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Un mar de muerte

(Imagen de portada: A morte oculta, com os aviões do AFRICOM e a NATO parte deles partindo de solo italiano, desabou em 2011 dos céus sobre Tripoli, capital da Líbia)

UM MAR DE MORTE!

Enquanto os recursos da Terra são aceleradamente esgotados (para os níveis de consumo actual seria preciso um planeta com 1,75 vezes o tamanho da Terra – https://geomorfusjr.wixsite.com/geomorfusjr/blog-1/o-dia-que-o-ser-humano-passou-do-limite), a irracionalidade humana alcançada pela via dum capitalismo rampante e insaciável, encaminha o mundo para um alienante neofascismo, como se em pleno século XXI se regressasse aos fundamentalismos da época feudal, com um poder militar e de inteligência abissal, jamais antes alcançado pelo homem! (https://cubaporlapaz.wordpress.com/2018/12/12/neofascismo-global-o-fin-del-capitalismo/).

01- À medida que os recursos da Mãe Terra vão sendo aceleradamente consumidos e esgotados, (http://ceget.blogspot.com/2009/11/la-tierra-no-aguanta-mas.html) desde o início da década de 90 do século XX que o mundo está a assistir à deriva neofascista em ascensão por dentro dos mecanismos e instrumentos de poder da hegemonia unipolar e seus sistemas de vassalagem.

Essa tendência tem sido reforçada em função das novas tecnologias, elas mesmo aceleradoras do esgotamento de recursos e ingrediente incontornável para a modelagem do carácter do poder do capital que as impulsiona…

A combinação dos esforços tecnológicos, de inteligência e militares obriga a procurar no espaço a implantação de sistemas capazes de controlar, gerir e guiar as novas armas, impondo conceitos que implicam o poder do mando sobre todas as outras ramificadas capacidades de decisão (https://www.voltairenet.org/article207044.html).

Para o império da hegemonia unipolar tudo na Terra passou a estar sob o olho clínico do Echelon!… (https://www.globalresearch.ca/echelon-today-the-evolution-of-an-nsa-black-program/5342646).

02- Quer o carácter de muitos estados, quer as organizações militares internacionais (como as dependentes do Pentágono, a NATO e as que interconectam operativamente os países do Echelon – https://techcrunch.com/2015/08/03/uncovering-echelon-the-top-secret-nsa-program-that-has-been-watching-you-your-entire-life/?renderMode=ie11), estão por essas e mais razões em deriva neofascista, implicando-se na implantação de factores de caos, terrorismo, desagregação e vulnerabilização, tendo como alvo os países que procuram outras soluções para a humanidade, como os emergentes tendo à cabeça o multilateralismo russo e chinês, assim como os países do sul, em particular os que adoptaram capacidades antropológicas, históricas e sociopolíticas de resistência face ao crescendo internacional das ameaças concentradas na hegemonia unipolar eminentemente anglo-saxónica. (http://paginaglobal.blogspot.pt/2013/07/assim-se-faz-hegemonia.html).

O movimento neofascista é de tal maneira poderoso que tende a fraccionar os BRICS (https://www.youtube.com/watch?v=j7r_6hn3pGc), arrebanhar regiões inteiras predispondo-as para a confrontação (como acontece por exemplo com os Países Bálticos, a Polónia e a Ucrânia na Europa do Leste – https://www.voltairenet.org/article207113.html), a reforçar os intestinos da NATO com correntes neofascistas no poder dos estados, ou a provocar sucessivos focos de pressão contra os recalcitrantes, ainda que estes se escudem com toda a legitimidade que os asiste na Carta da ONU… (https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/08/14/no-mas-trump/).

A morte oculta faz parte do quotidiano no calvário migratório em direcção ao norte de África

A morte oculta faz parte do quotidiano no calvário migratório em direcção ao norte de África

Uma das áreas de maior tensão geradora de neofascismo tornou-se também o Mediterrâneo, por que os fundamentalismos de que se alimenta, têm vindo a incidir nessa região de fronteira europeia com o sul, concomitantemente às pressões que têm incidido sobre o Médio Oriente Alargado e África! (https://paginaglobal.blogspot.com/2019/07/o-paralelo-do-choque-martinho-junior.html).

A morte oculta instalou-se por todo o Sahel pela via da Al Qaeda do Magrebe Islâmico

A morte oculta instalou-se por todo o Sahel pela via da Al Qaeda do Magrebe Islâmico

03- Na Itália, em consequência das agressões levadas a cabo no Médio Oriente Alargado e no Norte de África (com maior incidência na Líbia), o poder do estado tem vindo a ser paulatinamente tomado por correntes xenófobas, racistas e neofascistas, a coberto de nacionalismos exacerbados que utilizam a guerra psicológica com incidências no próprio eleitorado italiano, face ao incremento da migração de pessoas fugindo às hecatombes… (http://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=-//EP//TEXT+WQ+E-2009-2194+0+DOC+XML+V0//PT).

Essas correntes nascidas a partir dos actos de agressão que partiram de solo italiano, são um efeito sociopolítico desses mesmos actos, ainda que façam tudo para publicamente desconhecer as relações causa-efeito de seu renascimento em pleno século XXI, a partir das redes “stay behind” do século passado!

Uma das entidades que é conhecida pelas suas posições neofascistas é o Ministro do Interior Matteo Salvini, da Liga, um produto europeu dos próprios desmandos neofascistas e neocoloniais aplicados massivamente com as agressões no Médio Oriente Alargado e em África… (https://www.clarin.com/mundo/italia-endurece-rechaza-recibir-629-inmigrantes-rescatados-mediterraneo_0_SywlV-se7.html).

Matteo Salvini, a morte oculta por via da xenofobia e do racismo, enquanto ingredientes de guerra psicológica do “moderno” e instrumentalizado neofascismo europeu

Matteo Salvini, a morte oculta por via da xenofobia e do racismo, enquanto ingredientes de guerra psicológica do “moderno” e instrumentalizado neofascismo europeu

A Itália é um dos vassalos da NATO que mais implicações directas têm na logística e na manobra na direcção do Médio Oriente Alargado e de África, conforme os dados que se vão coligindo em relação ao Camp Darby (https://www.globalsecurity.org/military/facility/camp-darby.htm) e outras unidades espalhadas pela península italiana. (https://www.voltairenet.org/article203071.html).

O fenómeno das migrações trans Mediterrâneo decorre dos bárbaros conflitos que estão a provocar fluxos de milhões de seres humanos desde as agressões ao Iraque e Afeganistão por parte das administrações de turno dos Estados Unidos e da NATO, agressões essas que disseminaram caos, terrorismo, desagregação e vulnerabilização de estados, nações e povos em toda a imensa região atingida! (https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XXI).

De solo italiota partem as agressões que cruzam o Mediterrâneo para o Médio Oriente Alargado e África e, no sentido inverso, a migração dos desgraçados que fogem às guerras e à miséria a sul dirige-se prioritariamente para a Itália!

Às migrações de refugiados de guerra oriundos da Líbia, desde a agressão do AFRICOM-NATO à Líbia em 2011, (http://jornaldeangola.sapo.ao/opiniao/artigos/as_migracoes_africanas) juntam-se os refugiados de guerra, climáticos e de outros em busca de melhor situação de vida provenientes do Sahel, da África do Oeste, do Sudão, da Eritreia, da Etiópia e do Corno de África, Somália; é essa a viabilidade moderna que acaba por provocar neocolonialismo! (http://pagina–um.blogspot.com/2011/03/viabilidade-moderna-do-neo-colonialismo.html).

A morte visível no mar Mediterrâneo, o culminar de todas as outras mortes

A morte visível no mar Mediterrâneo, o culminar de todas as outras mortes

África, perante as clivagens fascistoides do império da hegemonia unipolar, está com esses circuitos de barbaridade, antecipadamente condenada à inércia e à catástrofe!… (https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/04/28/africa-da-inercia-a-catastrofe/).

A Itália, campo de manobra das agressões do império da hegemonia unipolar em direcção do Médio Oriente Alargado e África, catapultou para o “poder civil”, mais do mesmo de sua enfeudada vassalagem militar! (http://www.voltairenet.org/article193555.html).

O mar de morte da IIIª Guerra Mundial, em que se tornou o Médio Oriente Alargado e África, inundou o Mediterrâneo tornando-o num outro mar de morte, agravado pela exclusão artificiosa implementada pelas correntes neofascistas e num momento em que sobretudo África é um completo pasto neocolonial!

Luanda, 18 de Agosto de 2019.


HÁ DEZ ANOS, NO PÁGINA UM BLOGSPOT, PRODUZI ESTE BALANÇO SOBRE A SITUAÇÃO DE ÁFRICA, UM BALANÇO QUE NOS SEUS TERMOS ESSENCIAIS SOFREU ALTERAÇÃO: DEPOIS DA AGRESSÃO À LÍBIA, O NEOCOLONIALISMO EM ÁFRICA TORNOU-SEAINDA MAIS INTENSO, COM TODO O SEU CORTEJO DE DESEQUILÍBRIOS, CONFLITOS, GUERRAS, FOME E MISÉRIA!:

EM BALANÇO

Quarta-feira, Dezembro 23, 2009

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Por MARTINHO JÚNIOR



Ao fechar 2009 e quando se entra no último ano da primeira década do século XXI, a tendência é para se fazer um sério balanço do que fomos, do que somos e para onde vamos, a nível colectivo (melhor considerando, global) e a todos os outros níveis, incluindo o individual, para que cada um aprenda enquanto cidadão do mundo e antes de mais a saber respeitar a sua própria consciência e dignidade no quadro honesto das limitações em que se encontram os indivíduos, as sociedades e a própria natureza, ou seja, num acto de amor, respeito e solidariedade para com o homem e indissociavelmente para com a natureza (a Mãe Terra), sem a qual é impossível nossa própria sobrevivência.

Uma das sínteses fundamentais é a constatação do quanto obsoleta é a lógica capitalista, não só pelo cortejo secular de desigualdades, injustiças, diversões, preconceitos, tensões, conflitos e guerras, mas também pelos prejuízos acumulados por dezenas de anos de imprudência no seguimento da sua “Revolução Industrial”, que resulta na condenação à morte lenta mas certa da Mãe Terra conforme o que se tem tornado evidente em Copenhaga e em praticamente todos os outros fóruns sobre o ambiente e o clima desde Seattle há dez anos. (1)

O exacerbamento da lógica capitalista e a sua decadência ética e moral colocam todos e cada um de nós cidadãos do mundo numa encruzilhada: sabendo hoje o caminho que conduz à impraticabilidade da vida na Terra, salvaguardando o respeito que nos merecem as gerações que se nos seguirão e por isso mesmo a natureza, somos obrigados a escolher e não há outra alternativa senão optar e lutar pela paz e pela vida, mesmo que isso acarrete a contradição com aqueles “lobbies” ultra conservadores como o militarista que “sustenta” o Pentágono e todos os conflitos, tensões e principais guerras correntes. (2)

Honrar hoje a vida e dignificá-la com a consciência e a responsabilidade histórica tanto no norte quanto no sul implica mesmo nas conjunturas mais adversas saber encontrar a ponte entre o passado, o presente e o futuro e isso torna-se um imperativo para as opções de todos e de cada um. (3)

O movimento de libertação por essa via é uma emanação para toda a humanidade e mesmo que ele venha a ser esvaziado por aqueles que se deixaram contaminar pela lógica capitalista, é e será uma fonte de inspiração e uma reserva ética e moral. (4)

Em África isso é sobremodo crucial, pois pela primeira vez não vão os outros de fora do continente olhar para o saque das riquezas africanas como uma coisa lá longe, que nada diz respeito a toda a humanidade e ao planeta, evocada por intelectuais “de esquerda” e por conseguinte “radicais”: o saque das riquezas para o lucro duns quantos e sem levar em consideração os limites impostos pela natureza, começa a ser um assunto que diz tanto respeito ao sul quanto ao norte, com incalculáveis implicações no ambiente, no clima e no homem!

As elites africanas paridas da lógica capitalista apesar do que resta do movimento de libertação, têm demonstrado duma forma geral que não estão preparadas para fugir à lógica capitalista e assumir por inteiro a lógica da vida, o que ficou aliás patente em Copenhaga; isso acarreta maiores responsabilidades para aqueles que em nome da lógica da vida, se recusam a ser “representados” enquanto cidadãos do mundo fora desse quadro e não estão dispostos a “vender” princípios perante as evidências.

Isso é tanto mais grave quanto a lógica capitalista neoliberal em África tem vindo a neutralizar duma forma geral os movimentos sociais e duma forma muito específica aqueles que são alternativos.

Resta em muitos países as entidades individuais e é sobre esses homens de consciência e não de mentalidade que recai todo o peso das responsabilidades.

Esse é o quadro que tem definido Martinho Júnior em relação a si próprio, conforme toda a produção de 2009 aqui no Página Um.

Tenho procurado ser, cada vez mais crítico em relação a tudo o que nos conduz ao que se torna proibido e que advém da lógica capitalista, mesmo que isso choque com o egoísmo próprio de interesseiros, de oportunistas e de cegos ainda que com a mentalidade típica ou a arrogância dos “todo-poderosos”.

Durante a minha vida e desde que me assumi em consciência devotei-me em Angola à causa do movimento de libertação que não era nem é uma reivindicação simples, contra o colonialismo, contra o “apartheid” e pela independência dos povos deste continente.

A lógica capitalista tem vindo a esvaziar particularmente desde 1985 o sentido histórico do movimento de libertação e por dentro dum partido com as responsabilidades do MPLA aberta ou veladamente ela tem sido imposta num processo lento e corrosivo que tende a não respeitar a história e até mesmo a fazê-la contar à maneira das “novas” conveniências neoliberais…

Essa situação é feita pela via dum elitismo crescente que aliás não é apanágio de Angola, antes se estende como no início da afirmação imperialista em África, “do Cabo ao Cairo”! (5)

Houveram muitos que tendo empenhado uma parte de suas vidas no enquadramento do movimento de libertação, mesmo que tenham sofrido sacrifícios inauditos deixaram contudo de estudar, deixaram de vivenciar os compromissos originais, abandonaram a “trincheira firme da revolução em África” para se entregarem por inteiro e da forma mais insensata ao elitismo comprometedor que se nutre da lógica capitalista e acarreta compromissos no sentido do caminho proibido a que está a ser conduzida a humanidade e o planeta.

O Martinho Júnior não se tem coibido de com responsabilidade e consciência crítica assumir a posição própria da dignidade, da paz e respeitando a lógica da vida.

Em relação a muitos arrisco-me a não ser compreendido, mas julgo que esse é o tributo das vanguardas, em especial daquelas que souberam equacionar a ponte entre o passado e o presente e pretendem garantir para as gerações futuras ao menos um mundo sustentável sob os pontos de vista ambiental e humano. (6)

Tenho por exemplo sido crítico para com um homem com a dimensão de Nelson Mandela, pois em sinal de respeito para com o que foi em sua juventude e meia-idade, me parece justo assinalar o contraste no seu evidente apego a determinadas elites que tão mal se têm historicamente conduzido em relação ao continente africano, a começar para com a própria África do Sul. (7)

Será que essa posição é compreendida dentro de sua justeza e tendo em conta as referências às duas únicas alternativas possíveis?

A vida ainda não parou sobre a Terra e numa altura em que se torna inevitável optar e lutar por ela, que fazer?


Para o Martinho Júnior, em nome da vida,
“a luta continua”!


Notas:

– (1) – Dois obstáculos no caminho de Copenhaga – Riccardo Petrella – Le Monde Diplomatique – Informação Alternativa – http://infoalternativa.org/spip.php?article1444

– (2) – Página Um – Construamos uma Arca de Noé que nos salve a todos! – http://pagina-um.blogspot.com/2009/09/construamos-uma-arca-de-noe-que-nos.html ; Du – o horror que o imperialismo espalha por todo o Planeta – David Randall – Resistir Info & Global Research – http://www.resistir.info/iraque/du_faluja_p.html ; http://globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=16442 ; Pentagone’s role in global catastrophe: add climate havoc to war crimes – Sara Founders – Global Research – http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=16609

– (3) – Cobardemente no queremos tocar las causas de la destrucción del medioambiente – Discurso do Presidente Evo Morales da Bolívia em Copenhaga – http://www.bolpress.com/art.php?Cod=2009121802&PHPSESSID=edecc99e47c82ae ;

– (4) – Página Um – Evocando Neto – http://pagina-um.blogspot.com/2009/10/evocando-neto.html

– (5) – Estados Unidos – Angola: Trinta anos depois… o desembarque – I – http://pagina-um.blogspot.com/2009/06/estados-unidos-angola-trinta-anos.html ; II – http://pagina-um.blogspot.com/2009/08/estados-unidos-angola-trinta-anos.html ; III – http://pagina-um.blogspot.com/2009/12/estados-unidos-angola-trinta-anos.html

– (6) – Peace Parks Foundation – O engodo das elites para uma paz cheia de desequilíbrios – Página Um – http://pagina-um.blogspot.com/2009/11/peace-parks-foundation-o-engodo-das.html ; Cuito Cuanavale – A paz da grande solidão – Página Um – http://pagina-um.blogspot.com/2009/11/cuito-cuanavale-paz-da-grande-solidao.html ; A terceira fornada da “Peace Parks Foundation” – Página Um – http://pagina-um.blogspot.com/2009/12/terceira-fornada-da-peace-parks.html

– (7) – La Tierra no aguanta mas – CEGET Blogspot – Leonardo Boff – http://ceget.blogspot.com/2009/11/la-tierra-no-aguanta-mas.html

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