Las trampas en el Ingulet. Martinho Júnior
AS ARMADILHAS NO INGULETS.
A LIBERTAÇÃO IMPLICA A SUBIDA DA POTÊNCIA OFENSIVA QUE VAI SER PRECISA DURANTE O INVERNO, SEM PREJUÍZO DO EVENTUAL REATAMENTO DO DIÁLOGO EM BUSCA DE MELHORES SOLUÇÕES.
TODA A EUROPA ESTÁ SOB STRESS TRAUMÁTICO E PERANTE UM DILEMA: CONTINUIDADE PARA A HEGEMONIA UNIPOLAR, OU INÍCIO DE COOPERAÇÃO MULTICULTURAL E MULTILATERAL ALARGADA?
OS POVOS EUROPEUS TÊM DE GANHAR A PALAVRA, PARA GANHAR O RESPEITO DAS OLIGARQUIAS QUE, ENQUANTO ELEITORADO SUSTENTAM!
A RELATIVIDADE DA JUSTIÇA HISTÓRICA PODE TAMBÉM SER UMA VIA PARA A SOLUÇÃO.
Desde o chão disputado ao milímetro na Ucrânia do após golpe traiçoeiro do EuroMaidan em 2014, o panorama descambou para o uso da força por que a segurança vital comum, entre as nações, os estados e os povos, está a ser violada por acumulação de há mais de 30 anos, na ponta oeste do continente asiático-europeu, por 1% obcecado por riqueza e domínio sobre um cada vez mais esgotado planeta.
A Ucrânia era a antecipação do que se seguiria, que de estepe em estepe poria em causa a própria sobrevivência da Federação Russa,
Além da necessidade de respeito para com toda a humanidade, de respeito para com a Mãe Terra, urge a dignidade de se começar a repor segurança vital comum e justiça histórica como uma causa que só pode ser construída por via do diálogo, da cooperação, da solidariedade, do socialismo e da busca de consensos, para se chegar ao átrio duma justiça própria da paz!
01- A partir do 6º mês do esforço de libertação do Donbass por parte das forças de libertação, os combatentes puderam constatar que, à medida que havia uma crescente percentagem de mercenários e de equipamentos cada vez mais sofisticados fornecidos pelos Estados Unidos e vassalos do zombi-híbrido EU/NATO, se estava a enfrentar, em reforço dos ukronazis, cada vez mais especialistas do Pentágono e da NATO sob a máscara das “PMCs” (mercenários), tal como aliás foi acontecendo noutras partes do planeta, sobretudo desde a forja do Médio Oriente Alargado, quando a hegemonia unipolar começou a aplicar a doutrina Rumsfeld/Cebrowski afim aos “straussianos” que tomaram o poder.
As forças coligadas da Operação Especial passaram a enfrentar, em solo da Ucrânia, forças da NATO sob disfarce, pois a utilização massiva de artilharia de longo alcance, com a organização que isso implica, só podia ser feita rapidamente com recurso a meios humanos e tecnológicos (inclusive satélites) de que a Ucrânia não dispunha.
Quando os ukronazis anunciaram a contraofensiva sobre os efectivos limitados empenhados na libertação do Donbass, foi com a metamorfose dessa panóplia de meios que chegavam à frente de 1.000 km que passou à acção, tentando surpreender as forças da libertação e esmaga-las pelo menos até à fronteira, tentando um movimento de refluxo…
Foi assim na 2ª metade de Setembro, na Ucrânia devassada: do “combate até ao último ucraniano”, as oligarquias europeias passaram a pretender que seja um “combate até ao último mercenário europeu”!…
02– A manobra foi sendo seguida do lado das capacidades da libertação: se a coligação continuava a desbastar os ukronazis, “desnazificando” e “desmilitarizando”, já não estava a “chegar para as encomendas”, na razão de 1 para 5 em termos de efectivos envolvidos dum lado e do outro do “front”.
Por essa razão entre o 6º e o 7º mês, sem que tivesse diminuído o esforço de libertação no Donbass, as unidades empenhadas a nordeste do território da Ucrânia na direcção de Karkiv recuaram (cedendo mais de 8.000 km2) para posições que permitiam melhor aptidão defensiva (meridiano de Liman), produzindo as armadilhas possíveis com fogo cruzado e em concentrado (combinando artilharia e aviação tática), enquanto no sul, ao redor de Kherson, as condições naturais favoreciam a manutenção das linhas, ainda que passando da manobra tática defensiva para uma manobra em armadilha de ordem estratégica, coisa que raramente aconteceu desde 24 de Fevereiro de 2022.
Ao redor de Kherson há estepes sulcadas pelos cursos da bacia final do rio Deniepr, com alguns dos seus afluentes a terem um percurso mais acidentado que o veio principal de água…
Na margem esquerda do Dniepr foi construída a central nuclear produtora de energia perto de Enerhodar, a maior da Europa e no Ingulets foram construídas algumas barragens para retenção de água, tirando partido do seu curso em plano inclinado…
Entretanto o Ingulets (o maior tributário do Dniepre próximo da sua foz) passou a marca os limites temporários da frente de libertação antes da contraofensiva ukronazi.
O Ingulets tem um percurso sinuoso com sentido norte-sul (da nascente até à sua embocadura no Dniepr) e como tem desníveis (há algumas corredeiras), nos degraus foram construídas duas barragens: uma perto de Krivoy Rog (Karachunovskaya), a montante e a outra na região de Kirovograd (Iskrovka), a jusante, sendo a primeira no degrau mais baixo, situado a sul de Kirovograd, por seu turno o degrau mais elevado (a norte).
Na contraofensiva os ukronazis atravessaram o curso do Ingulets de forma tão dissimulada quanto lhes foi possível, utilizando pontões flutuantes, com uma panóplia de meios em crescendo, começando por estabelecer na margem direita pontos de confluência para seus blindados e artilharia, aguardando travessia e na margem esquerda “testas de ponte” que procuravam logo avançar no terreno conquistando território…
Estavam confiantes nos recursos inteligentes do reconhecimento, sobretudo os conhecimentos táticos obtidos com os satélites e os aviões da NATO a operar sobre o espaço aéreo da Roménia, o mais próximo do teatro operacional…
03– Na noite de 14 de Setembro, um ataque com mísseis por parte das forças libertadoras danificou a coroa da barragem Karachunovskaya e uma estação de bombeamento na sua estrutura, o que fez com que os níveis de água subissem mais de 2 metros, inundando vários distritos da cidade de Krivoy Rog (a cidade natal de Zelensky) e todo o percurso até à desembocadura no Dniepr, tornando além do mais o terreno pantanoso nas áreas onde o percurso é mais plano…
A 15 de Setembro, as estruturas hidráulicas da região voltaram a ser atacadas com outro míssil russo a atingir “cirurgicamente” a coroa da outra barragem em Iskrovka, na região de Kirovograd, de forma a banir qualquer tentativa de recomposição ofensiva por parte dos ukronazis.
Pela primeira vez se estavam a atingir este tipo de estruturas nos teatros operacionais na Ucrânia, o que terá implicado na utilização de dois bombardeiros estratégicos TU 95 armados com mísseis de cruzeiro Raduga Kh-101…
Outras fontes afirmam que as barragens foram atingidas por mísseis “Dagger” ou por Iskander…
… Os dois bombardeiros empregues chegaram a sobrevoar Kherson a grande altitude (seus motores foram audíveis do solo), marcando as emoções daqueles dias…
Ao se produzirem duas vagas de água, todos os pontões flutuantes foram arrastados para a margem esquerda, ou levados pela corrente, pelo que a operação de travessia ficou interrompida com efectivos e meios ukronazis parados na margem direita e algumas forças em disposição de progressão-combate desde a margem esquerda e na direcção mais além, da margem direita do Dniepr.
A partir desse momento a frente ukronazi ficou exposta às barragens de fogo concentrado que as foram dizimando, enquanto outras unidades, estas mais próximas da foz, se lançavam sem prévio reconhecimento em áreas minadas previsíveis mas não diagnosticadas…
As baixas durante o mês rondavam até dia 21 de Setembro cerca de dez mil homens mortos (há muito mais feridos) e a perda de meios está a ser ainda mais acentuada, enquanto no Donbass as forças libertadoras continuam a rebentar com os fortes em Soledar e Bakmut, cujas áreas industriais estão já tomadas.
Em Bakmut, aviões de ataque russos e unidades de choque do grupo Wagner, libertaram o território da subestação elétrica Donbasskaya 750 nas proximidades de Bakhmut, de unidades das Forças Armadas da Ucrânia.
As contramedidas defensivas por parte das forças de libertação num contexto operacional dessa natureza, tiveram de passar da manobra tática defensiva para a conjugação geoestratégica a fim de parar os ukronazis e sustê-los na espectativa das alterações favoráveis que já estão em curso, envolvendo as regiões de Lugansk, Donetsk, Zaporozhye e Kherson, militarmente na antevisão dum campo operacional de maior dilatação logo que cheguem reforços.
Além da “desnazificação” e da “desmilitarização”, está já em curso a “desenergização” (destruição de hidroeléctricas e termoelétricas, podendo seguir-se a destruição de oleodutos e gasodutos, incluindo os que estão ligados ao resto da Europa)!
04– Os referendos visando a integração ou não de Lugansk, Donetsk, Zaporozye e Kherson em território russo, consumando-se a entrada em função das previsões no terreno, vão obrigar a absorver os reforços previstos: um pouco mais de 1% do total das capacidades de reserva, ou seja um efectivo de cerca de 300.000 membros das Forças Armadas Russas, o que é a antecâmara para a possibilidade de militarização da economia…
Nos termos comparativos actuais esse esforço obrigaria à mobilização de 1.500.000 efectivos aos ukronazis, um preço já bastante elevado para os actores do zombi-híbrido EU/NATO e Pentágono, o que colocará mais stress sobre os actuais traumas em curso, stress esse que se agravará com a chegada do inverno.
Desde o início da Operação especial e segundo o Ministro da Defesa russo, as Forças Armadas da Rússia sofreram 5.937 mortos, enquanto os ukronazis tiveram 61.000 mortos e 50.000 feridos (razão de cerca de 1 para 10)…
A imensa estepe entre os Urais e os Cárpatos está aberta, a partir dos reforços da libertação, as hipóteses de alterações mais profundas nas fronteiras…
As décadas que os do zombi-híbrido EU/NATO perderam enganando o estado e os povos da Federação Russa (desde a era Reagan/Thatcher em princípio dos anos 90 do século XX), a era que inaugurou o capitalismo neoliberal da hegemonia unipolar anglo-saxónica, agora vão obrigar que comecem a correr, (contrariando sua própria propaganda) para o diálogo ao nível do que não houve.
Tratar-se da segurança vital comum que quiseram nunca alcançar em função da cobiça que os motiva para acabar de vez com a Federação, (de forma a apossar-se de suas colossais riquezas naturais de que tanto seu ego carece), vai encontrar a Federação Russa com Forças Armadas capazes de supremacia em muitos campos de acção e manobra, pelo que com o suporte em geometria variável dos componentes em crescendo da Organização da Cooperação de Xangai, que sabem do comportamento do império da hegemonia unipolar desde 1945, o que começa a estar em causa com a mudança de paradigma, é a libertação da Europa das correntes da hegemonia unipolar, quaisquer que sejam as empreitadas a realizar e o tempo de maturação para os povos!
Para aquecer o inverno que se aproxima, os povos europeus vão começar por tomar as ruas contra as oligarquias que ao invés de dialogarem, de “representatividade” em “representatividade” foram colocadas em tempo útil como efectivos vassalos da hegemonia unipolar em seus governos.
Essas oligarquias arrogantes que perderam 30 anos divertindo-se, refugiando-se em ilusões, em embustes e na mentira da ausência de diálogo em busca de segurança vital comum, só o poderão fazer agora correndo contra o tempo, nuas e com uma velocidade de ficar sem fôlego em pleno inverno!
Quando a Federação Russa se decidiu a elevar a fasquia da manobra tática para a da manobra geoestratégica, essa é a maior das armadilhas no Ingulets, por razões duma injustiça histórica que por lá, como em centenas de anos em África, continua a ser de facto propensa à devassa duns muito poucos (1%?) contra o Sul Global, senão contra toda a humanidade!
Sem pretensões de ser radicalmente disjuntivo, admitindo a possibilidade de geometria variável na versatilidade contemporânea relativa, à luz do que vêm evocando Não-Alinhados, emergentes que advogam cooperação, diálogo e busca de consensos e os que compartilham já do “espírito de Xangai”, liberdade multilateral apta a segurança vital comum, ou morte hegemónica em nome do sacrílego egoísmo exclusivista duns quantos?
Círculo 4F, Martinho Júnior, 23 de Setembro de 2022.
Imagem: A barragem de Krivoy Rog, segundo foto recolhida da Google Earth
Alguns textos de suporte:
- DISCURSO DO PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO RUSSA, VLADIMIR PUTIN, EM 21 DE SETEMBRO DE 2022 – https://www.donbass-insider.com/2022/09/21/speech-by-the-president-of-the-russian-federation-vladimir-putin-on-21-september-2022/;
- PUTIN DECLAROU MOBILIZAÇÃO PARCIAL: 300 MIL MILITARES PARA REFORÇAR AS FORÇAS RUSSAS NA UCRÂNIA – https://southfront.org/putin-declared-partial-mobilization-300-thousand-servicemen-to-reinforce-russian-forces-in-ukraine/;
- Os resultados do “reagrupamento” – https://k-politika.ru/itogi-peregruppirovki/;
- A COMPLICADA ESTRATÉGIA DA RÚSSIA NO SUL DA UCRÂNIA – https://southfront.org/russia-tricky-strategy/;
- Aqueles que tentaram manter a cabeça de ponte Andreevsky das Forças Armadas da Ucrânia estavam em uma situação crítica – https://riafan.ru/23656388-pitavshiesya_uderzhat_andreevskii_platsdarm_vsu_okazalis_v_kriticheskom_polozhenii;
- O comandante enviou soldados para o campo minado – https://russian.rt.com/ussr/article/1051491-minoborony-rf-vsu-poteri;
- Os pára-quedistas Pskov destruíram um grande acúmulo de equipamentos APU na direção de Kherson – https://riafan.ru/23656424-pskovskie_desantniki_unichtozhili_bol_shoe_skoplenie_tehniki_vsu_na_hersonskom_napravlenii;
- Baranets considera métodos eficazes das Forças Armadas de RF para desenergizar a Ucrânia – https://inforeactor.ru/23653760-baranets_schel_effektivnimi_metodi_vs_rf_po_obestochivaniyu_ukraini;
- Shoigu revelou o número de militares que morreram durante a defesa militar na Ucrânia (tradução corrigida) – https://topcor.ru/28198-shojgu-nazval-chislo-voennosluzhaschih-pogibshih-v-hode-svo-na-ukraine.html;
- Uma mudança no curso da operação especial está prevista devido à mobilização parcial – https://k-politika.ru/sprognozirovan-izmenenie-xoda-specoperacii-iz-za-chastichnoj-mobilizacii/;
- Podolyaka: Forças Armadas da Ucrânia estão perdendo incondicionalmente seus últimos trunfos – a derrota é inevitável – https://rueconomics.ru/23655923-podolyaka_vsu_bezogovorochno_teryayut_poslednie_koziri_razgrom_neminuem;
- Norkin explicou o que espera a Ucrânia no caso de um golpe na Federação Russa após os referendos – https://rueconomics.ru/23655923-podolyaka_vsu_bezogovorochno_teryayut_poslednie_koziri_razgrom_neminuem;
- O que Putin não disse. A mobilização pode ser apenas o começo – https://k-politika.ru/o-chem-ne-skazal-putin-mobilizaciya-eto-tolko-nachalo/.