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Limpiar la barbarie. Martinho Junior

BALDEAR A BARBÁRIE!

UMA VISÃO DESDE A PROFUNDIDADE DO SUL GLOBAL.

Neste início de 2022 está-se a assistir ao momento de “BALDEAR A BARBÁRIE”, conforme essa barbárie foi fundamentada pela aristocracia anglo-saxónica desde o início da revolução industrial, numa manobra misto de elitismo e de exclusivismo feudal, próprios das práticas que marcavam em pleno feudalismo os suseranos ante seus vassalos!

O “hegemon” já não está mais em condições de cultivar os processos de domínio elitista, exclusivista e feudal, na tentativa de dominar num “completo espectro global”, algo que se está a degenerar paulatinamente se seguirmos os indicadores do poder imperial unipolar, mesmo que a doutrina Biden conjugada com o programa da Rand Corporation, o “think tank” do complexo energético-militar, esteja na ordem do dia.

Incapaz de atacar a emergente vontade emanada pelo multilateralismo que inevitavelmente se está a construir na EurÁsia partindo da aliança entre a Federação Russa e a República Popular da China, os demónios do “hegemon” procuram dividi-lo, ou fraccioná-lo desde logo nas suas periferias!

A crença na possibilidade de divisão anima agora o “hegemon” ao privilegiar as provocações em curso contra a Federação Russa, que estima ser o elo mais fraco do primeiro escalão da emergência multilateral, enquanto preparam a tentativa dum bloqueio naval sistematizado conforme à criação da AUKUS contra a RPC, impossível de neste momento alcançar por insuficiência de tecnologias, forças, de meios, em cada vez mais grave exaustão financeira!

De facto assiste-se à “batalha pelo coração” da Europa que do ponto de vista multipolar significa resgatar da barbárie o ocidente duma EurÁsia exausta de suas experiências na Iº e IIª Guerras Mundiais, assim como dos exercícios coloniais e neocoloniais desde a rotulada “Guerra Fria” (que rótulo mais conspirativamente absurdo)!

Essa guerra do absurdo foi travada num período que deu corpo à primeira fase da IIIª Guerra Mundial não declarada contra o Sul Global (de 1945 a 1991), a que se seguiu a do período contemporâneo, agora voltando-se em terceira fase contra a emergência (segunda fase intermédia de 1991 a 2001 e terceira fase de 2001 até nossos dias)!

As “armas” da emergência multipolar são, em função do exponencial crescimento industrial da RPC, as obras em infraestrutura e estrutura, o transvase do comércio integrador e multicultural, a melhoria das vias de comunicação aérea, rodoviária, ferroviária e marítima, a conjugação de esforços vidando lutar contra o subdesenvolvimento em salvaguarda da vida, a descolonização mental de toda a humanidade, o maior respeito para com a Mãe Terra em vias de se esgotarem seus recursos sem possibilidade de regenerescência, o que inclui a segurança vital em relação à água…

Essas “armas” são legítimas armas de paz, por que sem paz é impossível levar a cabo as imensas tarefas das Novas Rotas da Seda entre Vladivostock e Londres, algo que poderia ter sido levado a cabo em tempo útil pelos Estados Unidos se estivessem alguma vez motivados para tal , nas múltiplas oportunidades que teve nos seus relacionamentos internacionais entre 1991 e 2001 e em respeitar a Carta das Nações Unidas!

Se alguma vez assim fosse os Estados Unidos teriam sido os primeiros a cultivar respeito pelas outras nações, estados e povos da Terra, os primeiros garantes da paz que por eles próprios tem sido sistematicamente rejeitada!

Na sua ânsia de impedir o baldear da Europa em função da paz e da emergência multilateral que se estende desde o oriente da EurÁsia, a manobra do esquizofrénico “hegemon” que representa o complexo energético-militar, procura partir para a confrontação na tentativa de minar a aliança Sino-Russa alicerçada pelo “ganha-ganha” do comércio internacional, garante das Novas Rotas da Seda e da melhor distribuição de produtos energéticos pelo globo!

À Europa, o “hegemon” está a obrigar até o sacrifício do modelo de suas próprias “democracias representativas” ainda que elas estejam inquinadas pela vassalagem via União Europeia / NATO – daí o húmus neofascista e neonazi, semeado um pouco por todo o ocidente da EurÁsia e particularmente no leste da União Europeia!

Neste momento a União Europeia, enquanto sujeita a esse sacrifício, já está a sentir os benefícios duma emergência em paz, conforme estes dois exemplos:

  • Os comboios, barcos e aviões que intensificam o comércio e a comunicabilidade com a China, agora primeiro parque industrial do globo, estão a circular com cada vez maior intensidade varrendo toda a EurÁsia;
  • Os oleodutos e gasodutos que levam os produtos energéticos da Rússia e Ásia Central a oriente dos Urais, até à Europa, no momento em que a Europa é cada vez mais carente de produtos energéticos limpos e a um preço a satisfazer os produtores e os consumidores.

A União Europeia está numa inequívoca charneira neste início de 2022: ou consegue baldear a barbárie do terrorismo mental e prático do “hegemon” em que sobrevive (?) pelo menos desde a IIª Guerra Mundial, ou dá passos seguros na direcção dos termos civilizacionais que se propõem desde o oriente, intrínseco a culturas da paz de que todo o Sul Global está carente!

Nunca se fez sentir com tanta intensidade a obsolescência da NATO, deste “modelo” (?) de “democracia representativa” que abre espaço ao neofascismo e aos neonazis e, por todas essas razões, para os povos europeus há que se desligar da âncora que mantém preso ao passado o navio da obsolescência da própria União Europeia!

23 de Janeiro de 2022


(Imagen de portada: Quadro da “Batalha de São Domingos”, pintado por January Suchodolvski, inspirado na legitimidade da revolução dos escravos no Haiti – http://www.pordentrodaafrica.com/cultura/relembrando-a-revolucao-haitiana-o-povo-africano-no-poder/attachment/batalha-em-san-domingo-pintado-por-january-suchodolski.)

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