Angola, recesión, crisis e imperio…
ANGOLA, RECESSÃO, CRISE E IMPÉRIO…
A paz capitalista, sem vocação para a justiça social, é a bengala duma representatividade elitista que de tanto o ser, esgota o carácter da própria democracia: desaparece o mito do “socialismo democrático” de salão e o neoliberalismo desponta com todo o seu arsenal de contrassensos, inclusive com a ressaca dum amplo processo contrarrevolucionário intestino, sob a égide programática tão bem-sucedida do Bilderberg e de seus afins (“Le Cercle” e “Clube 1001”, este último dominante nas articulações do WWF)!
A RECESSÃO E A CRISE SÃO PRODUTOS DA MALHA QUE A GLOBALIZAÇÃO DO IMPÉRIO DA HEGEMONIA UNIPOLAR TECE!
01- A evolução deste “modelo” de globalização com os contraditórios entre a hegemonia unipolar e a emergência multilateral, é determinante para a recessão e a crise universal, que nas ultraperiferias económicas são assim agravadas, penalizando as nações, os estados e os povos que preenchem a cauda dos Índices de Desenvolvimento Humano. (http://www.4pt.su/pt-br/content/multipolaridade-definicao-e-diferenciacao-entre-seus-significados).
Sob o ponto de vista de África o estado deste modelo de globalização é na verdade um índice do aprofundar do subdesenvolvimento global, com todas as cargas feudais e retrógradas na superestrutura ideológica das elites e sobretudo da própria aristocracia financeira mundial, manifestada pelas práticas dos seus processos de domínio imperialista e neocolonial. (https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/04/28/africa-da-inercia-a-catastrofe/).
De facto esgotar em meio ano os recursos do planeta que só deveriam ser utilizados num ano, mantendo-se de forma cada vez mais reforçada a agenda da aristocracia financeira mundial (cada vez mais dominadora na expressão de 1% sobre o resto da humanidade), cria as condições para a vulnerabilidade cada vez maior da vida na própria “casa comum”, a Mãe Terra, ou seja para a exaustão da vida tal qual hoje a conhecemos… (https://www.dw.com/pt-br/humanidade-j%C3%A1-esgotou-os-recursos-renov%C3%A1veis-de-2019/a-49789439).
Inexoravelmente as espécies vão continuar a desaparecer num ritmo ainda mais alucinante e com elas a sustentabilidade ambiental afectando as condições de vida humana. (https://www.dn.pt/ciencia/biosfera/mundo-esta-iniciar-sexta-extincao-em-massa-e-homem-pode-desaparecer-4635190.html).
Num mundo que em nome quantas vezes da civilização, é um mundo que se tornou cada vez mais bárbaro, tudo começa a entrar em irremediável decadência e ruptura, com sinais cada vez mais evidentes em África, onde além do mais os conflitos nascem do chão das disputas, sem remissão e com as mais aleatórias alegações e justificações!… (http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/533025-capitalismo-violencia-e-decadencia-sistemica).
Em África havendo tão pouca consciência crítica sobre os fenómenos, (tanto pior sobre as dialéticas de natureza sociocultural) sobrevive-se numa mentalidade que de tão formatada pelos mecanismos e instrumentos neocoloniais estimulados pelo “soft power” do império (https://frenteantiimperialista.org/blog/2018/07/08/la-guerra-psicologica-del-imperio-de-la-hegemonia-unipolar-en-africa/), reduz-se a processos de assimilação, de consumismo e de sobrevivência que agudizam o estado de subdesenvolvimento enquanto efeito, ao invés de alguma vez poder combater as suas profundas razões causais. (https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/01/03/capitalismo-reconversao-e-continuidade-da-barbarie/).
… Em África está-se no modo do tanto pior, por razões da sobrevivência das espécies e de sobrevivência da própria espécie humana, (https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/01/07/africa-dilecto-alvo-neocolonial/) por que esse fenómeno traduz-se por um aumento da superfície dos maiores desertos quentes do globo que provoca por si um aumento de tensão sobre as áreas de espaço vital, onde a água interior em regimes tropicais é cada vez mais disputada, sem que haja as acções adequadas para garantir sustentabilidade em benefício das gerações presentes e vindouras. (https://tudoparaminhacuba.wordpress.com/2012/10/05/o-fardo-da-hegemonia/).
Dirão alguns que essa é uma visão pessimista sobre a evolução da situação, mas o que persiste com o capitalismo é um esgotar das possibilidades da própria vida inerentes ao subdesenvolvimento global que ano após ano é sinónimo também do esgotar dos recursos, algo a que os ambientalistas do norte estão em grande parte alheados, por que longe dos cenários humanos do sul e do seu significado antropológico. (http://wizi-kongo.com/historia-do-reino-do-kongo/africa-e-as-interpretacoes-sobre-o-seu-subdesenvolvimento/).
Os ambientalistas do norte são um fluido estimulado transversalmente, atravessado pelos interesses das transnacionais capazes de alterar o paradigma energético global e confinados nessa torrente!
Por isso continuam a nada dizer em relação às proporções do fenómeno do subdesenvolvimento global e às suas incidências sobre os mais frágeis seres do planeta: os seres vivos de África, os vegetais, os animais e o homem! (http://www.comciencia.br/dossies-1-72/reportagens/cidades/cid21.htm).
02- Angola está a apanhar por tabela toda essa complexidade de fenómenos produtores de subdesenvolvimento global que, de forma desencadeada resulta, na cada vez mais periclitante base da pirâmide da riqueza global, em função de cada vez mais esgotados recursos, na formatação da mentalidade da superestrutura ideológica das suas elites e de elas mesmas, cada vez mais refractárias à premente necessidade de se superarem por via da consciência crítica. (https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/05/17/una-lucha-sobre-las-brasas-i/).
As elites africanas, por tabela as elites angolanas, mentalizadas mas sem capacidade crítica, fazem surrealisticamente parte do estado de subdesenvolvimento e neocolonialismo, pois estão incapazes de poderem dar início às possibilidades das nações, dos estados e dos povos africanos poderem sair do pântano neocolonial (em regime de ultraperiferia económica) em que se encontram, indiciando por si o estado de agravamento do índice de subdesenvolvimento global, apontando para níveis insuportáveis de corrupção! (http://jornaldeangola.sapo.ao/politica/justica-arresta-contas-bancarias-de-isabel-dos-santos-e-do-marido).
A ausência de capacidade crítica tem levado Angola a um modelo inquinado de paz que é mais visível desde o 4 de Abril de 2002, quando precisamente na mesma altura, o petróleo africano, por causa do início da campanha contra o Iraque por parte do império da hegemonia unipolar, em África era tido deliberadamente como bonançoso, “petróleo para o desenvolvimento”, quando era já, pelo desencadear dos conflitos e do caos no Médio Oriente Alargado, “petróleo sinónimo de excremento do diabo”! (http://paginaglobal.blogspot.com/2017/03/revitalizar-paz.html).
Foram os conceitos do capitalismo neoliberal que conduziram esses processos de choque, de terapia e de alienação, que apanharam Angola precisamente na “nova era” que correspondia ao fim dos conflitos armados.
Naquela altura, foram “think tanks” ao nível do IASPS (Institute for Advanced Strategic & Political Studies – https://www.sourcewatch.org/index.php/Institute_for_Advanced_Strategic_%26_Political_Studies), que manipularam a ambivalência do petróleo, as duas “qualidades” geoestratégicas do petróleo, eminentemente “qualidades” de ingerência e manipulação da aristocracia financeira mundial e com toda mentira e alienação adequada (conforme às suas próprias mensagens, destinatários e alvos), algo que se prolonga até hoje em todos os continentes e com os mais diversificados cenários que dizem muito mais respeito à barbárie que alguma vez tivessem dado respeito à civilização!
Na altura o IASPS forjou o AOPIG (African Oil Policy Initiative Group – https://www.business-humanrights.org/en/african-oil-policy-initiative-group-us-house-of-representatives-subcommittee-on-africa-statement-of-chairman-ed-royce; https://www.sourcewatch.org/index.php/African_Oil_Policy_Initiative_Group; https://allafrica.com/stories/200206120501.html; https://pt.scribd.com/document/70373464/African-Oil-Policy-Initiative-Group-White-Paper), criando um engodo para a “nova era” que também Angola estava a experimentar após o final do choque de Savimbi e sua “guerra dos diamantes de sangue”.
O 31 de Maio de 1991 (http://jornaldeangola.sapo.ao/politica/bicesse-foi-a-31-de-maio-de-1991; http://www.redeangola.info/bicesse-valeu-pena-diz-durao-barroso/), confirma-o agora o triunfalista Durão Barroso, caucionou o golpe neoliberal em Angola, pondo fim à linha do Partido do Trabalho no MPLA (e à conduta marxista-leninista enunciada por António Agostinho Neto no Iº Congresso), afectou o carácter da Segurança do Estado, pôs fim às FAPLA, que haviam saído vitoriosas dos campos de batalha, fortaleceu a liderança do Presidente José Eduardo dos Santos na opção sobre o carácter do estado, introduziu o choque protagonizado servilmente pelo “freedom fighter” Savimbi (testando o comportamento do estado angolano por via da radicalização dos métodos e dos objectivos) e, por fim, levando ao esgotamento a sociedade e o povo angolano, introduziu a formatação típica da terapia neoliberal até aos nossos dias, sem remissão nem alternativa palpável a curto, ou médio prazo!
Para Angola a viragem do 31 de Maio de 1991 em Bicesse (https://paginaglobal.blogspot.com/2019/05/angola-bicesse-e-paz-que-estamos-com.html) tinha garantido assim, sub-repticiamente, a gestação da introdução do capitalismo neoliberal e o choque garantiu a seu tempo (1992-2002) e por seu turno que sob o rótulo do multipartidarismo democrático, as elites angolanas não mais pudessem escapar ao jogo dos processos dominantes que caracterizam a hegemonia unipolar, sobretudo nas esferas da superestrutura ideológica e da infraestrutura económica do próprio país, facilitando a assimilação “lusófona” com seu papel bem definido na “cadeia” da instrumentalização!
Este é um subsídio que decerto a actual direcção do MPLA terá muita dificuldade em aceitar, marginalizando-o de qualquer colóquio, mas não me venham mais com a estória alucinante do “golpe de estado sem efusão de sangue” dos oficiais da Segurança do Estado em meados da década de 80 (https://plataformacascais.com/plataformacascais/artigos/partilhado/68762-confesso-que-vivo.html), pois as decisões liberais então tomadas, que esperaram mais de três décadas para melhor se fazer a radiografia do seu significado, fortaleceu desde logo o tráfico de diamantes e tornou possível a disposição de Savimbi em partir para o choque por via da “guerra dos diamantes de sangue”, sem possibilidade de medidas de prevenção! (https://paginaglobal.blogspot.com/2018/11/em-angola-ha-20-anos-iii.html).
Tornou depois possível a tomada do sector dos diamantes, por quem deveria ter tido a incumbência de velar mais que ninguém pelos interesses do estado angolano nesse sector, ou seja, se houve “golpe de estado” foi o próprio Presidente José Eduardo dos Santos “& família” que o deu! (https://www.makaangola.org/2018/01/isabel-dos-santos-e-a-lavagem-do-dinheiro-dos-diamantes/).
Afastar os oficiais duma Segurança do Estado que primavam pelo patriotismo e o rigor, para dar no que deu, entre choque e terapia de natureza neoliberal, é um crime de mercenários contra a Pátria de Agostinho Neto e daí o eclipse da vocação socialista do estado angolano, para que Angola se tornasse numa espécie de caverna de Ali Bábá e seus 40 ladrões, em pleno século XXI, possibilitando com isso a penetração da inteligência económica de interesses em “jgos africanos”, que souberam aproveitar o êxito das “portas escancaradas” desse mesmo modo propiciadas!… (https://www.jornaldenegocios.pt/empresas/banca—financas/detalhe/ana-gomes-isabel-dos-santos-lava-que-se-farta-e-o-banco-de-portugal-nao-quer-ver).
De facto não foi saudável a concentração do poder presidencial que não quis avaliar melhor os sinais dos tempos (até por que afinal, nem sequer o carácter dos oficiais que serviam nos instrumentos do poder do estado quiseram alguma vez avaliar) e o estado angolano ficou fragilizado com a introdução dum multipartidarismo envenenado pelo neoliberalismo, algo sem recuperação por parte do MPLA até hoje, apesar dos esforços de mobilização “de massas”, com demonstrações que vão sendo visíveis por via do “barómetro” das eleições numa democracia dita representativa! (https://www.makaangola.org/2017/08/sondagem-eleitoral-mpla-fica-atras-da-oposicao/; https://www.makaangola.org/2017/08/resultados-provisorios-maioria-do-mpla-em-risco/).
A sucessão de eleições indicam que o MPLA, na medida em que se esvaziou sua linha decorrente do movimento de libertação e o miolo foi sendo tomado pelo neoliberalismo, pode estar cada vez mais em perda e pode começar a convencer cada vez menos o eleitorado, que indicia que se vai cansando da distância cada vez maior entre as “representativas” ideologias eleitoralistas e as práticas que confirmam o agravamento das injustiças sociais, das assimetrias e do abismo das desigualdades! (https://g1.globo.com/mundo/noticia/partido-no-poder-mpla-vence-eleicoes-em-angola.ghtml; https://www.dw.com/pt-002/mpla-vence-elei%C3%A7%C3%B5es-gerais-em-angola-com-6107/a-40388567).
O cúmulo dessa deriva foi a corrupção que imparavelmente se instalou, que agora se pretende combater; será mesmo possível combater a corrupção, sem tocar nas causas neoliberais profundas de sua essência?!
03- Antes do 31 de Maio de 1991, (https://noticias.sapo.ao/economia/artigos/durao-barroso-diz-que-situacao-economica-de-angola-e-um-desafio-permanente; https://www.iberlibro.com/ACORDO-PAZ-ANGOLA/30036953479/bd; https://paginaglobal.blogspot.com/2019/05/angola-bicesse-e-paz-que-estamos-com.html) Angola já tinha dado os primeiros passos nessa direcção, algo que não escapa à observação “bem informada e flexível” do neoliberal Durão Barroso, ainda que sob cobertura social-democrata dum governo do “Arco de Governação” sob os auspícios do Partido Social Democrata, PSD, (TPA, Grande Entrevista – https://www.youtube.com/watch?v=QZhMKskPBQA), conforme aliás o que manifestou também na sua intervenção no IIº Colóquio Internacional de História do MPLA (http://jornaldeangola.sapo.ao/politica/historia-do-mpla-debatida-em-coloquio-internacional; http://jornaldeangola.sapo.ao/politica/trajectoria-do-mpla-discutida-em-coloquio) e numa altura em que lutar contra a corrupção, rendendo-se ao neoliberalismo, é um contrassenso que prolongará a recessão e a crise em Angola, agravada pelo crescimento irreparável das desigualdades, das assimetrias e da injustiça social, verdadeiros indicadores do subdesenvolvimento “que estamos com ele”!
Não é por acaso que Durão Barroso sustenta que “também costumo dizer que a queda do Muro de Berlim, que aconteceu em Novembro de 1989, começou em África”, algo que tem a ver com sua “imagem de marca” em África, mas sobretudo em Angola, sobretudo com Bicesse naquele apropriado espectro de 31 de Maio de 1991… (http://jornaldeangola.sapo.ao/politica/as-relacoes-entre-ex-colonizador-e-ex-colonizados-nunca-sao-faceis; http://tpa.sapo.ao/noticias/politica/durao-barroso-destaca-papel-de-angola-na-africa-austral; http://www.angop.ao/angola/pt_pt/noticias/politica/2019/11/49/Durao-Barroso-destaca-papel-Angola-Africa-Austral,f7eacbe1-b2d0-443a-b92f-9e8389669456.html).
O muro de Berlim é cristãmente uma verdadeira obsessão para o neoliberal Durão Barroso, brilhando um pouco mais quando ele está entre seus pares!… (https://www.radioecclesia.org/mundo/europa/5244-20-anos-depois-antigos-inimigos-unidos-na-celebracao-a-queda-do-muro-de-berlim).
O neoliberal Durão Barroso tem sido apontado como o virtual sucessor do que se pode considerar “duas vezes liberal” (no fascismo e na reinventada “democracia” após o 25 de Novembro de 1975 em Portugal), Francisco Pinto Balsemão, inveterado delegado no Bilderberg e membro fundador do mesmo PSD!… (https://www.publico.pt/2018/11/09/politica/noticia/balsemao-cria-grupo-bilderberg-portuguesa-cascais-1850424; https://www.publico.pt/2015/05/27/politica/noticia/balsemao-escolhe-durao-barroso-para-lhe-suceder-em-bilderberg-1696978).
Desconhecem a maior parte dos portugueses e a esmagadora maioria dos angolanos, quanto o Bilderberg tinha já que ver com as tendências liberalizantes do colonial-fascismo português (https://www.publico.pt/2016/12/12/p3/cronica/bilderberg-abriramnos-as-portas-de-um-segredo-bem-guardado-1827106), onde os grupos Champalimaud e Mello correspondiam não só à nascente burguesia industrial portuguesa, como também eram responsáveis duma parte substancial da inteligência colonial contra a FRELIMO e o MPLA, por via do artifício que foi Jorge Jardim!
Jorge Jardim desde Moçambique e Malawi foi apontado à plataforma da linha da frente informal constituída desde 1964 na Zâmbia, no quadro da tentativa desesperada do Exercício Alcora suster a avalanche libertária que apontava a sul!
Em 1986, a entrada de Portugal e da Espanha (que com o colonial-fascismo haviam formulado o Pacto Ibérico), na Comunidade Europeia, era redundante das sensibilidades inscritas no Bilderberg! (https://www.wook.pt/livro/o-governo-bilderberg-frederico-duarte-carvalho/18954754; http://www.planeta.pt/livro/o-governo-bilderberg; https://www.lusonoticias.com/index.php/livros/509-livro-da-semana-o-governo-bilderberg).
A repescagem pelo grande camaleão de muitos dos conteúdos e “ensinamentos” do Exercício Alcora (http://www.almedina.net/catalog/product_info.php?products_id=22415) a fim de continuar a gestão dos “Jogos Africanos” (incluindo os de Jaime Nogueira Pinto – http://artoliterama.blogspot.com/2009/05/jogos-africanos-de-jaime-nogueira-pinto.html) teve sempre que ver com a “ala liberal” portuguesa e sua trilha “democrático-parlamentar”, que diligentemente atravessou os tempos desde sua gestação no colonial-fascismo, integrando o miolo dos processos elitistas e da corrente globalização da feição do império da hegemonia unipolar (por isso o quadro da “democracia representativa”), acompanhando o surgimento da burguesia financeira-industrial de então, a que ficou sempre imensamente grata!… Constate-se a própria trilha de Mário Soares, vista pelo articulista Martim Silva no “Expresso” do “Bilderberger” Francisco Pinto Balsemão, que como é lógico tanto olvida os “Contos proibidos”!… (https://expresso.pt/politica/2017-01-07-Portugal-amordacado-quando-Soares-viu-o-futuro; https://aventar.eu/2010/12/19/contos-proibidos-o-ficheiro/).
Recordo que é fundamentalmente por causa desse liberalismo-neoliberal, entre fascismo e império da hegemonia unipolar, que alguns como Fernando Pacheco do Amorim, chegaram a pôr em causa o próprio 25 de Abril de 1941 (“25 de Abril, episódio do Projecto Global” – http://macua.blogs.com/files/25abril_episodiodoprojectoglobal.pdf).
Em Portugal multiplicaram-se assim os “milagres das rosas”, quando as armas cruzavam o espaço intercontinental e ferviam as ingerências e as manipulações escondidas… as rosas foram parar às mãos dos contras, dos iranianos e há pistas desses milagres, contemporâneos dessoutro milagre sem pistas, ou com tão poucas pistas: como foram parar às mãos de Savimbi, outro dos “freedom fighters” da ocasião (https://fehrplay.com/novosti-i-obschestvo/71053-zhonash-savimbi-borec-za-svobodu-angoly.html; https://www.christianheadlines.com/articles/jonas-savimbi-rebel-warlord-or-man-of-god-1127038.html), os “stinger” (https://ips-dc.org/jonas_savimbi_washingtons_freedom_fighter_africas_terrorist/; https://www.youtube.com/watch?v=Xt2hVETc9Xs; https://www.wikiwand.com/en/FIM-92_Stinger; https://www.wikiwand.com/en/UNITA) que não podiam cair nas mãos dos carcamanos, nas mãos do “apartheid”?…
Falta ainda desvendar esse filme, mas a vinda a Angola de Durão Barroso agora mesmo em finais de 2019, foi para lavar mais branco, liberalmente branco, a democracia de preferência multipartidária e acima de tudo “representativa”! (http://ofimdademocracia.blogspot.com/).
04- O carácter do IIº Foro Internacional de História do MPLA, teve a engrossar as correntes neoliberais, a presença do ex-Presidente de Cabo Verde, Pedro Pires. (http://angop-as31.angop.ao/angola/pt_pt/noticias/politica/2019/11/49/Pedro-Pires-Angola-para-coloquio-MPLA,1271e7c2-1024-44bb-89e0-554570d0c130.html; http://www.novojornal.co.ao/politica/interior/construcao-de-verdadeiro-estado-democratico-e-de-direito-e-prioridade-do-mpla—luisa-damiao-81147.html).
Esta entidade merece essa referência precisamente nesse quadro, pois foi sob um governo de Cabo Verde sob sua presidência, que pela primeira vez as Forças Especiais da NATO, em 2006 (https://www.nato.int/multi/video/2006/060629-steadfast_jaguar/v060629e.htm; https://www.youtube.com/watch?v=_y_FbHmhftA; https://books.google.co.ao/books?id=ALaX22MxDSEC&pg=PA191&lpg=PA191&dq=steadfast+jaguar+2006+nato&source=bl&ots=XSUK6l5H-N&sig=ACfU3U2JA4TMSNQ-lk-c-LqzTxMl4TUCUw&hl=pt-PT&sa=X&ved=2ahUKEwjx0d6729XmAhXVUhUIHf35Brw4ChDoATAEegQICRAB#v=onepage&q=steadfast%20jaguar%202006%20nato&f=false), realizaram um exercício de grande envergadura fora da Europa e, na altura, preparatório para as acções que iria desencadear no Médio Oriente Alargado (inclusive o treino de organizações terroristas) e em África, com influências disseminadas até nossos dias! (https://www.globalresearch.ca/truth-revealed-mccains-moderate-rebels-in-syria-are-isis/5426535).
Sem organizações terroristas não haveria caos, o caos é em si choque neoliberal!… (https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:XePtb6f-fjwJ:https://www.sahistory.org.za/sites/default/files/archive-files/anne_norton_leo_strauss_and_the_politics_of_amerbook4me.org_.pdf+&cd=2&hl=pt-PT&ct=clnk&gl=ao; ).
Sem caos, não haveria justificação para as acções da NATO, do Pentágono e da CIA em todos os continentes!… (https://www.af.mil/News/Article-Display/Article/130574/nato-troops-exercise-at-steadfast-jaguar/; http://en.people.cn/200606/23/eng20060623_276635.html; https://www.nato.int/multi/photos/2006/m060623a.htm; https://www.voltairenet.org/article142429.html?cf_chl_jschl_tk=ec414964826294fbfe64d30a178cacdd65ae138d-1577453043-0-AbudYXUK72k5osoj1NT8rj23OXEguQ_w90E50WmWE8eHuDF1m4asEtFhVjXUX6khksgNx0QNps1h7AO_L_Pmo-3fx_qT731ykOZbAg5YqA9EJhdZIB5Jj5nVYqIbvKX5DTYxdvFXXi9ivBZS6C2AwJQUKO31oigs8r_9FeOzGIBkKYghsn5yiqAqV4kXH2YvW1wqnFYiTflprfpw_F_-t6d6ymVMnqoonjPN5dibiPndeabLqfdABafjzNL8lMRTgwFbKfGC-amp1rqXEFVXaWQ_1XEtP08pol1wc1S2dlnR).
Também não haveria justificação para a terapia neoliberal!… (https://paginaglobal.blogspot.com/2016/04/angola-sob-o-choque-e-terapia-neoliberal.html; https://www.voltairenet.org/article208599.html).
… Um círculo vicioso estimulado pelo “modelo” de globalização do império da hegemonia unipolar, em especial antes do Presidente Donald Trump na Presidência dos Estados Unidos! (https://www.mondialisation.ca/how-the-us-supports-the-islamic-state-isis-one-accidental-airdrop-vs-billions-in-covert-military-aid/5409449; https://www.voltairenet.org/article208599.html; https://www.globalresearch.ca/a-italia-na-coligacao-antiterrorismo/5695387).
Recordo o que sobre ele escrevi em 2011: (http://paginaglobal.blogspot.com/2011/11/rapidinhas-do-martinho-63.html).
“Seria relativamente admissível a Cabo Verde empenhar-se na luta contra o tráfico de droga, assim como na luta contra as migrações clandestinas, ou ainda na luta contra a pirataria nos mares e oceanos, mas não é admissível, em nome do bom entendimento com Portugal e com outras potências europeias (Holanda e Itália, por exemplo), abrigar em seu próprio território para treino e preparação, as forças especiais da NATO (a espinha dorsal do potencial de agressão daquela Organização), fosse a que pretexto fosse.
Na qualidade de Presidente de Cabo Verde, Pedro Pires acompanhou a par e passo o Exercício da NATO, Steadfast Jaguar 2006, esquecendo-se por completo dos sacrifícios impostos ao movimento de libertação em África, que experimentou o potencial das armas da NATO colocadas ao serviço de Portugal, desde então membro dessa Organização!
Entre o jovem Pedro Pires e o Presidente, é evidente que toda a nossa simpatia só pode ir para o primeiro; para o segundo e neste caso: parece que quanto mais velho, mais memória perdeu, mais oportunista se tornou e sobretudo, demonstra não ter aprendido a lição!
Não são dirigentes deste tipo que África precisa!”…
Em 2013, recordei a propósito: (http://paginaglobal.blogspot.com/2013/06/a-nato-em-cabo-verde-ou-as-sucessivas.html; http://paginaglobal.blogspot.com/2013/06/a-nato-em-cabo-verde-ou-as-sucessivas_12.html).
… “Muitos daqueles que algum dia haviam participado na saga do movimento de libertação contra o colonialismo, apesar da modernidade das organizações politicamente mais enriquecidas, acabaram também por soçobrar, desaparecendo fisicamente, escolhendo, ou sendo obrigados a escolher muitos deles os caminhos contrários aos que antes com tanta coragem haviam trilhado, numa viragem de 180º que reduz ainda mais as possibilidades de independência de muitas das jovens nações.
A lógica de Brazzaville, a lógica da segunda coluna do Che em África, a lógica da libertação e do Não Alinhamento, não teve dirigentes para lhe dar continuidade em nenhuma das ex-colónias portuguesas e depois de 1985.
No final da Guerra Fria, sensivelmente a partir de 1992, as lógicas do capitalismo globalizante impuseram-se sem alternativas, vestindo as cores geo estratégicas de cada região em que se inseriam os diversos estados libertados do colonialismo e do apartheid, mas sem remissão à mercê do neo colonialismo e de suas manipulações”…
…
… “É no espaço físico geográfico dessa sentinela que a NATO escolheu precisamente o cenário para testar a sua Força de Intervenção Rápida (NATO Reponse Force), ao nível de mais duma vintena de unidades navais (algumas delas constituídas em autênticas plataformas estratégicas) e de 7.000 homens e para isso muito contribuíram o antigo guerrilheiro Pedro Pires, (actual Presidente de Cabo Verde), o PAICV (herdeiro histórico do movimento de libertação) e dirigentes ao nível do Primeiro Ministro de Cabo Verde, expoente da nova geração de governantes das ilhas.
O Steadfast Jaguar 2006 não serviu apenas para testar a capacidade da NATO Reponse Force fora dos limites tradicionais da NATO e, pela primeira vez, num país africano: o exercício foi mais um elo na sucessão que o poder hegemónico vem dinamizando no eixo dum paralelo que vai das Caraíbas ao Afeganistão, bordejando uma estratégia de alargamento de influência das principais potências do sistema Norte-Americano – Europeu”…
É evidente que o jogo de ambiguidades ao serviço do império da hegemonia unipolar, reflectiu-se de forma inequivocamente mais amadurecida em Luanda… “diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és”!
05- A “queda do muro de Berlim em Angola” (https://www.dw.com/pt-002/o-muro-de-berlim-tamb%C3%A9m-caiu-em-%C3%A1frica/a-51153570) equivale a mandar para as urtigas a maior das preocupações de António Agostinho Neto em relação a Angola: “o mais importante é resolver os problemas do povo” (https://www.pensador.com/frase/NTgwMTQ3/), por que desde 1986 que o mais importante começou a ter que ver com o egoísmo das elites liberais angolanas até então “diplomaticamente” escondidas no ventre do Partido do Trabalho, mas que a partir do Março de 1986 em Angola, altura em que se mexeu 180º num instrumento de poder como o Ministério da Segurança do Estado, (tema “MPLA, contexto internacional e mudança do sistema político em Angola (1986-1991)”, referenciado ao de leve pelo “O País” – https://opais.co.ao/index.php/2019/12/04/coloquio-sobre-o-mpla-junta-hoje-especialistas-nacionais-e-estrangeiros/) começaram a despontar, algo que não foi estranho às mudanças rápidas que ocorreram na Embaixada de Portugal àquela época em Luanda, com um governo e uma sensibilidade PSD bem cavaquista (https://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_Social_Democrata_(Portugal)), característico do 25 de Novembro de 1975 então instalado em Lisboa e da assimilação de elites segundo a trilha “lusófona” que nem dispensa Camões (“em terra de cegos, quem tem um olho é rei”)!… (https://observador.pt/opiniao/angola-e-nossa/).
Agora que um camaleónico Bilderberg faz típicas mudanças de cor, entre rosa pálido e um laranja desmaiado, a toranja do Trópico de Capricórnio vai-se tornando, como a borboleta do rei Lobengula, apesar da recessão e da crise, ou melhor, precisamente por causa disso, mais tragável que nunca!…
Não o foi a 11 de Novembro de 1975… mas está a sê-lo a 11 de Novembro de 2019, por que até a história, à maneira de Francis Fukuyama, corre o risco de começar a ser apagada, ou borrada, pois milagres das rosas e globais conveniências se levantam e dão à costa descoberta por Diogo Cão!… (https://plataformacascais.com/plataformacascais/artigos/partilhado/79505-angola-11-de-novembro-de-2019-martinho-junior.html).
Os números e as visões quotidianas contudo fazem-nos cair na real, do que acontece quando há uma ultraperiferia económica como Angola, com tão evidentes práticas de conspiração!
Angola cai nos Índices de Desenvolvimento Humano da ONU!… (https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_pa%C3%ADses_por_%C3%8Dndice_de_Desenvolvimento_Humano; http://www.expansao.co.ao/artigo/123362/n-meros-da-onu-colocam-angola-mais-longe-da-meta-para-2025?seccao=5), pondo em causa as metas de crescimento previstas para 2025!
Para mim não é novidade, percebendo eu quotidianamente nas minhas próprias deambulações e de minha família, quanto os índices de subdesenvolvimento humano que jamais foram vencidos, muito menos agora, quando a pobreza paira com seus cortejos lúgubres no ambiente humano da própria Luanda, até na própria baixa infestada de torres de vidro apenas ocupadas pelos ratos (haverá algum acordo tácito entre os novos ricos e os ratos, quando a bolha imobiliária era mais que previsível?) e infestada por andrajosos “sonâmbulos” de todas as idades, que procuram uma vã redenção de sobrevivência!…
Depois as notícias caem em catadupa:
“Dívida pública angolana fecha 2019 em históricos 111% do PIB”! (http://www.expansao.co.ao/artigo/123407/divida-p-blica-angolana-fecha-2019-em-historicos-111-do-pib?seccao=exp_merc);
“O IVA e a desvalorização do Kz aceleram preço dos carros e afectam vendas”! (http://www.expansao.co.ao/artigo/123367/iva-e-desvalorizacao-do-kz-aceleram-preco-dos-carros-e-afectam-vendas?seccao=exp_merc);
“Crédito mais caro de sempre com taxa LUIBOR nos 27,62%”! (http://www.expansao.co.ao/artigo/123366/credito-mais-caro-de-sempre-com-taxa-luibor-nos-27-62-?seccao=exp_merc);
“Exigência de garantias às empresas trava financiamento à economia”! (http://www.expansao.co.ao/artigo/123366/credito-mais-caro-de-sempre-com-taxa-luibor-nos-27-62-?seccao=exp_merc);
“Sete províncias estão abaixo da linha que separa a pobreza, com maior incidência no sul do país”! (http://www.expansao.co.ao/artigo/123354/sete-provincias-estao-abaixo-da-linha-que-separa-a-pobreza-com-maior-incid-ncia-no-sul-do-pais?seccao=5)…
O semanário economicista “Expansão” (que coloca deliberadamente a economia como primado sobre tudo o demais, à boa maneira neoliberal e dos seus mercados e mercadores), tornou-se no último trimestre de 2019, eminentemente catastrofista, só lhe faltando honestamente mudar de título: por que não “Recessão”?!…
“Recessão” e “Recessão” sem luz alguma no fundo do túnel, é o que nos espera em 2020 e sintomaticamente aí por diante!… (http://www.expansao.co.ao/).
Terá passado despercebido ao “Expansão”, o que não passou despercebido ao “Observador” ?… (“FMI elogia reformas em Angola ao abrigo do Programa de Financiamento Alargado” – https://observador.pt/2019/04/13/fmi-elogia-reformas-em-angola-ao-abrigo-do-programa-de-financiamento-ampliado/)
Assim será enquanto definitivamente não se mudar de paradigma, de consciência crítica e de vontade em, antes de tudo o mais, enveredar pela abandonada trilha sugerida pelo movimento de libertação em África: a lógica com sentido de vida e ávida de segurança vital!