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Asalto neocolonial a las materias primas. Martinho Júnior

 

ASSALTO NEOCOLONIAL ÀS MATÉRIAS-PRIMAS.

NUM PLANETA ESGOTADO, REDUZ-SE A MARGEM DE MANOBRA DOS QUE “COMPETEM” EM CONFORMIDADE COM A HEGEMONIA UNIPOLAR.

… “O Ocidente está disposto a passar por cima de tudo para preservar o sistema neocolonial que lhe permite parasitar, de fato, saquear o mundo à custa do poder do dólar e dos ditames tecnológicos, cobrar tributos reais da humanidade, extrair a fonte principal de prosperidade imerecida, a renda do hegemon. 

A manutenção dessa renda é seu motivo principal, genuíno e absolutamente egoísta. É por isso que a total dessoberania é do seu interesse. 

Daí sua agressão aos Estados independentes, aos valores tradicionais e às culturas originais, tentativas de minar processos internacionais e de integração fora de seu controle, novas moedas mundiais e centros de desenvolvimento tecnológico. É fundamental para eles que todos os países entreguem sua soberania aos Estados Unidos”…

Extraído do texto do discurso de Putin, atacando o ocidente neocolonial – https://consortiumnews.com/2022/09/30/text-of-putins-speech-blasting-neo-colonial-west/; https://paginaglobal.blogspot.com/2022/10/o-que-disse-putin-aos-que-compareceram.html.

 

DA PIRATARIA À SABOTAGEM TERRORISTA.

O choque e a terapia neoliberal têm servido, desde a era de Ronald Reagan & Margareth Thatcher no início da década de 90 do século XX, para que o império da hegemonia unipolar imponha ao Sul Global alargado as regras de seu interesse exclusivista e de sua conveniência elitista, eminentemente anglo-saxónica.

Isso começou a acontecer precisamente no momento do após Revolução Industrial em que a sede de poder e de lucro está a levar a humanidade a esgotar em meio ano o que a Mãe Terra só pode recompor num ano, forçando a profundas alterações climático-ambientais e atentando contra a vida, tal qual a conhecemos.

Nunca será por demais evocar esta conclusão que é também um alerta para a probabilidade do fim da espécie!

O neocolonialismo de carácter obsessivo assalta as matérias-primas como junca antes e por isso os que pretendem continuar com essa senda, inibem as oportunidades de desenvolvimento sustentável indispensável aos povos, algo que passou a ser completamente incompatível face à voracidade “do sistema” imperial.

Não havendo mais espaço ético, moral e substantivo para a “competividade” que serve à hegemonia unipolar, o assalto às matérias-primas intensificou-se desde o início do século XXI, explorando o êxito da queda da União Soviética, o fim do Pacto de Varsóvia, o abandono do socialismo e a imposição duma “ordem” mediante “regras”, que são garantidas para a sobrevivência de multinacionais que são detidas por “casas bancárias” ao serviço de 1% da humanidade, contra as mais legítimas aspirações de cooperação, solidariedade e socialismo de todos os demais…

Sendo, mesmo com o desaparecimento da União Soviética, a Federação Russa o maior depósito global de riquezas naturais (matérias-primas) à escala global, é lógico que fosse colocada com o alvo principal a abater, ou seja o alvo em que com toda a potência unipolar se tenta “dividir e dividir para melhor reinar”!

A Federação Russa todavia ganhou consistência emergente equacionada nas versatilidades da cooperação, da solidariedade, do diálogo sociocultural e político em busca de consensos multilaterais, com base na sua própria antropologia e história milenar e deixou de ser o alvo fácil decorrente da década de 90 do século XX (que marcou a devassa do fim da União Soviética).

Desse modo a Federação Russa passou a integrar o cortejo das resistências do Sul Global face ao imperialismo da hegemonia unipolar, não se deixando neocolonizar!

É esse o significado maior do que se pode já considerar como “doutrina Putin”, primeiramente enunciada quando no Médio Oriente Alargado o “hegemon” tentou o assalto da Síria!

Há que pôr termo à exploração desenfreada do planeta motivada pelo egoísmo exacerbado duns quantos, por que o planeta exige cada vez mais cooperação entre os povos, as nações e os estados e é incompatível desequilibrar ainda mais do que tem sido desequilibrado, não só sob pena de exaustão, mas sob pena de fim da espécie, quando a humanidade atinge a escala de mais de 7 mil milhões de seres!

Para não esquecer: da pirataria, roubo e extorsão dos produtos energéticos da Venezuela e do Irão, o “ocidente” passou à sabotagem terrorista dos dutos russos!…

 

CORTAR A TODO O TRANSE A PERSPECTIVA DE INTEGRAR A ALEMANHA (POR TABELA A EU) NA EMERGÊNCIA MULTILATERAL.

O episódio da sabotagem aos gasodutos que socorriam desde a Federação Russa uma Alemanha (uma Europa) carente de energia, sublinha o momento da viragem nos termos da mudança de paradigma a que estamos a assistir.

As duas opções colocam-se a todo o imenso continente Asiático-Europeu: continuar o neocolonialismo elitista e exclusivista da grande devassa hegemónica, ou assumir a cooperação possível, capaz de gerar desenvolvimento sustentável indispensável para se equacionar a vida em todo o planeta, respeitando-se a Mãe Terra?!

Os alicerces do zombi-híbrido EU/NATO estão a ser sujeitos a essa decisiva prova, teluricamente sob os pés do “sistema” implantado, um “sistema” com odor a enxofre, pelo que é legítimo aos povos europeus despertarem e tratarem de sua liberdade compatível com a responsabilidade da cooperação e da solidariedade multilateral, liberdade que lhes garante emergência sociocultural e sociopolítica, ao invés duma vassalagem que os atira para um abismo com horizontes sombrios que aliás já antes experimentou, quando a voracidade do capitalismo levou a duas sucessivas Guerras Mundiais.

A IIIª Guerra Mundial, em todas as suas intrínsecas geometrias variáveis, está aberta a esse caminho arterial de libertação face à grande devassa venosa neocolonial e é esse o desafio-chave de todo o tipo de democracias, particularmente as “representativas”, ou seja, aquelas que comportam os mais evidentes sinais de neocolonização aprofundados pelo jogo do choque e terapia neoliberal, exposto aliás nas “revoluções coloridas” e nas “primaveras árabes”, geradores de caos, de terrorismo e desagregação.

Sendo um acto de terrorismo, a sabotagem dos gasodutos Nord Stream I e Nord Stream II, sinalizam até onde pode agora ir a tentação da hegemonia na disputa por matérias-primas numa fase de início de perda de influência e de capacidade, ou seja, quando estão a perder as ricas regiões do Donbass e da Novo Rússia na sequência do golpe de estado da EuroMaidan!

A Alemanha tem disso percepção própria desde o exercício da chanceler Ângela Merkel e está a ser forçosamente colocada num desequilíbrio crítico.

De há muito que a hegemonia perdeu capacidade ética e moral, desde logo quando fez explodir as bombas atómicas em Hiroshima e Nagasaki, em 1945, mas desde então tratou de ditar as regras exclusivistas de seus interesses e conveniências, de agravo em agravo, na medida em que a exaustão do planeta se foi conformando em função de seu engenho e arte neocolonial!

Se a hegemonia pode ainda sabotar outros dutos da Federação Russa (por exemplo, o Turk Stream pode estar no próximo horizonte), agora que a decisão sobre a Ucrânia vai favorecer cada vez mais as capacidades multilaterais emergentes o sinal do fim do neocolonialismo anglo-saxónico está nos horizontes de todo o Sul Global, povos europeus, ávidos de liberdade responsável, incluídos.

De facto quanto do exercício do Primeiro Ministro húngaro Victor Orban na EU/NATO tem como alicerces a sua “vitalidade” estratégica (que contamina a Turquia e a Sérvia, cooptando por tabela a Bulgária), em função da Turk Stream?

Quanto por exemplo, a ameaça curda pode ser usada pelos Estados Unidos a fim de tentar sabotar esse gasoduto, tirando partido das práticas de largos anos no roubo do petróleo sírio?

A hegemonia unipolar tentacularmente neocolonizadora corre porém o risco de ver seus navios transportadores de gás liquefeito legitimamente afundados no âmbito de medidas de retaliação, ainda que isso não seja expresso publicamente como hipótese por mais ninguém senão por analistas dos acontecimentos que dimensionam os factos desde a sua profundidade causal…

Este é o momento de transição em que se perdeu segurança vital colectiva comum e existe a tentação de tudo se poder fazer valer, em especial o que delapida ainda mais o Sul Global, Rússia e China incluídas!

A Federação Russa pode por outro lado fechar as torneiras do fornecimento de alumínio, de urânio e de titânio aos que perfilham neocolonialismo sustentado pela hegemonia, paralisando um leque enorme de indústrias “ocidentais” e agravando ainda mais a crise no reduto unipolar…

Todos os povos, à uma, podem agora começar a exigir com outro grau de consciência e pertinência, o fim da devassa neocolonial que conduz ao caos, ao terrorismo, à desagregação e à pré-anunciada morte do fim da espécie!…

O alerta coincide com os termos precisos da emergência da “doutrina Putin”!

Círculo 4F, Martinho Júnior, 1 de Agosto de 2022.

 

D:\PRODUÇÕES\2022\MJ - AGO 22\CÍRCULO 4F..jpgImagem: A segurança do TurkStream é uma prioridade para a Hungria – https://hungarytoday.hu/security-of-the-turkstream-is-a-priority-for-hungary/.

Alguns textos de consulta:

Alguns textos de Martinho Júnior:

 

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