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PRÁTICAS ARRISCADAS DE CONSPIRAÇÃO.

Instrumentalizando a NATO e aliados de recurso, o império da hegemonia unipolar está a esticar a corda das provocações colocando-as sobre o vermelho na Europa do Leste, numa escalada que arrasta sem antídotos a própria União Europeia e cada um dos seus componentes avassalados.

Nesse sentido o Exercício Sea Breeze 2019 no Mar Negro (https://search.navy.mil/search?query=sea+breeze+2019&btnG=%C2%A0&utf8=%E2%9C%93&affiliate=navy_all), sequência do Exercício Baltops 2019 no Mar Báltico, foi mais uma prática arriscada de conspiração, correspondendo ao que foi semeado com as revoluções coloridas que chegaram ao êxito da Praça Maidan!

O Baltops 2019 (https://www.navy.mil/submit/display.asp?story_id=109852) que se realizou entre 9 e 21 de Junho de 2019 (há um mês), no Mar Báltico, pressupõe outros conceitos, com uma distinta visão geoestratégica, todavia nota-se a persistência na utilização de forças de desembarque e assalto, integrando um aumento da agressividade na aproximação às fronteiras marítimas russas.

 

Os meios navais, terrestres e aéreos utilizados pela NATO nestes exercícios, uma vez que há componentes da 6ª frota sedeada em bases na Itália, podem também a qualquer momento serem chamadas a cumprir missões em África.

 

 

01- Desde o êxito da revolução colorida na Praça Maidan em Kiev, capital da Ucrânia (https://pt.wikipedia.org/wiki/Euromaidan), que culminou com a tomada de poder por tendências pró NATO e alinhadas com ao império da hegemonia unipolar, que o quadro de tensões no leste da Europa foi alterado, influenciando a manobra instrumentalizada em toda a região, quer nas actividades sociopolíticas, quer nas actividades diplomáticas, económicas, de inteligência e militares.

 

A NATO fez a repescagem de “redes stay behind” residuais do nazismo na Ucrânia (https://www.voltairenet.org/article182860.html), influenciando no carácter do poder instalado em Kiev e essa deriva determinou as avassaladas guinadas à direita nos países Bálticos, na Polónia, na Europa Central, na Europa do Sudeste (junto ao Mar Negro) e nos Balcãs…

 

Assim os exercícios navais no Mar Báltico e no Mar Negro, têm-se tornado mais ofensivos por parte da NATO, aproximando-se das fronteiras e interesses russos tornados alvos, mas também sujeitando-se às contramedidas…

 

O império da hegemonia unipolar dá sinais de equívoco na sua arrogante conclusão em relação à Rússia: presume que a Rússia ainda está longe de superar o que era em termos de inteligência e capacidade tecnológico-militar, a URSS à data da sua implosão (https://www.fort-russ.com/2019/07/shakhnazarov-the-us-believes-russia-is-still-weak-after-collapse-of-ussr-we-must-organize-ourselves/?utm_medium=ppc&utm_source=wp&utm_campaign=push&utm_content=new-article)…

 

O resultado tem sido a instalação conspirativa duma nova guerra fria em toda a imensa região, em escalada e utilizando a psicologia da acusação à Rússia por causa de suas contramedidas que levaram à integração da Crimeia na Federação e na proclamação das Repúblicas Populares de Donetzk e Lughansk no leste da Ucrânia, em contraponto ao poder injectado em Kiev (http://actualidad.rt.com/actualidad/view/122599-crimea-referendum-resultados-ucrania-rusia).

 

 

02- A aproximação dos exercícios navais às fronteiras marítimas da Rússia no Báltico e no Mar Negro, em sincronização com a evolução da situação no Médio Oriente Alargado, tem projeccões influentes para dentro da Euro-Ásia, mas também por todo o Mediterrâneo e Atlântico Norte, pois a Rússia possui capacidade geoestratégica de resposta quando introduz as suas contramedidas a partir de sua frota do Ártico, ou seja, passando duma defensiva porfiada à contraofensiva!

 

Por essa razão o império da hegemonia unipolar tira partido do articulado de bases militares da NATO instalados nos países da União Europeia, escalando os meios em função dos conceitos introduzidos e das características dos exercícios ofensivos de pressão sobre a Rússia. 

 

No caso do Báltico, o Baltops tira partido da localização da Alemanha e da Polónia, o que espevita a utilização por parte da Rússia das contramedidas instaladas no enclave de Kaliningrado.

 

A decisão da Rússia de passar a realizar exercícios navais, terrestres e aéreos ao mesmo tempo e numa área próxima dos exercícios da NATO, reflecte a escalada de tensões a pisar o vermelho das práticas conspirativas (https://tass.com/defense/1063232).

 

 

03- Se bem que o aparato naval do Sea Breeze 2019 fosse menor que o aparato do Baltops 2019, a tendência para escalada de riscos é evidente:

 

. Envolveu países com acesso ao Mar Negro que ainda não são membros da NATO (Ucrânia e Geórgia); (https://en.interfax.com.ua/news/general/596833.html);

 

. Influenciou nas crispações na região, quer na Moldávia, quer na Ucrânia, quer na Geórgia (Cáucaso), numa altura de mudanças de governo; (http://www.avante.pt/pt/2378/BrevesEuropa/);

 

. O Exercício ocorreu entre a foz em delta do Danúbio, até à foz em estuário do Deniepr, o que implicou uma actividade anfíbia de consideráveis proporções; (https://en.interfax.com.ua/news/general/596833.html);

 

. Essa área situa-se a noroeste e oeste da Crimeia integrada na Federação Russa e após a proibição de acesso por parte dos russos à entrada dos navios da NATO no Mar de Azov, a nordeste da Crimeia e a sul da região afectada de Donetzk e seu entorno; (https://br.sputniknews.com/russia/2019011513110992-crimeia-navios-otan-passagem-mar-azov/);

 

. Promoveram-se acções de desembarque nas costas e de infiltração em dois dos principais ambientes hidrográficos com acesso ao Mar Negro, (levando em conta a condição fluvial e pantanosa do entorno ao istmo da Crimeia);

 

. Sincronizadamente ao tempo e espaço do Sea Breeze 2019, a Ucrânia incrementou os bombardeamentos sobre as áreas de Donetzk e Lughansk; (https://www.fort-russ.com/2019/07/breaking-significant-fighting-escalates-in-donbass-between-ukraine-and-dpr-militaries/?utm_medium=ppc&utm_source=wp&utm_campaign=push&utm_content=new-article);

 

. Não foi tido em consideração o facto do exercício ocorrer todo ele dentro do raio de acção dos mísseis de defesa marítima e aérea instalados na península da Crimeia, transformada agora pela Rússia num autêntico baluarte, similar ao instalado no enclave de Kaliningrado; (https://nationalinterest.org/blog/buzz/navy-killers-russia-deploying-new-anti-ship-missiles-crimea-61537);

 

. O carácter do movimento da NATO, obrigou a deslocação de meios navais, aéreos e logísticos importantes que normalmente se encontram no Mediterrâneo e no Atlântico, mas também mobilizou unidades das pequenas frotas de países com espaços marítimos no Mar Báltico.

 

Foram os seguintes os países participantes no Sea Breeze 2019: Bulgária, Canadá, Dinamarca, Estados Unidos, Estónia, França, Geórgia, Grécia, Itália, Letónia, Lituânia, Moldávia, Noruega, Polónia, Reino Unido, Roménia, Suécia, Turquia e Ucrânia. (https://menafn.com/1098102437/Sea-Breeze-2019-exercises-to-be-held-in-three-Ukrainian-regions).

 

O exercício movimentou mais de 3.000 militares, 32 navios e 24 aviões; entre as unidades navais foi utilizado uma unidade catamaran de intervenção e desembarque de tropas rápida, o USNS Yuma, apta para águas rasas.

 

 

04- Sob o ponto de vista miliar e de inteligência o império da hegemonia unipolar procura utilizar uma rede de articulações que permite várias opções de ordem tática e conformam uma geoestratégia de pressão, que procura testar as medidas e a capacidade de resistência dos emergentes, mas sobretudo da Rússia no leste da Europa e no Médio Oriente Alargado, mas também no Mediterrâneo e no Atlântico.

 

A Rússia em relação ao Sea Breeze 2019, demonstrou enorme capacidade defensiva e de intromissão, pois um dos destroieres da frota do Mar Negro, o Smetlivi, sob cobertura das unidades de mísseis do baluarte da Crimeia, furou deliberadamente a área fechada do Exercício, sem qualquer tipo de obstrução ou impedimento. (https://www.ukrinform.net/rubric-defense/2737448-russian-ship-enters-closed-area-of-sea-breeze-2019-exercise.html).

 

Demonstrou também capacidade para contramedidas de ordem geoestratégica, pois nessa altura possuía uma pequena frota (pertencente à frota do Ártico) em visita a Cuba, no lado oposto do paralelo do Mar Negro. (https://oglobo.globo.com/mundo/em-meio-tensao-entre-cuba-eua-navios-militares-russos-aportam-em-havana-23760261).

 

Se bem que a Rússia persista em medidas de persuasão, é evidente que suas contramedidas não escondem suas vantagens tecnológicas em alguns aspectos bastante sensíveis, nem o facto de aumentar a ênfase de sua personalidade geoestratégica que, entre os emergentes, se faz sentir não numa escala regional, mas numa escala global. (https://www.naval.com.br/blog/2014/04/22/como-um-su-24-russo-paralisou-destroier-americano/).

 

Às sucessivas páticas arriscadas de conspiração, a emergente e multilateral Rússia responde com sucessivas práticas de alerta, pois o império da hegemonia unipolar, instrumentalizando vassalos dentro e fora da NATO, ao mover-se na sua direcção, deve entender que está já a pisar no vermelho e a qualquer momento pode sentir consequências de sua arrogante ousadia…


 

Imagens:

01- Distintivo do Exercício Sea Breeze, que se está a realizar a cada ano que passa, introduzindo sempre novos conceitos e práticas de conspiração;

02- Mapa onde se pode distinguir a noroeste da Crimeia a área do Exercício deste ano e a Nordeste o Mar de Azov, agora proibido pela federação russa a qualquer acesso ou incursão da NATO;

03- O USS Carney que tem com base a Rota (Espanha, Mediterrâneo ocidental), atravessa o Bósforo entrando no Mar Nego a fim de participar, como principal unidade naval, do Sea Breeze 2019;

04- O ISN Yuma, capaz de realizar desembarques rápidos em águas rasas, atravessa o Bósforo para participar no Sea Breeze 2019; esta unidade participou nas manobras de ligação para dentro dos sistemas fluviais do Dniepre;

05- Os sistemas de mísseis anti navio instalados no baluarte da Crimeia, possuem um raio-de-acção que cobre a área onde se realizou o Sea Breeze 2019.

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