https://media.thecradle.co/wp-content/uploads/2022/10/Xi-Jinping-future-of-China.jpg
By
Share
Extremo OrienteImperialismo e Internacionalismo

Sol naciente para un mundo multipolar. Martinho Júnior

579 views0

SOL NASCENTE PARA UM MUNDO MULTIPOLAR

OS 100 ANOS DO PCC JÁ SÃO DECISIVOS.

O 20º CONGRESSO ESCANCAROU A PORTA DO FUTURO.

… “O tema deste Congresso é manter alta a grande bandeira do socialismo com características chinesas, implementando plenamente o Pensamento sobre o Socialismo com Características Chinesas para uma Nova Era, levando adiante o grande espírito fundador do Partido, mantendo-se confiante e construindo força, defendendo princípios fundamentais e abrindo novos caminhos, avançando com a empresa e a fortaleza, e se esforçando em unidade para construir um país socialista moderno em todos os aspectos e avançar o grande rejuvenescimento da nação chinesa em todas as frentes.

Desde sua fundação, há um século, o Partido Comunista da China fez uma jornada notável. Nosso Partido dedicou-se a alcançar a grandeza duradoura para a nação chinesa e comprometeu-se com a nobre causa de paz e desenvolvimento para a humanidade. Nossa responsabilidade é de incomensurável importância, e nossa missão é gloriosa sem comparação. É imperativo que todos nós do Partido nunca esqueçamos nossa aspiração original e missão fundadora, que sempre permaneçamos modestos, prudentes e trabalhadores, e que tenhamos coragem e capacidade de continuar nossa luta. Devemos permanecer confiantes em nossa história, exibir maior iniciativa histórica e escrever um capítulo ainda mais magnífico para o socialismo com características chinesas na nova era»…

Relatório ao 20º Congresso de Xi Jinping – https://drive.google.com/file/d/1tGegLW_OEtEJXxJbtnDndJECKA7OASYh/view

 

DO CONSENSO A UM NOVO VIGOR.

Como em todos os Congressos do Partido Comunista da China, os assuntos nacionais estão na ordem do dia, quer quanto ao balanço que se apresenta, quer quanto aos Programas a levar a cabo no futuro, que têm de ser criteriosamente fundamentados.

O 20º Congresso balanceou além do mais a capacidade de alcançar consensos num mundo em que inesperados desafios alcançaram incontornáveis prioridades e agora, numa China que deu a volta ao Covid, tempera-se a vida não só para o quinquénio que se segue, mas também em relação ao horizonte até 2049, altura em que o PCC vai perfazer 100 anos.

O peso da responsabilidade é enorme em cada Congresso, por que tudo é medido em função dos ganhos que essencialmente são lógica com sentido de vida, em benefício do povo chinês com mais de 1.400 milhões de seres humanos, em relação aos quais o próprio Partido Comunista obrigatoriamente presta contas!

Na China sempre foi equacionado o peso específico da sua população: mão-de-obra mais barata e competitiva que qualquer outro, com a garantia de um dos maiores “mercados” do globo… um fascínio para os investimentos externos, ainda que com a transferência de Know how!

Um país e dois sistemas deu para integrar tecnologias e know how, mas com um mundo em exaustão, essa relativa ambiguidade será cada vez mais posta à prova: socializar e não capitalizar vai ser cada vez mais a resposta, senão o planeta vai-se tornar irrecuperável e será o fim da espécie humana!

A República Popular da China, nesse sentido, está à prova e está à prova sobretudo o PCC!…

Entretanto, floresceu uma enorme classe média na China, mas há ainda 500 milhões de chineses a viver em áreas rurais, em relação às quais muitos resgates, que são colossais desafios, há ainda a fazer!

Nessas áreas rurais torna-se necessário comunicações com tecnologias contemporâneas ao mais baixo custo, é necessário continuar-se com a revolução cultural em toda a profundidade antropológica do termo, é necessário equacionar-se os processos produtivos em curso, por que a autonomia alimentar é imprescindível para a segurança vital de todo o povo chinês…

Os avanços da República Popular da China na produção de chips, conferem ao PCC novos motivos de luta, que constam na agenda até pelo menos 2049!

Os factores de mobilização persistem por que sem eles os avanços seriam muito mais lentos, sempre valorizando o diálogo, a busca de consensos e a criatividade, alcançando-se uma plataforma sem atritos que permite revigorar os próximos quinquénios, preenchendo os 30 anos que faltam para o PCC alcançar o século de existência ao serviço do povo chinês, um século que, de prosperidade em prosperidade, levará a China a um socialismo harmonioso e aberto à cooperação e solidariedade que está a despontar com mais visibilidade externa de há cerca de 20 anos a esta parte.

 

DA ABERTURA À MULTILATERALIDADE ÁVIDA DE PAZ.

O que foi feito com a revolução cultural e com um partido, dois sistemas, levou a que a República Popular da China absorvesse know how e tecnologias capazes de grandes saltos, interiorizando novas fórmulas de desenvolvimento que foram essencialmente equacionadas, com a toda a sensibilidade possível, para benefício do seu enorme colectivo.

Tudo isso foi feito raciocinando de forma segura e por essa razão, estando aberto o espírito e o conhecimento à recepção das capacidades que conduzem ao progresso.

Esse dado adquirido leva a RPC a abrir-se para o exterior com a responsabilidade que é inerente à sua génese e florescimento: num colectivo como o seu a cooperação tem sido essencial para se alcançarem metas sustentáveis de desenvolvimento e por isso é a cooperação, a solidariedade e a multilateralidade que prevalecem nos critérios dos seus relacionamentos externos.

As obras são visíveis por via das Iniciativas de Cinturão e Rota, as Novas Rotas da Seda, por que esse esforço que galvaniza o imenso continente asiático-europeu obriga à construção de infraestruturas integradas onde cada cultura, cada estado e cada povo, coloca a quota-parte do seu empenho, da sua iniciativa, da sua mobilização, fazendo com que a cooperação e a solidariedade ganhem projecções exponenciais.

Só um esforço amplo e abrangente dessa natureza poderia dar espaço, por exemplo, à integração dum Afeganistão pasto de décadas de caos, por que a cooperação é por si um “elan” de incalculável valor pedagógico e com vocação para um futuro construtivo conducente à paz.

Substantivar o progresso alcançado por via duma alargada cooperação e mobilização, está na base das garantias de segurança, da reciprocidade dos ganhos, e do esforço comum em alargados colectivos ávidos de futuro responsável e sadio.

É por essas razões que Pepe Escobar, o emérito jornalista-nómada que advoga e publicita as grandes causas asiáticas da multilateralidade e da paz, chama a atenção para este 20º Congresso do PCC:

“O relatório de trabalho apresentado pelo presidente Xi Jinping no início do 20º Congresso do Partido Comunista da China (PCCh) neste último domingo, em Pequim, continha não apenas um projeto de desenvolvimento para o estado-civilização chinês, mas um projeto inclusivo para todo o Sul Global.

(…)

Em poucas palavras, o plano diretor do PCCh tem duas vertentes: finalizar a modernização socialista entre 2020 e 2035; construir a China – por meio de uma modernização pacífica – como um país socialista moderno, próspero, forte, democrático, culturalmente avançado e harmonioso, até 2049, marcando o centenário da fundação da República Popular da China (RPC).

O conceito central do relatório de trabalho é a modernização pacífica  – e como alcançá-la. Como sintetizado por Xi, ele contém elementos que são comuns ao processo de modernização de todos os países, sendo, entretanto, mais marcado por características singulares do contexto chinês”…

Nunca assumindo qualquer tipo de competição (seria um caos se 1.400 milhões de seres humanos competissem afincadamente entre si não olhando a meios), a China expõe o seu próprio exemplo, mas não exige de ninguém que faça o mesmo que ela tem feito por que nutre o caudal da cooperação com os outros, respeita os outros antropologicamente, respeita as características de cada qual e a diversidade que, se for pacífica e salutarmente equacionada, acaba por ser a maior riqueza de toda a humanidade aberta à lógica com sentido de vida.

Ainda de acordo com Pepe Escobar, “coube ao porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, esclarecer para onde o BRI está indo: o BRI transcende a mentalidade ultrapassada dos jogos geopolíticos e cria um novo modelo de cooperação internacional. Não é um grupo exclusivo que exclui outros participantes, mas sim uma plataforma de cooperação aberta e inclusiva. Não é apenas um esforço solo da China, mas uma sinfonia executada por todos os países participantes”.

Por essa razão as outras iniciativas de amplidão multilateral sincronizam-se: a Organização de Cooperação de Xangai, os BRICS+, ou a União Económica da Eurásia (liderada pela Rússia), estão afins ao “espírito de Xangai”… a Organização das Nações Unidas empalidece quando o carácter de sua própria Carta escapa a si própria, tal a sede de domínio hegemónico da potência “straussiana” que dá guarida às suas instalações!

Harmonia socialista é essência para a paz e a trajectória de Cuba em África é disso exemplo, também por que Cuba em África é percussora da mudança de paradigma que nos leva a esta contemporaneidade!

O princípio socialista que é bandeira na Cuba Revolucionária enquanto farol de dignidade, “Pátria é humanidade”, tem toda a razão de ser, mais ainda quando é substantivamente aplicado numa escala sem precedentes em prol duma “modernização pacífica” para todo o Sul Global, tal como se vocaciona consistentemente a RPC eminentemente Não-Alinhada e pródiga na harmonia da vida!

O sol nascente é para China, por que um Japão ocupado pelo Pentágono depois das bombas atómicas de Hiroshima e Nagasaki que deram início à IIIª Guerra Mundial a que perdura até ao momento, corresponde ao sol do ocaso e nem os chips de Taiwan o valem!

Das guerras do ópio à guerra dos chips, a China experimentou de tudo o que diz respeito a colonialismo e neocolonialismo, pelo que os desafios que se seguem constituem uma ponta final do processo de luta pela independência e soberania e, também em função dos chips, Taiwan é parte integrante da República Popular da China!

Sigam a luta pelos chips que vão conhecer a história contemporânea da constituição de uma só China!

Círculo 4F, Martinho Júnior, 3 de Novembro de 2022.

D:\PRODUÇÕES\2022\MJ - AGO 22\CÍRCULO 4F..jpg

Imagem: À medida que a China propõe uma modernização pacífica, a mensagem oculta do relatório de trabalho é ainda mais gritante. O Sul Global está enfrentando uma escolha séria: escolher a soberania – incorporada em um mundo multipolar, modernizando-se pacificamente – ou a vassalagem total – Pepe Escobar – ‘Modernização pacífica’: a oferta da China ao Sul Global – https://thecradle.co/Article/Columns/17132

 

Algumas consultas:

Comments are closed.