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ArtículosImperialismo e Internacionalismo

Paradigma vital. Martinho Júnior

 

PARADIGMA VITAL.

A RÚSSIA COMEÇOU A ASSUMIR A SUA IIª GRANDE GUERRA PÁTRIA.

A partir da luta de libertação na Ucrânia, enquanto a hegemonia unipolar persiste na aplicação de suas bárbaras regras, todo o Sul Global passa a estar, ao abrigo da Carta da ONU, legitimado numa luta de libertação pela emergência, pela multilateralidade, por um relacionamento internacional saudável, pela democracia e pela paz!

A multilateralidade é, nesses termos um paradigma vital, na busca que se abre à Iniciativa de Segurança Global!

No campo da hegemonia unipolar, as contradições internas vão-se inexoravelmente desencadear, por que em pleno século XXI é impossível manter a barbaridade feudal neofascista e neonazi!F:\PRODUÇÕES\2022\MJ - MAI 22\MUDANÇA DE PARADIGMA - 01..jpeg

 

01- A Federação Russa por via da libertação da Ucrânia, começa a estar empenhada numa saga em tudo similar à Grande Guerra Pátria, autenticamente uma segunda reedição em pleno século XXI.

Se na Ucrânia a libertação visa desmilitarizar e desnazificar, a tipologia das operações estende-se, nos seus mais amplos conteúdos (económicos, financeiros e ideológicos), à Europa, tendo em conta os contraditórios existentes no zombi-híbrido UE/NATO.

As artificiosas ameaças criadas pela hegemonia unipolar, além do mais implicam a desagregação da Federação Russa, pelo que o que está em causa para o imenso país transcontinental, é a sua sobrevivência e por isso se torna legítima a sua segurança vital, que só pode ser equacionada patrioticamente em equilíbrio com a de todos os seus vizinhos!

Se a Rússia é alvo de desestabilização, de forma directa, ou indirecta, os seus vizinhos vão-se também ressentir…

Reciprocamente a Europa tornou-se num alvo “colateral” dessas ameaças, por que o que está a ser pedido em função da vassalagem, cria inevitáveis brechas entre as oligarquias e os povos, de tal modo que as manipulações mediáticas não vão poder por si suster a nazificação mental na superestrutura de pensamento e acção, ou seja, dentro das instituições da UE/NATO!

Neste momento na Federação Russa há motivos para a mobilização do seu povo, conforme aconteceu com a IIª Guerra Mundial e isso vai implicar, a nível interno, a redução do espectro de influência dos oportunistas que estão na origem da oligarquia que é mais um artifício externo do que vocação autóctone respeitadora da história e das tradições de luta que advêm do passado ao longo do século XX!

A arrogância da hegemonia unipolar em relação à Rússia, arrastando a União Europeia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte ao mesmo tempo que aproveita o regime do golpe de estado Euro Maidan na Ucrânia filtrada pelos neonazis, está a propiciar essa mobilização!

O campo da hegemonia unipolar sempre desvalorizou a histórica resistência soviética em seu próprio território, quando suportou o peso maior da agressão nazi, sofreu mais de 20 milhões de mortos e passou para a contra ofensiva só parando em Berlim…

Depois, além de desvalorizar, tem vindo a abrir espaços às versões “históricas” que são propagadas pelas redes stay behind da NATO, conforme tem vindo a acontecer no leste europeu e particularmente na Ucrânia!

Tem desvalorizado de facto a Federação Russa, ao instrumentalizar a NATO na direcção leste, ao provocar constantemente, ao sancionar, censurar e ao tentar integrar os componentes do antigo espaço soviético, entre os quais a Ucrânia, evocando para o efeito a exclusividade de suas regras enquanto faz a repescagem ideológica neonazi, que se reflete também na superestrutura ideológica da NATO!

Nada aprenderam com o poderio russo demonstrado por diversas vezes no Cáucaso e na Síria e a história da URSS na IIª Guerra Mundial é motivo para deturpações em cadeia, que passaram para o campo duma contínua provocação ao jeito duma contínua guerra psicológica!

Parece por outro lado não terem percebido que a Rússia é capaz de garantir esforços a prazos dilatados, como está a acontecer na “geometria variável” da Síria, onde aliás decresceu a intensidade dos combates, o que favorece a luta de libertação na Ucrânia!

Os oligarcas que não abandonarem entretanto a Federação Russa, só podem ter um destino: mobilizarem-se, identificando-se com o povo russo, o que vai implicar a reconversão da sua própria estirpe!

A mobilização ainda não foi oficialmente declarada, mas há já bastos sinais que ela começou!

Mesmo que haja contenção por parte da China em relação ao contencioso ocidental na EurÁsia, a Rússia apoiará a unidade da China, contra a subversão da hegemonia unipolar exercida sobre o “olho do furacão” que artificiosamente constitui a questão de Taiwan!…

… A reedição da Grande Guerra Pátria, que foi também levada a cabo na frente oriental contra o Japão Imperial durante a IIª Guerra Mundial, implica que a mobilização do povo russo seja no mais amplo colectivo, embora sabendo que a Rússia não está só na EurÁsia e exerce uma influência gravitacional muito para lá de suas fronteiras, conforme ao multilateralismo!

 

02- O projecto de um estado dois sistemas não vai ser, com a mudança de paradigma a favor da multilateralidade, apenas uma questão interna da República Popular da China!

Essa fórmula vai-se libertariamente distender de forma fluida por todo o Sul Global, com a Federação Russa, em função da mobilização popular que a IIª Grande Guerra Pátria obriga, a assumir um novo protagonismo que vai também servir de exemplo!

Na América Latina, Cuba, Venezuela e Nicarágua adiantaram-se, estabeleceram-se enquanto vanguardas cívico-militares e sua plataforma democrática de resistência é por si uma saudável espectativa de multilateralidade ao abrigo da própria Carta da ONU!

Esse exemplo contudo não servirá apenas para o Sul Global: as contradições internas no zombi-híbrido UE/NATO, ao se aprofundarem vão abrir espaços ao multilateralismo e ao início da opção na via de um estado dois sistemas como a salvaguarda para a sua própria sobrevivência ao abrigo da Carta da ONU e não mais em vassalagem feudal às artificiosas regras anglo-saxónicas impostas de fora, conforme ao exercício das práticas de conspiração da hegemonia unipolar.

O espectro de libertação dos povos russo e ucraniano não se vai portanto reduzir aos espaços internos e circundantes da Federação Russa e da Ucrânia, pois terá uma onda de expansão, sem fronteiras a ocidente e a sul!

A libertação da Europa nesse amplo espectro de saudáveis expectativas, está no horizonte e é por isso que os povos europeus, em função da opressão e dos sacrifícios impostos pelas suas oligarquias vassalas da hegemonia unipolar, terão um importante papel na luta conducente à Iniciativa de Segurança Global, que é também uma luta de classes!…

 

03- Em África há que ganhar consciência da enorme potencialidade do multilateralismo, o que equivale a considerar que há que colocar em causa o vasto espectro de influência neocolonial sobre as elites africanas, tendo em conta a exploração, a opressão e todo o tipo de sacrifícios que tal processo acarreta para com os povos!

Já há sinais de ruptura dessa lógica neocolonial consubstanciada na FrançAfrique, implantada desde os tempos da disseminação das redes de Jacques Foccard, por todo o Oeste, Sahel e Golfo da Guiné!

As elites africanas “civis” de pendor neocolonial (a hegemonia preocupa-se sempre em dividir civis e militares, como se as sociedades fossem divisíveis), constituíram-se em redes stay behind, mas os contraditórios globais já em curso estão cada vez mais evidentes, com as frágeis forças armadas africanas, onde se concentra uma grande parte da juventude, a ganhar mais consciência delas e da sua nocividade!

Os golpes de estado militares na África do Oeste estão a comportar esses sinais: a democracia representativa nos termos das “sociedades civis” tem sido uma emanação neocolonial, tem sido FrançAfrique e não vai ser desse modo possível neutralizar alguma vez a ameaça terrorista que alastrou depois da destruição da Jamairia Líbia por componentes da NATO que incluíram a França!

No Mali, no Burkina Faso e na Guiné Conacri os golpes de estado militares tendem a abandonar a trilha das dóceis “sociedades civis” de estreita influência neocolonial, por que os militares africanos começam a ganhar consciência que com a presença dos destacamentos franceses, jamais se irá neutralizar a ameaça do radicalismo islâmico, muito pelo contrário, entrou-se num pântano tendente a reforçar os dispositivos neocoloniais!

O modelo neocolonial da democracia representativa em África, dá os primeiros sinais de não mais ser suportável pelos povos e só um néscio como o Secretário-Geral da ONU, ele próprio um fantoche declarado da hegemonia unipolar, parece não se ter apercebido, por que aliás tem demonstrado ser um dos primeiros subversores da Carta da ONU, cumprindo com as regras da hegemonia!

Em África há espaço para alianças cívico-militares na constituição dos estados, por que sendo essa uma via patriótica que impede a divisão das sociedades, é também a via que neste momento pode dar início à luta contra o subdesenvolvimento, ao fim da inércia neoliberal e à integração de emergências apontadas para a integração multilateral!

Círculo 4F, Martinho Júnior, 5 de Maio de 2022.


2 imagens recolhidas do artigo Xi, Putin hail ‘model’ bilateral ties, vow to uphold intl fairness – President Xi Jinping holds a virtual meeting with Russian President Vladimir Putin in Beijing, capital of China, Dec 15, 2021 – http://english.www.gov.cn/news/topnews/202112/15/content_WS61b9f757c6d09c94e48a2454.html

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