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Escarnio sobre la cuna de la humanidad. Martinho Júnior

ESCÁRNIO SOBRE O BERÇO DA HUMANIDADE!

DESDE A DESTRUIÇÃO DA JAMAIRIA LÍBIA PELO “HEGEMON” INSTRUMENTALIZANDO O COMPLEXO AFRICOM/NATO, QUE ÁFRICA SE ESVAI…

No preciso momento histórico em que dez anos depois da destruição da Jamairia Líbia os golpes de estado em alguns dos mais desesperados países africanos foram ocorrendo, a OXFAN faz saber que duplicaram as fortunas bilionárias dos dez mais ricos homens do mundo em resultado da conjugação das crises, entre elas a provocada pela pandemia!

Em África os 8 golpes e tentativa de golpes ocorreram em países que compõem a cauda dos IDH:

  • 31 de Março de 2021 – NÍGER – Depois das eleições os militares tentam derrubar o poder mas fracassaram – O Níger é o 189º país dos IDH da ONU, a ponta final da cauda; o país é interior e está situado numa das regiões mais quentes do globo;

  • 21 de Abril de 2021 – CHADE – Presidente e Comandante das Forças Armadas morre e as FA colocam filho no poder – O Chade é o 187º país, o antepenúltimo, da lista dos IDH; situa-se no interior do continente africano;

  • 24 de Maio de 2021 – MALI – Dois golpes sucessivos protagonizados por militares em 2 anos – O Mali é o 184º colocado nos IDH e também não possui acesso directo ao mar;

  • 25 de Julho de 2021 – TUNÍSIA – Presidente fecha Parlamento e promove um autogolpe – A Tunísia é o 95º país da escala dos IDH , considerando-se que possui um Índice Alto de Desenvolvimento Humano, atípico em relação ao Sahel, possui costa mediterrânica e o poder é sequência dum golpe ao sabor das “primaveras árabes”, possuindo além do mais com fronteiras com a Líbia;

  • 5 de Setembro de 2021 – GUINÉ (CONACRY) – Militares prendem o Presidente e suspendem a constituição – A Guiné situa-se no 178º posto dos IDH e possui costa atlântica;

  • 25 de Outubro de 2021 – SUDÃO – Os militares derrubam o 1º Ministro – O Sudão possui o 170ºlugar dos IDH e é um país com costa banhada pelo Mar Vermelho;

  • 23 de Janeiro de 2022 – BURKINA FASO – Os militares prendem o Presidente e fecham o Parlamento – o Burkina Faso, país interior, ocupa o 182º lugar dos IDH;

  • 1 de fevereiro de 2022 – GUINÉ (BISSAU) – Homens armados atacam prédio do governo, mas fracassam nos seus objectivos – a Guiné Bissau, que possui costa atlântica, é o 175º país dos IDH.

Duma forma geral todos esses países possuem sociedades com substractos populacionais a viver em culturas de sedentarismo, ou em culturas de nomadização, em rescaldo da distribuição da água interior no Sahara e no Sahel muito particularmente (países do interior).

Em muitos casos constata-se a marginalização de alguns grupos étnicos de tal ordem que até à jihad islâmica se torna fácil o recrutamento de membros e a mobilização intensiva das comunidades, em especial em áreas periféricas como os limites de fronteiras, onde a manobra transfronteiriça fica mais facilitada.

Os impactos nocivos que levam ao desespero são fundamentalmente de natureza antropológica (conforme acima se sintetiza), de natureza sociopolítica, de natureza económica e dos seus desdobramentos.

Entre as questões de natureza sociopolítica há que referir que a injecção da ementa das “democracias representativas multipartidárias” num ambiente de artificiosas divisões na sociedade (por exemplo a “sociedade civil” por um lado, os militares para o outro), desgasta-se dado não só o grau de subdesenvolvimento, mas também por que as elites emtensão umas com as outras, só conseguem subsistir num grau de dependência de tal ordem que o poder se torna neocolonizado, em especial “em terrenos” da FrançAfrique “pré carré”).

A isso se juntam as questões de natureza económica num enredado de situações típicas de ultraperiferia profunda sob completa dependência, de que o Níger é exemplo: a multinacional AREVA explora o urânio do país e por isso a FrançAfrique tem ali, conforme comprova a Operação Barkane, um dos seus redutos, agora também fortalecido por via do AFRICOM que instalou a principal base de drones no continente.

Aos factores endógenos juntam-se por conseguinte não só impactos nocivos de influência na construção dos estados (nestas condições e conjunturas as “democracias representativas multipartidárias” são uma completa fraude), mas também factores exógenos, entre os quais a onda expansiva das crises conjugadas que vão assolando a Europa e se reproduzem também no Mediterrâneo Sul, no Magrebe e norte de África, no Sahara e no Sahel, tais os laços neocoloniais em vigor.

Toda essa devassa, toda essa situação, é um bárbaro escárnio para todos os povos do berço da humanidade!

16 de Fevereiro de 2022


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