.

O vale do Nilo propiciou não só a fixação humana, mas a construção duma sociedade que vivendo da agricultura ao longo do mais comprido rio da Terra, conseguiu acumular riqueza e poderio, antes da chegada do império romano, ao mesmo tempo que ganhou conhecimento sobre como lidar com o curso do rio e como se defender dos nómadas, povos dos desertos circunvizinhos a oeste, sul e leste, incluindo na Mesopotâmia!

As guerras provocadas pelas disputas no acesso à água e o poder dos faraós, com seus regimes assentes sobre uma classe de servos, dedicada à agricultura, de comerciantes e artesãos, assim como dos escravos tornados mão-de-obra barata, permitiu o florescimento duma civilização que nos assombra hoje à medida que as descobertas antropológicas vão ocorrendo e o levantamento histórico se vai conseguindo melhor detalhar, a ponto de se terem inaugurado alguns dos mais importantes museus, património de toda a humanidade!

As guerras pelo acesso e posse da água existem pois em África desde sempre e desde então e não é de admirar que esses procedimentos antigos se esbatam hoje no carácter e na disseminação da jihad islâmica, Sahara e Sahel adentro, entre o Mediterrâneo (a norte), o Nilo e o Mar Vermelho (a leste), o Níger e o Atlântico (a ocidente) e o Lago Chade, assim como os Grandes Lagos e outros rios, como o mais recente passo do Rovuma na fronteira entre Moçambique e a Tanzânia (a sul).

África, um corpo movediço do grande Sudão, um corpo esventrado pela jihad islâmica financiada pelas monarquias arábicas mais ultraconservadoras, coligadas tacitamente ao “hegemon” e ao sionismo, que pela via do braço do Pentágono, Africom, “emparceira” os mais vulneráveis e fragilizados estados, nações, povos e sociedades do planeta!

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O DESERTO DO NAMIBE TENDE A ACELERADAMENTE EXPANDIR – http://paginaglobal.blogspot.com/2018/01/o-deserto-do-namibe-tende.html

07- Também no vale do Níger a ocidente, se assistiu ao florescimento de notáveis civilizações, em datas mais recentes, mas em condições físico-geográfico-ambientais semelhantes, naturalmente com outros povos e outras tantas razões antropológicas e culturais, dada a sua localização no miolo da África do Oeste, o Sudão ocidental.

Sucederam-se os impérios do Gana, do Mali e de Songai, tendo como território central o médio Níger com cidades cosmopolitas como Tumbuctu, Gao e Djennée, ao mesmo tempo encruzilhada de rotas penetrando o Sahel, o Sahara e as savanas tropicais do sul.

Esse Sudão Ocidental, longe das rotas marítimas e bem no interior, floresceu durante oito séculos, desde o VIII ao XVI…

Hoje é palco das várias tendências da jihad islâmica, desafiando os estados e as potências neocoloniais interessadas nas imensas riquezas dessa soberba região.

Só muito mais tarde esses impérios se tornaram perceptíveis aos europeus que deambulavam pela costa ocidental africana, dada a sua tardia penetração que redundou em ocupação no final do século XIX, em consequência da Conferência de Berlim!

Do livro acima referido trago o excerto:

“O reino de Tékrour, situou-se junto ao rio Senegal, no local hoje designado por Fouta-Toro, que foi uma das regiões de contacto entre berberes e negros.

Tékrour integrava grandes cidades situadas nas margens do Senegal das quais, Sila, Tokoror e Barissa, foram as mais célebres.

Mandinga, por sua vez, ocupava territórios do norte do Senegal e do Alto Níger, sendo a sua população constituída por “bambaras” e “malinké”, povos cuja ocupação era basicamente a agricultura.

O reino de Sonrhai estendia-se ao longo do curso do Níger, mais a norte até Kourkia, a sua capital.

A sua população dedicava-se à agricultura e à pesca.

Os Mossi, agricultores instalados nos meandros do rio Níger, constituíram-se em vários reinos, dos quais os mais importantes foram os de Ouagadougou, Yatenga e Gourma.

Os Sarakollée, por sua vez, criaram entre os cursos dos rios Senegal e Níger, com a capital em Koumbi, o poderoso reino de Ouagadou, que viria a ser o primeiro grande império da África negra.

Desde o séc. III antes da era cristã que o reino sarakollée de Ouagadou estava em florescente crescimento, sendo o seu rei, designado por o “Ghana”, que significa “Senhor de Guerra”, ou também por “Kaya Maghan”, que quer dizer “Senhor do Ouro”, devido à abundância deste mineral.

Mas o ouro não representava por si só todas as potencialidades do reino.

Koumbi, a capital, era de facto um grande mercado, ponto de confluência dos mercadores árabes e berberes, que ali se encontravam com os negros.

Em Koumbi, esses mercadores procuravam o pó de ouro (já que o comércio das pepitas era proibido por ser propriedade exclusiva do “Kaya Maghan”), tecidos, sandálias, sal, escravos, pérolas e cobre.

Praticamente logo após a sua formação, Ouagadou impôs-se aos outros reinos, e de tal modo que Tékrour, Mandinga e o reino de Gao, submeteram-se-lhe de imediato, o mesmo acontecendo com os berberes de Aoudaghost, o que teve como consequência a formação dum vasto império, cuja soberania se impunha sobre uma extensão territorial que se estendia do Atlântico ao Níger.

E que tipo de estrutura social tinha este império?

Da idade da Pedra Polida à idade dos Metais, e com o aparecimento da agricultura e da pastorícia, começou a surgir uma diferenciação de tarefas entre as pessoas, o que não é mais do que o início da formação duma sociedade, entendendo-se por esta o agrupamento de pessoas reunidas em função da sua origem, usos e costumes, podendo esse agrupamento assumir a forma de um “clã”, se se trata de descendentes do mesmo ramo ancestral, ou de uma “tribo”, caso estejamos perante um conjunto de “clãs” aparentados.

No Império do Ghana distinguiam-se vários clãs e tribos, o que acontecia também nos outros reinos.

Os Sarakolé de Ouagadou constituíam-se em vários clãs. O do Imperador era o clã Cissé, havendo outros como por exemplo o Dramé, o Kanté, ou o Sylla.

Nos reinos de Tékrour, no Mandinga, e no reino de Gao, vamos encontrar a mesma organização.

Nos Malinké e Bambara, os principais clãs eram o Keita, o Kouloubali, o Traoré, o Koroma e o Kondé, havendo laços de parentesco entre um Clã e outro.

A esta divisão dos homens em clãs e tribos, correspondia, não raras vezes, à sua distribuição no trabalho.

Se os Koroma e os Kanté eram especializados no trabalho do ferro, logo formavam a casta dos ferreiros.

Outros praticavam sobretudo a pastorícia, outros eram tecelães, outros pescadores, sobretudo os que viviam nas margens do Níger.

A maior parte porém dedicava-se sobretudo à agricultura, uma das principais ocupações do homem dessa época.

O Rei do Ghana era como que um grande patriarca, chefe de todas as tribos, e também chefe militar.

Personagem sagrada, vivia uma vida faustosa e era rodeado de “notáveis”, normalmente seus familiares, além dos serviçais.

O seu palácio, construído em pedra, era rodeado pelas palhotas dos súbditos, construídas em barro e cobertas de colmo.

O poder não era transmitido de pai para filho. Ao Imperador falecido sucedia o filho mais velho da sua irmã também mais velha, uma forma segura de manter o sangue familiar na linha de sucessão. Era o regime matriarcal, que não era no entanto seguido em todos os reinos.

Em Tékrour, Mandinga e Bâmbara, o regime era o patriarcal, em que o poder era transmitido de pai para filho.

O desenvolvimento urbano era evidentemente favorecido pela intensa actividade comercial, razão porque, por todo o reino cresceram grandes cidades como Diara, no Kaniaga, Sila no Tékrour, e Nema, entre outras, que eram igualmente procuradas pelos comerciantes do norte”…

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Cientistas afirmam ter identificado o lugar exato de onde todos os humanos vieram – As informações apontavam para as grandes migrações que iniciaram entre 60 mil e 80 mil anos atrás. Naquele tempo, os humanos modernos aparentemente deixaram suas origens africanas pela Ásia. Já há cerca de 45 mil anos, eles haviam se movido para a Austrália, Indonésia e Papua Nova Guiné. 5 mil anos após isso, os grupos migraram da África para a Europa. – https://social.entrepreneur.com/s/lugar-humanos-vieram?as=6dap%7B%7Bad.id%7D%7D&utm_source=fb&utm_campaign=6dap%7B%7Bad.id%7D%7D&utm_medium=z020409&bdk=0&fbclid=IwAR0JzJxmYFgGtHhInHLRL0WLVJ_wV_i4g2RH-aHW2tamXdJcJWZ0Ai0bx2o

08- As culturas africanas e os frágeis raios de suas influências, nada têm a ver com a Conferência de Berlim e assim as fronteiras dos países são em regra artifícios históricos estabelecidos a partir de finais do século XIX…

Se isso foi um benefício para o exercício do poder das potências coloniais, é hoje um benefício para o neocolonialismo, continuando ainda que de forma aparentemente mais suave, a relativa opressão em função das premissas neoliberais, por dentro dos territórios dos fragilizados estados e em todas as “transversais” pouco consolidadas de suas sociedades em contínuo movimento…

A maior parte dos povos africanos e suas culturas, não possuem ainda uma identidade nacional consolidada, o que é agravado pelo facto de África, continuando a ser de há muito uma ultraperiferia económica do sistema global carregada de subdesenvolvimento, desequilíbrios e assimetrias, poder ser pasto de muitos tipos de divisões, rebeliões e desagregações, ou seja é hoje um pasto fértil para que o jihadismo financiado de fora do continente, seguindo os veios de água (rios e lagos interiores), encontre formas e métodos de acção, implantação e rápida expansão.

O processo cultural, conforme o exemplo da África Austral, é também similar:

  • Por um lado as migrações interiores foram empurrando os “khoisan”, os povos autóctones cuja estirpe está cientificamente indiciada como sendo próxima da origem da espécie humana (entre outras estirpes da África Oriental e Ocidental), para o interior dos desertos que mesmo em expansão, agora acelerada pelo aquecimento global, estão a ser ocupados de tal maneira pelos interesses multinacionais mineiros e outros afins (como por exemplo o ecoturismo), que o “habitat” dos bosquímanes está a ser reduzido por via duma cada vez maior compressão no Kalahari e no seu entorno;
  • Por outro, a expansão dos desertos está a invadir a norte as regiões com nascentes de água, entre elas a região central das grandes nascentes em Angola, o que provoca insuficiências de água a chegar a esse habitat das comunidades khoisan, num ciclo de degradação ambiental que se acelerou, além dos fenómenos de seca, conforme acontece por todo o sul de Angola.

Às enormes assimetrias causadas pelo colonialismo à medida que se expandiu para o interior, as rebeliões contemporâneas e o jihadismo causam ainda mais assimetrias, impulsionando os deslocados para concentrações urbanas quase sempre situadas no litoral africano e deixando enormes áreas com ocupação rarefeita, o que facilita em última análise a ocupação dos interesses ligados às multinacionais, inclusive nos seus projectos de ecoturismo, como acontece na região dos cinco países que estabeleceram o Kawango – Zambeze, Área Transfronteiriça de Conservação (Botswana, Zimbabwe, Namíbia, Zâmbia e Angola), um precioso alvo do cartel dos diamantes.

O conhecimento sobre “o berço da humanidade”, filtrado pelas potências coloniais e pelo “hegemon”, é ao sabor dum complexo de conhecimentos que de algum modo reflectem o pensamento dominante e a acção “soft power” extra continental, daí a usura que reforçam os conteúdos das ingerências e manipulçações!

6 de Setembro de 2021

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Cientistas afirmam ter identificado o lugar exato de onde todos os humanos vieram – Ao observar a região hoje, no entanto, é difícil acreditar que as origens da vida humana na Terra possam ter se desenvolvido a partir dessa área árida. O antigo pântano fica ao sul do rio Zambeze e não é nada parecido com o que era em seu passado – coberto de água. Ao invés disso, transformou-se em grandes salinas com áreas brancas do mineral brilhando ao sol. – Então, Hayes e sua equipe reiteram a origem da humanidade e identificam o local do início de tudo como um pântano no Botsuana. Hayes relata: «Sabemos há muito tempo que os humanos modernos se originaram na África por volta de 200 mil anos atrás, mas o que não sabíamos, até este estudo, era exatamente onde». – https://social.entrepreneur.com/s/lugar-humanos-vieram?as=6dap%7B%7Bad.id%7D%7D&utm_source=fb&utm_campaign=6dap%7B%7Bad.id%7D%7D&utm_medium=z020409&bdk=0&fbclid=IwAR0JzJxmYFgGtHhInHLRL0WLVJ_wV_i4g2RH-aHW2tamXdJcJWZ0Ai0bx2o.

 

A consultar:

(Publicado en Página Global, el 7 de septiembre de 2021)

 

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