Diálogo de rupturas. Martinho Junior
DIÁLOGO DE RUPTURAS
… Ainda o feudalismo e a cobiça atrozes, dos tempos das cruzadas e dos “grandes descobrimentos”, quando no Sul Global e ética, a moral e os outros valores de resgate dos povos ansiosos de emergência se levantam!…
A emergência na América e num caminho de integração nos processos multipolares, só se pode ainda levar a cabo por via dum diálogo de rupturas, tal é a barbárie que, persistentemente, desde a chegada dos europeus ao continente, impactou seus povos autóctones suas culturas originárias, seu esplendoroso acervo natural.
A barbárie foi de tal ordem, que ao genocídio se juntou a escravatura transatlântica e o colonialismo, sempre com a avidez nas riquezas naturais envolvida nos expedientes de exploração e comercialização que foram gerando: a globalização desde o “comércio triangular” que excluiu os povos, povos europeus incluídos, dos manjares dos poderosos.
Hoje de diversas formas estala o verniz do fausto, da pompa e da circunstância na velha mentalidade feudal europeia, não só no seu relacionamento com a América (nas suas partes e no seu todo), mas também no seu relacionamento com África, com o Médio Oriente Alargado, com todo o Sul Global.
Em praticamente todos os contenciosos das texturas contemporâneas a Europa estala desde esse verniz em seus próprios contraditórios e tarda em abandonar de vez a colonização mental, apesar de suas crescentes fragilidades.
Tarda em abandonar a cristalizada mentalidade de quem durante tantos séculos ficou erecta e rígida sobre um pedestal de soberba e por isso suas oligarquias se sentem ainda tão bem sob o guarda-chuva da NATO carregada de cruzados feudais e de quinquilharias inúteis de guerra.
O diálogo de rupturas acentuou-se nestes anos 20 do século XXI e entre os sinais evidentes está, em simultâneo, o corte de relações da Federação Russa com a NATO e o crescer das autorizadas vozes que se levantam recordando os genocídios praticados na América contra os povos originários e a irracionalidade até ao absurdo que advém desde a escravatura e tráfico humano forçado de milhões de africanos, cujos descendentes têm sido votados a pressões de toda a ordem que os remetem para as periferias marginalizadas das sociedades contemporâneas e duma justa convivência internacional (conforme acontece com as pequenas nações insulares do Caribe, que de tantos escravos acumulados nas plantações de outrora, são agora depósitos de afrodescendentes).
De entre as vozes que na América se levantam no diálogo contemporâneo de rupturas, estão as dos Presidentes Lopes Obrador e Nicolas Maduro, respectivamente dos Estados Unidos Mexicanos e da Venezuela Bolivariana, em todos os casos repúblicas dum Novo Mundo, que não aquele indexado a um pré-anunciado neocolonialismo…
A restaurada (pelo fascismo franquista) monarquia espanhola perde completa legitimidade para com a América Latina, quando por via da comemoração dum alienado “Dia da Hispanidade” se torna num eco do próprio fascismo e do “diktat” do “hegemon” que com a NATO o faz gravitar e reproduzir.
Essas vozes emergentes da América, não recordam apenas, acusam e ao fazê-lo não o é pelo sentido de oportunidade, não o é por capricho, é pela vocação ética, moral, histórica e antropológica que socorre aqueles que em emergência não podem mais erigir suas próprias sociedades segundo os parâmetros coloniais injectados desde há 529 anos, muito menos quando há ainda o reforço do sopro fascista que decorre desde um “hegemon” que destrata o resto da América na continuidade da selvageria que aplicou desde o período de sua própria formação e expansão, unindo-se a tudo o que há de retrógrado nos relacionamentos internacionais.
Desde o Libertador Simon Bolivar, ao Comandante Hugo Chavez e ao Presidente Nicolas Maduro que a cultura de diálogo de rupturas dá continuidade e evidência à luta de mais de dois séculos pela liberdade, pela independência e pela soberania e hoje isso só é mais sublinhado por que tarda na Europa a descolonização mental e a humildade de reconhecer que os passos dados na América desde que as monarquias europeias lá puseram os pés, o andar colonial, está pegajoso de sangue, de genocídio e de morte por causa dum saque que hoje em hispanidade se quer perpetuar!
Das profundezas do vulcão humano da América, até o nome Colômbia haveria que renunciar e com a carta do Presidente Nicolas Maduro, Vangelis deveria abolir a apologética do seu “1492, conquista do paraíso” e definitivamente redimir-se numa ardente vocação bolivariana, talvez a denúncia de “529 anos igual”!
23 de Outubro de 2021
Recomendados:
- Maduro envía una carta al rey de España para rechazar que se celebre «el más grande genocidio» contra Indoamérica (y hace una propuesta a la Celac) – (com a imagem um de diálogos de ruptura, a carta do Presidente Nicolas Maduro) – https://actualidad.rt.com/actualidad/407161-presidente-maduro-carta-rey-espa%C3%B1a-indignacion?fbclid=IwAR1ZP2fcG1AWFDP1m3P86iCPpM6HyJgQ4FOfWUg0SA92-gM3gCMuXKcZsLs;
- Carta ao rei de Espanha, em função dos festejos em Espanha do “Dia da Hispanidade” – http://www.minci.gob.ve/wp-content/uploads/2021/10/carta-rey-de-espa%C3%B1aR.pdf;
- Vangelis – 1492, conquista do paraíso – https://www.youtube.com/watch?v=p96pdqxxu_4;
- 1492 – imagem dois de diálogos de ruptura, da capa da obra – https://www.last.fm/pt/music/Vangelis/1492:+Conquest+of+Paradise/+images/c549f26d7ed94d2fcd99ba7e8c3a5927;
- Reis de Espanha retomam tradição do Dia da Hispanidade – imagem 3 de diálogo rupturas – https://www.noticiasaominuto.com/fama/1850530/reis-de-espanha-retomam-tradicao-no-dia-da-hispanidade;
- Filipe VI celebra dia de Espanha – https://www.youtube.com/watch?v=p37r3h9j7Ek; https://www.youtube.com/watch?v=0WtTXpnl1aI.