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Tragedia de África: una «paz híbrida» minada por una «eterna guerra híbrida»

TRAGÉDIA DE ÁFRICA: UMA “PAZ HÍBRIDA”, MINADA POR UMA “ETERNA GUERRA HÍBRIDA”

DEZ ANOS DEPOIS DO ASSASSINATO DE KADAFI NA LÍBIA, MORRE EM COMBATE IDRIS DÉBY NO CHADE

Dez anos depois do desmantelamento da Líbia acompanhado com o assassinato de Kadafi pelo Africom/NATO, esta foi «apenas» mais uma da miríade de sequelas em cadeia, por vezes em “efeito dominó” que se foram desencadeando sem limites, nem barreiras!…

Ao longo da corrente década, muitas outras sequelas se multiplicarão, juntando-se às muitas outras que ocorreram de então para cá!

No Sahel e mais a sul (Lago Chade), quase todos os países estão em fase de desagregação, retalhados pelo exacerbamento étnico-religioso, deliberadamente aproveitado a partir de fora do continente, em estrito interesse e conveniência do “hegemon”!…

O poder dominante sabe desde o início do seu exercício em África, que as culturas nómadas paridas nos maiores desertos quentes do globo estão em milenar tensão contraditória (quantas vezes antagónica) com as culturas sedentárias das ricas regiões garantes de segurança vital e de sedentarização, conforme aliás ao exemplo “milenar” do Egipto desde os tempos dos faraós!

Por isso retalharam o continente a seu-bel-prazer na Conferência colonial de Berlim em finais do século XIX e agora, com as “guerras híbridas” dispensam qualquer conferência para continuar a retalhar numa tão louca quão surrealista trilha neocolonial, da forma quantas vezes mais sangrenta e exangue que alguma vez foi possível!

Os tentáculos das “guerras híbridas” polvilhados ou não por “revoluções coloridas” e malparadas “primaveras”, já começaram a afectar países da África Austral (RDC, Tanzânia e Moçambique), culminando todo o projecto bárbaro, “do Cairo ao Cabo”!…

… África, pântano neocolonial!… – https://frenteantiimperialista.org/africa-pantano-neocolonial/.

 

01– As “guerras sem fim” que o feudal “hegemon” tem disseminado desde a década de 90 do século passado, dos Balcãs até ao continente africano, passando pelo Médio Oriente Alargado e pela América Latina resistente ao monstro (particularmente Cuba e a Venezuela Bolivariana), vão afectando o seu próprio sistema de vassalagem, “coligação” e “parceria” pelos contraditórios internos dum “sistema” subvertido pela sua própria natureza incitadora ao ódio, ao caos, ao terrorismo e à constante desagregação!

Os desembarques nos Balcãs, no Afeganistão, no Iraque, na Síria, na Líbia, na Geórgia, na Ucrânia e em tantas outras paragens, protagonizados pelo Pentágono, pela CIA, pela NATO e por outros “assimilados” dos anglo-saxónicos (como por exemplo o sionismo), quaisquer que sejam os argumentos e as justificações trazem todos consequências mais extensas e agravadas, tornando o mundo num autêntico campo de tiro ao alvo, prolongando o “far west” que, de “livre iniciativa” em “livre iniciativa”, “sem lei” levou ao genocídio das nações autóctones da América, como ao completo desrespeito pelos mais simples parâmetros dos relacionamentos internacionais (inclusive os pressupostos pela Organização das Nações Unidas)!

Essa é a razão da existência da sobrevivência da própria NATO, salva pelo “hegemon” de “morte súbita” no final da “Guerra Fria” (que termo encobridor para a IIIª Guerra Mundial contra o Sul Global, que já perfez agora 75 anos de continuidade): acabado o Pacto de Varsóvia, foi-lhe imposta “deep inside” outro “carácter”, outra “doutrina” e outras “missões” moldando a sua essência, tornando esse monstro institucional, em suas práticas de conspiração, de facto, numa constante sinistralidade contra toda a humanidade!

Os Estados Unidos que albergaram a aristocracia financeira mundial parida na Europa, trataram de cultivar sob essa égide sorvedora de lucros e de vida, a barbaridade de sua própria existência e expansão transformada em imperialismo cultor de elitismo, exclusividade e poder hegemónico unipolar, transformada desde o início da década de 90 do século XX num bárbaro “hegemon”!

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Irresponsabilidade gritante: Hillary Clinton pregou publicamente um assassinato – Por que Clinton foi à Líbia? Para encobrir as atrocidades e exibir um rosto branco, limpo, sorridente, para esconder a morte e a destruição – https://www.pragmatismopolitico.com.br/2011/10/irresponsabilidade-gritante-hillary-clinton.html

É isso que se encontra agora mais patente que nunca, “a nu e a cru”!

Numa África de economia ultraperiférica, numa África produtora de matérias-primas cujos preços são todos eles ditados por outros, numa África poluída de mão-de-obra barata, sempre a rondar laivos de escravatura, de colonialismo e de neocolonialismo, sofrendo a devassa da ingerência e da manipulação, a morte espreita em cada migalha que cai da mesa dos opulentos e dos ricos, a morte espreita em todos e em cada um dos retalhes sangrentos a que está a ser condenada!

Nessa devassa tudo passa a “informal” e por isso a necessidade premente de sobrevivência pode-se confundir tão facilmente com “a corrupção” tão utilizada nos rótulos de propaganda e contrapropaganda das versões extracontinentais!

“A corrupção” sendo inculcada pelos parâmetros do capitalismo neoliberal que todos evitam evocar, é bastas vezes enmpolada como bandeira e pressão de propaganda pela mão neocolonial, a fim de retalhar ainda mais e com a maior profundidade possível: o “hegemon” disponibiliza versões de “direitos humanos” para que as “transversalidades” se tornem ainda mais afinadamente acutilantes, afinadamente “retalhantes”, afinadamente contundentes!

Então é-se tentado a “combater a corrupção” esquecendo-se as suas causas profundas, o capitalismo neoliberal, esse sim a combater, apanhando por tabela tudo o que for seu “produto”, incluindo a corrupção, que é quantas vezes derivado das situações das informalidades sociais e culturais instaladas, derivadas dos desequilíbrios instalados mais do que das informalidades económicas propriamente ditas!

Em África, nessa via e por essas razões, as possibilidades de paz são palúdicas, são anémicas, estão embrionariamente exaustas e exangues por se alhearem inexoravelmente e cada vez mais da vida, pois face à profusão da disseminação de “guerras híbridas” a única janela de civilização é a duma “paz híbrida” capaz de se evaporar como éter!

Em África afinal, que imensa barbaridade, cada vez mais a vida só é possível numa versão “híbrida” e sintomaticamente exaustiva em função da morte antecipada que espreita em todas as esquinas!

 

02– A morte em combate do Presidente Idris Déby, Comandante-em-Chefe das Froças Armadas africanas mais fortes do Sahel, inscreve-se como um expoente dessa trilha e tem que ver com o Chade, um país-chave, geoestratégico, entre o Magrebe e a África Central, entre a África do Oeste e o “corno de África”, onde as tensões entre culturas nómadas (a norte) e culturas sedentárias (a sul) são de tal modo enfáticas que no norte predomina a religião muçulmana e a sul o cristianismo, reflectindo-se desde a independência em cinco sucessivos conflitos de relativamente longa duração, incluindo o presente que é o quinto!

Nos planos da Nova Rota da Seda para África, a China leva em consideração a posição físico-geográfica do Chade, entre o Golfo da Guiné (portos dos Camarões, Douala e Kribi) e o Mar Vermelho (Porto Sudão) e mantém a espectativa de um dia começá-la a activar, algo decisivo para o atenuar de tensões culturais (nómadas versus sedentários), religiosas (muçulmanos versus cristãos), económicas e sociais (litoral versus interior).

Isso é algo de extraordinário, pois é na região sul, sedentária e predominantemente cristã, onde se encontram as bacias de petróleo do Chade, o petróleo que pode ser exportado não só via Atlântico, como também pelo Mar Vermelho, eminentemente muçulmano (articulando com as Novas Rotas da Seda marítimas da China)!

O Presidente Idris Déby foi simultaneamente um dos marcos mais longevos da FrançAfrique e uma vítima das fragilidades a que a própria FrançAfrique passou a estar exposta desde o trágico holocausto do Ruanda (em 1994 a Operação Turquoise foi sinónimo duma autêntica impotência face ao “hegemon” nos Grandes Lagos) e sobretudo desde (ironia da história), a destruição da Líbia há 10 anos, levada a cabo com a activa participação da França integrada na NATO e também, com um grande pegada, no Africom!

Como a instabilidade no Chade é crónica, as suas Forças Armadas num país tão sujeito à fragilização, são uma referência interna e internacional bastante temperada, pelo que a instituição militar acaba por ser a maior referência do país, o que tem sido também importante para a subsistência da FrançAfrique naquela região, até por que influenciou na busca duma relativa estabilização nos conflitos em países circunvizinhos (Sudão-Darfur a leste, República Centro Africana a sul, na região do Lago Chade contra o Boko Haram que afecta além do mais o Níger, os Camarões e a Nigéria, por fim o Mali a oeste, atravessando todo o vasto território do Níger).

A saga do Chade foi assim bem compreendida em Angola, interessada na estabilidade da RDC e em volta dela, do Golfo da Guiné, assim como de toda a África Central, (República Centro Africana e Grandes Lagos incluídos), pelo que a aproximação foi inevitável, numa altura em que a Nigéria indicia estar tão desgastada que pode derivar para a implosão e o retalhe!

A Operação Barkane (em curso desde 15 de Julho de 2014, substituindo a Operação Serval) da Mauritânia ao Chade, mas pondo de lado o Sudão, (passando pelo Mali, pelo Burkina Faso e pelo Níger, compondo os 5 do Sahel), é por si e face a tantos contraditórios tácitos, também cada vez mais impotente, limitando-se cada vez mais a defender vulneráveis “ilhas”, meio perdidas no mar de areia dos maiores desertos e savanas quentes do globo, “ilhas” de onde partem em raids de intervenção suportados pelas novas tecnologias ao serviço da inteligência e dos militares!

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Novas medidas de combate ao terrorismo no Sahel não empolgam especialistas – França e nações do G5 Sahel anunciaram medidas para reforçar a luta contra o terrorismo na região, mas analistas duvidam que as iniciativas sejam suficientes para mudar a grave situação na região. – https://www.dw.com/pt-002/novas-medidas-de-combate-ao-terrorismo-no-sahel-n%C3%A3o-empolgam-especialistas/a-51993462

A “ilha” de Bamako, a “ilha” de Niamey, ou a “ilha” de Djamena, capitais respectivamente do Mali, do Níger e do Chade, são disso exemplos em países retalhados e apodrecidos, sintomas de exaustão próprios da cauda dos sucessivos Relatórios Anuais da ONU sobre os Índices de Desenvolvimento Humano!

A cidade de Djamena é a capital mais próxima até da área afectada pelo Boko Haram em torno do Lago Chade (Djamena fica a sudeste) e por isso o Presidente Idris Déby enfrentava o terrorismo a noroeste de Djamena e, a norte, (desde a fronteira com a Líbia e incubado em Bengasi), a “jovem” invasão rebelde do “Front pour l’Alternance et la Concorde au Tchad”, “ipsis verbis” FACT, decorrente da destruição e retalhe da Líbia, de há dez anos a esta parte!…

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War in the Tibesti Mountains – Libyan-Based Rebels Return to Chad – EXCERTO: The Khalid ibn al-Walid Brigade (aka the 104th Brigade), a mostly Tubu unit under the command of Yusuf Hussein Salah, has suffered recent losses fighting the Chadians; four fighters were killed in a clash on October 14, while a further six fighters who had been abducted were found dead four days later (Libya Observer, October 18, 2018; Libya Herald, October 15, 2018). In late October, the brigade was forced to abandon a siege of Chadian militant groups at a Chinese-built factory in the Fezzan’s Umm al-Aranib district, conceding that without further support from the LNA, the brigade was outmatched by the Chadians’ superior manpower and weaponry (Libya Observer, October 28, 2018).  Qatar, a supporter of anti-Khalifa Haftar militias in Libya, has been accused of helping to finance the CCMSR (RFI, August 14, 2018). – https://www.aberfoylesecurity.com/?p=4308

É também a maior cidade no sul do Chade, mais povoado e mais sedentário, que o FACT, formado por originários do Tibesti, (a norte, onde as culturas são nómadas e a religião é muçulmana), colocaram desde logo como alvo das suas incursões, reabrindo uma frente que já teve antecedentes que aumentaram agora as ameaças ao Chade, além da protagonizada pelo Boko Haram e das conjunturas em todos os vizinhos que cercam o país!…

 

03– As “coligações” forjadas no Médio Oriente Alargado, que além das monarquias arábicas incluem, ainda que a seu modo (“modelo” de “irmandade islâmica”) a Turquia sob liderança do Presidente Erdogan, financiam e catapultam as redes sunitas/wahabitas que se tornaram tacitamente indispensáveis à propagação do caos, do terrorismo e da desagregação da feudal “guerra sem fim”, a que também se expõe o “modelo” FrançAfrique.

O Boko Haram afecta três estados produtores de petróleo e gás e um outro produtor de urânio e isso é sintomático enquanto denúncia sobre quem financia a jihad e a integra tacitamente nos seus tentáculos subversivos de domínio, pendendo sobre o poder da própria FrançAfrique!

Qatar, bem no centro da margem sul Golfo Pérsico, financia caos, terrorismo, desagregação, neonazismo e neofascismo, contribuindo para levar o espectro da “guerra sem fim” do Médio Oriente Alargado até à Ucrânia e África adentro (implicada no financiamento do grupo rebelde FACT desde o cadinho da Líbia!

As revitalizadas “redes stay behind” na Europa do leste, aproveitando o desmantelamento do Pacto de Varsóvia e a ascensão de correntes neonazis e neofascistas, aproximam-se do jihadismo fundamentalista obedientes aos processos do domínio “hegemon” conforme os sinais que vão chegando dos encontros entre a Ucrânia, a Turquia e o Qatar!

Tudo isso acaba por fluir para África pois à medida que noutras paragens as resistências vão amadurecendo e ganhando espaço a ferro e fogo, é no continente da ultraperiferia, o continente mais vulnerável e fragilizado desde há séculos, que encontram “terreno fértil” as suas articulações que garantem continuidade à histórica rapina mesclada de assalto à mão armada e pirataria!…

 

04– Tirando partido de sua própria experiência histórica, Angola tem procurado fora do âmbito Africom/NATO e pela via duma diplomacia feita de constantes contactos regionais e internacionais, africanizar condutas de diálogo e de paz, independentemente das “nuances” históricas e antropológicas da formação dos estados, da trajectória dos seus líderes, ou do carácter ideológico das instituições e entidades de cada projecto, de cada nação e de cada povo.

Esse esforço resoluto tem sido feito ainda que sua própria “democracia representativa” tenha sido alvo, desde a sua nascença e concepção, de sucessivas doses de subversão, aviltamento, ingerência e manipulação que se podem sintetizar no “choque neoliberal” (“guerra dos diamantes de sangue” ocorrida em função do malparado Acordo de Bicesse de 31 de Maio de 1991, que só acabou a 4 de Abril de 2002 com o Encontro do Luena) seguida das “terapias” que resultam das portas tão levianamente escancaradas de África, algo que se herdou e se esbate até nossos dias!

Esses esforços, apesar de tudo, procuraram fazer-se sentir duma forma ou de outra até à África do Oeste, até ao Sahel, até à África Central, Golfo da Guiné e Grandes Lagos, sem renegar princípios respeitadores da luta armada de libertação contra o colonialismo, como nos casos do Sahara, ou da Palestina!

Sendo uma “transversal” que afinal se junta (e corre o risco de se mesclar) a tantas outras malparadas “transversais” impostas a partir do exterior de África e colectando tensões que vêm detrás, a experiência angolana chegou também ao Chade pela via dos enlaces ao Mais Alto Nível tidos com o Presidente Idris Déby, inclusive na tentativa de haver uma maior compreensão dos fenómenos humanos que são receptáculo dos impactos do jihadismo contemporâneo!

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CONDOLÊNCIAS AO POVO DO TCHAD – «Tenho o doloroso dever de vos apresentar, em nome do Executivo angolano e no meu próprio, as nossas mais sentidas condolências pela morte de Sua Excelência Idriss Déby Itno, Presidente da República do Tchad, ocorrida hoje. Fomos surpreendidos por este acontecimento, que retira de forma trágica do nosso convívio, uma personalidade de grande estatura política, que soube assumir posições de liderança firme como Chefe de Estado, nos processos complexos que se desenrolam na Região do Sahel e na África Central. Perdeu-se um estadista africano empenhado na construção de uma África forte, coesa, independente e voltada para o desenvolvimento e progresso social dos seus povos. Peço a Vossa Excelência que estenda os meus sentimentos de pesar à família enlutada e às pessoas mais chegadas do malogrado. Queira aceitar, Excelência, a expressão dos meus sentimentos de solidariedade nesta hora de dor e luto para a Vossa nação. João Manuel Gonçalves Lourenço, Presidente da República de Angola» – https://www.facebook.com/PresidedaRepublica

Esses enlaces, tal como acontece com aqueles que se têm propiciado com o Presidente do Congo Dénis Sassou NGuessou, buscam além do mais a experiência de Presidentes mais longevos nos seus respectivos postos, algo que é tradicionalmente importante em África!

O Presidente Idris Déby conhecia os contraditórios do Sahel e as tensões entre as culturas próprias da nomadização (a norte) face às culturas mais sedentárias (a sul), acabando por morrer em combate em função duma incursão do FACT originário do norte e lançado a partir da Líbia!

Tudo isso se inscreve no que o “hegemon” se propõe contra o interesse dos povos africanos: o Presidente Idris Déby havia ousado negociar com a China uma Nova Rota da Seda ao nível de um dos mais importantes estados africanos “encravados”, que começaria por fazer sair para o mar na direcção de Porto Sudão e pelo Mar Vermelho, (além da saída atlântica nos Camarões, Douala e Kribi), o petróleo do sul do Chade!

A “onda” com carga tão negativa da “guerra sem fim”, se é uma “transversal” que vai dilacerando até a poderosa FrançAfrique, é um obstáculo enorme para os esforços que Angola e os que procuram com ela emparceirar iniciativas, têm levado por diante e, nesse sentido a perda em combate do Presidente do Chade é um sintomático revés que não se deve confundir com os reveses da neocolonial FrançAfrique, os únicos que são espelhados pela “presstitude” europeia!

África está nesse elevado grau de poluição e falta-lhe oxigénio para fazer sobreviver até a “paz híbrida”!…

 

05– A destruição da Líbia pelo Africom/NATO no ano de 2011, com o assassinato de Kadafi ocorrida há 10 anos, foi decisiva para a instalação da “guerra híbrida” tisnada de bárbaros acontecimentos que infestam África, sobretudo no Sahel, no Sudão, no Lago Chade, no “corno de África”, na RDC, na Tanzânia e em Moçambique (ainda em diminuta intensidade), resultando também na perda em combate do Presidente Idris Déby!

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Kadafi teria sido sexualmente abusado momentos antes de ser assassinado – O primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, se disse “enojado” com as imagens de Khadafi divulgadas – https://www.pragmatismopolitico.com.br/2011/10/kadafi-teria-sido-sexualmente-abusado.html

A situação da “paz híbrida” que o “hegemon” impôs desse modo a África com todos os recursos a que deitou mão (ainda que por vezes espevitando “endógenos” contraditórios por via de vassalagens, “coligações” e “emparceiramentos”), é ao-fim-e-ao-cabo, do-mal-o-menos, pois não evita a derrapagem neocolonial de todo o continente (nem a África do Sul escapa)!

É feita dessa substância a aproximação entre Angola e o Chade, a aproximação entre dois estados cujos povos se encontram tão barbaramente atirados para a cauda dos Índices de Desenvolvimento Humano, segundo os relatórios da ONU, dado o respeito que a saga africana, sem interferências externas que levem à “guerra sem fim”, deve de todos merecer, até por que a trajectória do carácter do poder em Angola, dadas as conjunturas em que esse poder se teve de envolver, sintoniza com a trajectória do carácter do poder no Chade!

Angola conseguiu desafogar e sair dessa cauda dos IDH e o Chade será um dos primeiros estados que no Sahel o vai poder fazer!

É claro que os do domínio hegemónico vão argumentar com o espantalho de sua dilecta propaganda e contrapropaganda contra a “malvada” China e a Rússia “que nunca teve emenda”… anglo-saxónicos “uber alles”!…

Assim África está ao nível do que mais têm cultivado: um contínuo “far west” disseminado por todos os recantos do Sul Global, a essência da IIIª Guerra Mundial genocidária!

África encontra-se irremediavelmente, em pleno século XXI e por imposição do que chega de fora “promovido” pelo “hegemon”, no “olho do furacão” duma feudal barbárie!

Luanda, 24 de Abril de 2021.


Algumas consultas recomendadas:

. Por que o Império de Caos está paralisado? – https://resistir.info/p_escobar/paralisado_21abr21.html?fbclid=IwAR15afYf4soak5TeYub7HLqNuj3v43-c-aLS0uzgFXEoPJrrAxtg8-toaFE;

. Hybrid War Can Wreak Havoc Across West Africa (II) – https://orientalreview.org/2017/03/24/hybrid-war-can-wreak-havoc-across-west-africa-ii/;

. War in the Tibesti Mountains – Libyan-Based Rebels Return to Chad – https://www.aberfoylesecurity.com/?p=4308;

. FACT: qui sont les rebelles tchadiens et que veulent-ils? – https://www.bbc.com/afrique/region-56833762;

. Le Nord-ouest du Tchad : la prochaine zone à haut risque? – https://www.crisisgroup.org/fr/africa/central-africa/chad/chad-s-north-west-next-high-risk-area;

. Novas medidas de combate ao terrorismo no Sahel não empolgam especialistas – https://www.dw.com/pt-002/novas-medidas-de-combate-ao-terrorismo-no-sahel-n%C3%A3o-empolgam-especialistas/a-51993462;

. FACT – https://en.wikipedia.org/wiki/Front_for_Change_and_Concord_in_Chad;

. Operation Barkhane – https://en.wikipedia.org/wiki/Operation_Barkhane; https://www.youtube.com/watch?v=Gmkbcjzn0Ow; https://information.tv5monde.com/video/mali-l-operation-barkhane-arrive-t-elle-ses-limites; https://www.francetvinfo.fr/monde/terrorisme-djihadistes/operation-barkhane/;

. Os aliados terão de morrer por Kiev? | Thierry Meyssan – https://dossiersul.com.br/os-aliados-terao-de-morrer-por-kiev-thierry-meyssan/;

. Le Qatar et l’Ukraine viennent de fournir des Pechora-2D à Daesh – https://www.voltairenet.org/article189368.html;

. Ucrânia, a bomba USA na Europa – https://www.voltairenet.org/article189368.html;

. Indústria de petróleo no Chade – https://pt.qaz.wiki/wiki/Petroleum_industry_in_Chad;

. Relações Chade-(Sudão)-China – https://pt.qaz.wiki/wiki/Chad%E2%80%93China_relations;

. Cinturón de caos en el paralelo del Sahel – https://frenteantiimperialista.org/blog/2020/10/06/cinturon-de-caos-en-el-paralelo-del-sahel/

. El colector turco: expansión, emergencia, petróleo y gas – https://frenteantiimperialista.org/blog/2020/11/24/el-colector-turco-expansion-emergencia-petroleo-y-gas/;

. Siglos de plomo – https://frenteantiimperialista.org/blog/2020/12/04/siglos-de-plomo/;

. Con Obama III, del que viene el «hegemón» – https://frenteantiimperialista.org/con-obama-iii-del-que-viene-el-hegemon/;

. O PETRÓLEO E AS OUTRAS RIQUEZAS MINERAIS INCITAM AS DISPUTAS http://paginaglobal.blogspot.com/2012/04/mali-o-petroleo-e-as-outras-riquezas.html;

. O RIO NÍGER E A DICOTOMIA MALI/AZAWAD – I http://paginaglobal.blogspot.com/2012/04/o-rio-niger-e-dicotomia-mali-azawad-i.html;

. Opção pelo inferno – http://pagina–um.blogspot.com/2011/03/opcao-pelo-inferno.html;

. UMA LÍBIA ESMAGADA, EM NOME DA DEMOCRACIA – http://pagina–um.blogspot.com/2011/03/uma-libia-esmagada-em-nome-da.html;

. INEVITABILIDADES – https://pagina–um.blogspot.com/2011/04/inevitabilidades.html

 

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