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Armas y bagajes para el caos. Martinho Júnior

ARMAS E BAGAGENS PARA O CAOS.

Com uma Ucrânia a servir de trampolim para a insegurança de todo o oeste da EurÁsia, as armas que foram fornecidas em nome da paz servirão, pelo contrário, para “promover” mais caos, mais terrorismo e mais desagregação, não só na Europa, mas também em África e no Médio Oriente Alargado.

O poder unipolar instalado em Washington continua a servir-se dos postulados da doutrina Rumsfeld/Cebrowski, ampliando o complexo de práticas de conspiração geradas desde a década de 90 do século passado a partir do Médio Oriente Alargado, com todo o arsenal de meios de que dispõe.

 

OBJECTIVOS ENCOBERTOS DA MANIPULAÇÃO EURO MAIDAN.

A manipulação “straussiana” de Euro Maidan, eminentemente anglo-saxónica, serviu para lançar um conjunto de práticas encobertas de conspiração inerentes à “guerra por procuração” corrente contra a complexa e frágil sociedade ucraniana, tal como contra as culturas dos povos naquele vasto país.

Entre essas práticas há a realçar:

  • A introdução duma superestrutura ideológica de pendor neonazi e fascista nos mecanismos do poder em Kiev capaz, com sua exclusividade e poder de exclusão, de ferir em toda a extensão as plataformas socioculturais e sociopolíticas internas, assim como estabelecer nexos em cadeia para com a superestrutura ideológica do poder pan Europa, via União Europeia e Organização do Tratado do Atlântico Norte;
  • A instalação duma série de laboratórios biológicos, tendentes a alterar profundamente o ambiente em vastas regiões internas e transfronteiriças, de forma a alargar a leste, para dentro da imensidão eurasiática, os espectros de desestabilização;
  • A instalação duma lógica de “guerra híbrida” capaz numa assentada de neutralizar a concorrência não só da emergência multilateral em curso na EurÁsia, mas também da própria União Europeia, fazendo-a depender sobretudo da instrumentalização obsessiva do Pentágono e da NATO;
  • O aumento do grau de corrupção a partir do poder instalado em Kiev, estendendo-o de forma a alastrar à Europa o seu espectro e com vista à disseminação de factores de ingerência e manipulação, de caos, de terrorismo e de desagregação na Europa e para além dela;
  • A introdução de maior quantidade de armamento na Ucrânia, a fim de que parte desse armamento, em função dos nexos de corrupção, venham a satisfazer as clientelas já instrumentalizadas nas práticas fundamentalistas e radicais de caos, de terrorismo e de desagregação noutras parte do Sul Global, mas também no próprio território da União Europeia;
  • O reforço dos mecanismos de privatização das tensões, conflitos e guerras, ao invés de enveredar pelo diálogo em busca de consensos e de paz, pois desse modo subverte as possibilidades de construção de segurança vital comum global, em conformidade com o espírito e a letra da Carta da ONU.

 

EXPERIÊNCIAS QUE ADVÊM DO PASSADO

A primeira experiência da corrupção na Ucrânia que foi utilizada na venda informal de material de guerra, data do século passado e África, particularmente Angola e o então Zaíre, sofreram em cheio com isso.

A fim de tentar garantir poder pela força das armas na via da “guerra dos diamantes de sangue” alargada ao âmbito da “Iª Guerra Mundial Africana”, o tandem Savimbi-Mobutu comprou armas dos imensos estoques do desaparecido Pacto de Varsóvia, não só à Ucrânia, como também a estados que se tornaram membros da NATO, como por exemplo a Bulgária…

Nessa altura estavam-se a formar as dóceis oligarquias nacionais desses países que iriam assumir o poder sob o rótulo das “democracias representativas” que integraram a União Europeia e a NATO, no fundo o esteio próprio das actuais ideologias neofascistas e neonazis vassalas da hegemonia unipolar, um processo em curso contra os interesses soberanos dos povos europeus.

Esses mesmos estados continuaram a vender esses estoques de armamento e equipamento militar depois do fim a “Iª Guerra Mundial Africana” alimentando a devastação no Sul Global depois de instalados os “canais devidos”, repescando quantas vezes as “redes stay behind” da NATO desde o universo fascista e neonazi que compunham a capacidade das Potências do Eixo durante a IIª Guerra Mundial.

Durante décadas essas práticas de conspiração tornaram-se impunes por que protegidas pela hegemonia unipolar anglo-saxónica, inerentes ao poder de seus nexos de inteligência e ganharam espaço de influência em poderes nacionais europeus, em Bruxelas e na própria NATO.

O espectro sociopolítico dos parlamentos nacionais das “democracias representativas” europeias, confirmam essa prática de conspiração que neles se reflecte pungentemente.

Os portos do Mar Negro e os aeroportos desses países têm garantido o fluxo desses armamentos que não são melhor investigados por que à hegemonia unipolar interessa o silêncio sobre essa prática de conspiração…

Esse tipo de dispositivos contaminou a NATO e os poderes nacionais dos membros da NATO, que agora esgotam os seus próprios estoques de armamento, em especial o das as armas armazenadas desde a dissolução do Pacto de Varsóvia, despejando-as em nome da paz na guerra por procuração que “o ocidente” promove obstinadamente na Ucrânia…

 

ÁFRICA CONTAMINADA

O continente africano está contaminado por diversas vias pela conjugação extensiva de práticas de conspiração, facilitadas aliás pelos expedientes ditos “democráticos” que foram injectados por todo o seu espectro sociopolítico e humano!

Um dos exemplos decorrentes do capitalismo neoliberal: a separação das capacidades inerentes à “sociedade civil” das capacidades inerentes às esferas militares e de inteligência, como se a sociedade de cada país se pudesse dividir de forma estrutural e hermeticamente até ao infinito…

Esse é o primeiro dos passos para a instalação de “quadrículas” étnicas (tribalismo) e religiosas (entre elas os fundamentalismos mais radicais), ou seja, a recolecção de expedientes de natureza colonial que advêm do passado (aqui em Angola sobretudo do espectro do artifício colonial-fascista da “africanização da guerra”, autêntica armadilha projectada através de várias linhas de influência até nossos dias).

África necessita urgentemente de sensibilidades capazes de criar unidade cívico-militar, mas as “democracia representativas” induzidas enfraquecem-na subtilmente, abrindo brechas “transversais” na direcção do caos, do terrorismo e da desagregação.

Por essa razão África não está a levar em consideração o exemplo que ocorre no Mali e noutros países da região Oeste Africano e Sahel: o ambiente sociopolítico foi de tal modo conspurcado pela corrupção da “sociedade civil” fabricada pelas “redes Foccard” da FrançAfrique, que os oficiais superiores das Forças Armadas do Mali partiram para mais um golpe de estado na tentativa de que o próprio país mergulhado em caos e em terrorismo, não se desagregue.

Todos os países da África do Oeste e do Sahel estão de qualquer modo sob influência dos impactos em cadeia resultantes da destruição da Jamaihiria Líbia em 2011, destruição produzida então directamente pela NATO!

Entre as consequências derivadas dessa destruição, está a disseminação de armas em mãos de rebeldes étnicos ou de jihadistas, garantindo assim que todo o continente passe dum torpor à beira da inércia, para um falhanço total com a neutralização de todas as suas instituições!

Os acontecimentos em África, quer os de finais do século passado, quer os que foram eclodindo século XXI adentro, conjugam-se com o que se passa na “plataforma” da Ucrânia insuflada pela corrupção, pelo mercenarismo, pela manipulação e ingerência dita “ocidental”!

A contaminação duma África neocolonizada, vai passar pelo aumento de intensidade das rebeliões étnicas (tribais) e religiosas (fundamentalistas), por que muitas das armas fornecidas às corruptas oligarquias europeias e colocadas na Ucrânia, serão enviadas por interesses mercenários “privados” para outras partes do mundo, engrossando os arsenais implicados no caos, no terrorismo, na desagregação e na devassa dos tão frágeis quão inoperantes estados de formatação “democrático-representativa” erigidos sob os impactos do neocolonialismo capitalista neoliberal ao sabor das práticas de conspiração da hegemonia unipolar!

É esse portanto o interesse da hegemonia unipolar e a instrumentalização do AFRICOM como da NATO é um garante para que muito do que se passa em África continue a ir nesse bárbaro sentido!

África deve excluir todos os contactos que contribuam, numa altura de mudança de paradigma, para as causas neocoloniais e contra os interesses soberanos dos seus povos, pelo que todos os efectivos da NATO, incluindo os que estão no continente ao abrigo de acordos bilaterais, ou ao serviço de instituições como a ONU, devem ser urgentemente postos fora do continente!

Círculo 4F, Martinho Júnior, 23 de Maio de 2022.


Imagem: “FrançAfrique go home” – França e parceiros anunciam retirada de tropas do Mali – https://www.dw.com/pt-002/fran%C3%A7a-e-parceiros-anunciam-retirada-de-tropas-do-mali/a-60809172

 

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