Instrumentalización de UNITA por parte de Europa
AGENCIAMENTO DA UNITA A PARTIR DA EUROPA.
ADALBERTO TRAZ “O REGRESSO DAS CARAVELAS” E DOS “FANTASMAS DO APARTHEID”!
Algumas das instrumentalizações do “hegemon” reaproveitadas funcionalmente de forma a garantir ingerência e manipulação em Angola, tirando partido das “transversalidades” neoliberais por dentro da “democracia representativa” forjada a partir do Acordo de Bicesse, a 21 de Maio de 1991 (fez 30 anos):
- Recurso aos “ganhos” do “Le Cercle” e organizações afins, na Europa, nos Estados Unidos e na África Austral;
- Recurso aos meios de comunicação indexados ao Bilderberg, particularmente por via da Impresa – Expresso, correspondendo ao papel do delegado para Portugal, Francisco Pinto Balsemão;
- Recurso em Portugal aos “ganhos” do golpe do 25 de Novembro de 1975, com a utilização dos meios ao dispor do artifício do “arco de governação” (envolvendo franjas importantes do CDS, do PSD e do PS);
- Reaproveitamento do Exercício Alcora, adaptando-o às transformações sociopolíticas particularmente em Portugal, na África do Sul e em Angola, tirando partido da aproximação dos serviços de inteligência portugueses e sul-africanos nos contenciosos recíprocos desde a independência de Angola a 11 de Novembro de 1975;
- Recurso aos oficiais do BRINDE, “Brigadas de Defesa do Estado”, serviços de inteligência disponibilizados pela UNITA, a fim de dar corpo à ingerência e manipulação a partir da base etno-nacionalista que está inscrita desde a sua origem.
- Moldar a “democracia representativa” em Angola de acordo com seus interesses e conveniências em África, a partir do seu próprio “soft power”.
01- O agenciamento da UNITA a interesses capitalistas que estão concentrados em multinacionais historicamente apostadas em contínuas ingerências e manipulações neocoloniais em África, vem desde praticamente a forja do berço desse etno-nacionalismo angolano.
A mescla foi filtrada pelo “lobby” dos minerais que é um dos apoios do Partido Democrata nos Estados Unidos e faz parte, com o “lobby” do armamento e da energia, dos mentores do “estado profundo” protagonista da hegemonia unipolar com que se move o império desde o fim da IIª Guerra Mundial.
O colonial-fascismo português tentou sempre unir forças colectando capacidades etno-nacionalistas contra o MPLA, porque o MPLA era seu inimigo principal, uma vez que era reconhecido sustentáculo do movimento de libertação em toda a África Central e Austral na saga libertária de Argel ao Cabo da Boa Esperança.
02- Na “Operação Madeira”, uma autêntica “pedra de toque” conseguido quando o Exercício Alcora já estava em curso, esboçou-se a primeira arquitectura e o primeiro “santuário” guerrilheiro dessa “cultura” apostada na vulnerabilização de Angola (nascentes do Lungué Bungo, em Muangai, entre Cangumbe e Cassamba, sentido sudeste).
Desde aí os “santuários” foram-se sucedendo, arregimentando cada vez mais esse tipo de interesses que condicionaram o agenciamento externo da UNITA:
- Jamba, depois da independência de Angola (cujo surgimento estava intimamente associado à estratégia do “apartheid” na sua falácia de “border war” enquanto sequência do Exercício Alcora);
- Andulo no âmbito da “guerra dos diamantes de sangue”, em plena região central das grandes nascentes e colectando algumas dos mais importantes bacias de diamantes aluviais, com o apoio do regime neocolonial de Mobutu, intimamente associado a Jonas Savimbi (a ponto de lhe propiciar uma rectaguarda segura no então Zaíre, antes de sua própria queda);
- Luanda, o actual “santuário” no quadro da “democracia representativa multipartidária” de nossos dias.
03- Com o decorrer dos tempos foram os interesses colectados pelo “Le Cercle” em proveito do Exercício Alcora e no surgimento dos Parques Naturais Transfronteiriços arrolados pelo elitismo global com implantação desde Cecil John Rhodes na África do Sul, que estabeleceram as premissas do agenciamento da UNITA também na Europa e Estados Unidos (tirando proveito das linhas mais conservadoras da NATO), o que foi importante para os laços dos serviços de inteligência da UNITA sobretudo em Portugal, na Bélgica e na África do Sul.
Os ultraconservadores cristão-democratas (reconhecidos pelo Conservative Caucus integrado no Partido Republicano nos Estados Unidos, particularmente durante a direcção de Howard Phillips) têm peso na UNITA e o general Samuel Martinho Epalanga, que foi durante muitos anos chefe da BRINDE, é não só disso exporente: o actual Presidente Adalberto da Costa Júnior é duma das gerações que se seguiram à “fornada” inicial de que Epalanga era figura decisiva, depois de Jonas Savimbi!
Adalberto da Costa Júnior era o representante de Savimbi em Portugal, na Itália e… no Vaticano!
As eleições previstas para 2022 estão já a fornecer muitas pistas sobre esse agenciamento, assim como de suas “naturais tendências” e influências; o artigo do jornal Expresso cujo teor se junta, (o Expresso é um dos meios da Impresa gerida pelo delegado histórico do Bilderberg em Portugal, Francisco Pinto Balsemão, cuja trajectória foi sempre hostil ao MPLA e ao movimento de libertação em África em nome da aristocracia financeira mundial, da “ala liberal” do fascismo e dos partidos que assumiram a usurpação sociopolítica resultante do golpe do 25 de Novembro de 1975 em Portugal), é disso claro exemplo!
04- Os termos “mediáticos” da expressão desse agenciamento da UNITA e de Adalberto da Costa Fernandes, seu actual Presidente, estão a ser esmeradamente trabalhados pelo Expresso:
“O MPLA está preparado para ter Adalberto da Costa Júnior como Presidente de Angola?
A pergunta, disparada à queima-roupa pelo embaixador de um país da União Europeia (UE) em recente audiência, apanhou de surpresa Paulo Pombolo, secretário-geral do Movimento Popular pela Libertação de Angola, que governa o país desde a independência.
Também deixou em estado de alerta a sua liderança”…
O agenciamento dos serviços de inteligência da UNITA a interesses da NATO, de algumas franjas conservadoras e ultraconservadoras da União Europeia e da diplomacia inteligente à portuguesa (subordinada à filtragem do “arco de governação”) foi, claro está, imediatamente aproveitado pela Delegação da UNITA em Bruxelas!
Esse tipo de “jogos” é substantivamente demonstrado nas ideologias e práticas do cristão-democrata Jaime Nogueira Pinto (“Jogos Africanos”) que foi simultaneamente assessor de Jonas Savimbi e de Afonso Dlakhama, colocado pelo “Le Cercle”!
É praticamente impossível avaliar onde começam e onde acabam os serviços diplomáticos inteligentes europeus e onde começam e onde acabam os serviços inteligentes da UNITA condensados no BRINDE, Brigada Nacional de Defesa (onde pertenceu e pertence o seu actual Presidente).
A entrevista de Adalberto da Costa Júnior ao Expresso, a 2 de Março de 2021, serviu para esconder o BRINDE e o Presidente da UNITA; com isso, é óbvio que há interesse em “proteger-se” a si próprio e ao que ele representa no quadro da inteligência portuguesa, da Itália e sobretudo, agora que faleceu o general Eplanga, do Vaticano!
Essa “osmose” configura-se numa das maiores vulnerabilidades da “democracia representativa” angolana, que desde 31 de Maio de 1991, em Bicesse ficou à mercê da manobra neoliberal com que se tem guiado o império da hegemonia unipolar, o “hegemon” causador da barbárie dos maiores desequilíbrios humanos contemporâneos, que incluem “colectâneas” de caos, de terrorismo e de desagregação que conformam a sua IIIª Guerra Mundial não declarada contra o Sul Global!…
Adalberto traz “o regresso das caravelas” e dos “fantasmas do apartheid”!
Será este MPLA “em quarentena” capaz de dar “conta do recado”?
9 de Julho de 2021
ESTE ARTIGO DO “EXPRESSO” PROVA A INSTRUMENTALIZAÇÃO DA INGERÊNCIA E DA MANIPULAÇÃO POR PARTE DOS ARTIFÍCIOS DO “HEGEMON” PARA DENTRO DE ANGOLA:
EUROPA QUER SABER SE O MPLA VAI CEDER O PODER CASO A UNITA VENÇA ELEIÇÕES
Posted by Leybnyz | Mai 28, 2021 | NOTÍCIAS | 9 |
Casos de corrupção, diabolização do líder da oposição e desunião no partido governante enfraquecem as expectativas de democratização que alguns depositaram no Presidente João Lourenço
Fonte: EXPRESSO
“O MPLA está preparado para ter Adalberto da Costa Júnior como Presidente de Angola?” A pergunta, disparada à queima-roupa pelo embaixador de um país da União Europeia (UE) em recente audiência, apanhou de surpresa Paulo Pombolo, secretário-geral do Movimento Popular pela Libertação de Angola, que governa o país desde a independência. Também deixou em estado de alerta a sua liderança.
O recado sinaliza, de forma acintosa, o sentimento de saturação que parece ter-se apoderado do Ocidente ante um longo ciclo de governação que continua a manter Angola refém da corrupção, como atesta o escândalo de desvio de mais de dez milhões de dólares (8,2 milhões e euros), protagonizada por altas patentes de um dos centros nevrálgicos do seu próprio poder: a Casa Militar do Presidente.
“O Ocidente está farto de nós”, confessou ao Expresso um alto dirigente do MPLA. Este sentimento e a ausência de investimentos, mesmo depois de Lourenço ter feito uma abertura sem precedentes, parecem surgir associados à má governação, à pesada burocracia de instituições muito frágeis e às reiteradas práticas de corrupção, que tendem a afastar os investidores.
Luanda piscou o olho a Madrid para novos apoios em vésperas de eleições e o primeiro-ministro espanhol esteve recentemente em Luanda, mas Pedro Sánchez preferiu consultar Lisboa antes de tomar uma decisão. “Há um desgaste muito grande da governação angolana e, sendo Portugal a sua porta de entrada na Europa e conhecedor como ninguém da sua realidade, os espanhóis preferem jogar no seguro”, esclarece fonte da UE.
O Vizinho Sul-Africano
Quem se apresta a tirar partido deste desgaste é a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA). Aproveitando-se do crescendo da popularidade interna do seu líder, Costa Júnior, e do distanciamento entre Luanda e Pretória, o maior partido da posição parece preparar-se para articular uma aliança sólida com a África do Sul em caso de vitória eleitoral.
“Não morrendo de amores pelos sul-africanos, por causa da sua aproximação a Savimbi no passado, aqueles podem no futuro avançar com um pacote de apoio financeiro e empresarial em socorro de um novo Governo que lhes abra as portas do mercado angolano como nunca antes”, revelou ao Expresso fonte sul-africana.
Desvio de Milhões
Para o crescente agastamento do Ocidente quanto à governação angolana contribui mais um escândalo de desvio de fundos, que, tendo ramificações em Portugal e na Namíbia, atinge de novo a Presidência da República e envolve a participação de altos funcionários de um banco comercial. O caos, mais ou menos previsível, constitui um soco no estômago da débil credibilidade do regime e põe em causa a liderança política e moral de Lourenço no combate a corrupção.
“O antigo Presidente [José Eduardo dos Santos] levou 30 anos até começarem a fazer dele ‘gato sapato’, mas este Presidente, em menos de quatro anos, já está capturado por alguns dos seus principais colaboradores em ações que podem arruinar a sua campanha eleitoral”, afirmou ao Expresso um destacado membro da bancada parlamentar do MPLA.
O esquema — montado com recurso ao famoso “saco azul” da Presidência, que permitia a alguns dos seus altos funcionários levantarem do cofre do Bando Nacional de Angola (BNA, bando central do país) avultadas somas em moeda nacional e divisas — remonta ao tempo da governação de Eduardo dos Santos e leva mais de 20 anos.
Lourenço exonerou toda a equipa de generais e majores afeta à Casa de Segurança da Presidência e mandou instaurar um processo-crime aos suspeitos de crimes de peculato, retenção de dinheiro e associação criminosa, mas fonte dos Serviços de Investigação Criminal disse ao Expresso existirem “fortes indícios de que o chefe máximo da instituição soube do esquema e ter-lhe-á dado continuidade”. O jurista Filipe Ambrósio considera, por isso, que “o general Pedro Sebastião, enquanto responsável político da área, deixou de ter condições para continuar no cargo e, se não apresentar a demissão, deve ser imediatamente demitido pelo Presidente”.
Se a corrupção tira o sono a Lourenço, a morte de milhares de pessoas, vítimas do surto da malária e de doenças diarreicas, agravadas pela galopante espiral de desemprego e de empobrecimento da população, lança desespero entre aqueles que depositavam esperanças na sua governação. Passados quatro anos e em sentido oposto, multiplicam-se os angolanos que veem esfumar-se expectativas de mudança de paradigma governativo.
Democracia com oposição silenciada?
A adensar este desvario, a estratégia de diabolização do líder da UNITA, assente no recrutamento mercantilista de “bocas de aluguer” atribuída a círculos radicais do MPLA, começa a criar um clima de desconforto no seio da classe média e meios intelectuais deste partido. “Falta discernimento político e estratégico e, quando um partido com a dimensão do MPLA se socorre de lumpenocratas para atacar um adversário, é o fim da picada”, sublinha o professor universitário Filomeno Dias.
Círculos mais arejados do MPLA discordam, por isso, de expedientes de baixo coturno para pôr em xeque a imagem de Adalberto da Costa Júnior. A forma como a figura de Eduardo dos Santos tem sido associada a um pretenso apadrinhamento do líder do maior partido da oposição merecer a repulsa da própria UNITA.
O médico Maurílio Luiele, deputado deste partido, acusa Lourenço de ser cúmplice de “ofensa moral grave” ao antigo Presidente, que está “a ultrapassar todos os limites da ética”. Para o consultor político Walter Ferreira, “o MPLA, se quiser proteger a sua representatividade para assegurar a reeleição, tem de parar numa estação de serviço e recauchutar os pneus para ajustar as suas dinâmicas aos desafios que se aproximam”.
Ao passar a bola para o Tribunal Constitucional para avaliar a legitimidade da candidatura de Costa Júnior, o MPLA encosta a corda ao pescoço do juiz Manuel Aragão, o mesmo que deu como transparente e legal todo o processo conducente à eleição daquele político como líder da UNITA. Não podendo dar o dito pelo não dito, para o jornalista Reginaldo Silva, “o juiz Aragão é agora a torre do tabuleiro de Lourenço”.
A campanha que alguns círculos do MPLA empreendem contra Costa Júnior está a funcionar como estímulo ao fortalecimento da coesão e unidade interna da UNITA, ao mesmo tempo que acentua o divórcio com figuras da sociedade civil e capitaliza simpatias em meios políticos descontentes com a governação do MPLA.
Fonte: EXPRESSO