Formação de comboios num dos terminais que se dirigem da China à Europa; os comboios que levaram a ajuda para o combate à pandemia na Europa fizeram apenas 10 dias de viagem
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Imperio equivocado…

IMPÉRIO EQUIVOCADO…

O Império da hegemonia unipolar tem feito sistematicamente cálculos equivocados sobre as potencialidades da revolução cultural chinesa, que perfez agora sete décadas de vida, numa altura em que, por seu turno, o Parido Comunista Chinês faz 99 anos!

O Partido Comunista da China, que perfez 99 anos, é o mentor e motor da Revolução Cultural; possui 92 milhões de membros

O Partido Comunista da China, que perfez 99 anos, é o mentor e motor da Revolução Cultural; possui 92 milhões de membros

Esses cálculos equivocados resultam do facto histórico da aristocracia financeira mundial, herdeira também dos impérios coloniais, jamais ter feito a descolonização mental que transversalmente tolda as artes e os engenhos do seu equívoco maior: o domínio construído palmo a palmo segundo os parâmetros de hegemonia unipolar conforme às incidências da IIIª Guerra Mundial contra os países do sul, «eternos» fornecedores de matéria-prima e mão-de-obra barata!

Em relação à China, a visão neoliberal em vigor desde a administração de Ronald Reagan, trouxe ainda mais equívocos para a aristocracia financeira mundial, que se acrescentaram aos equívocos anteriores, por que além do mais alimentaram uma falsa perspectiva «economicista», a de que o mercado, com a deslocalização de tanta indústria, iria neutralizar a economia pública chinesa e isso iria subverter as vontades dominantes na China e mesmo o Partido Comunista Chinês, a favor do plasma da globalização neoliberal, integrando «formatadamente» a República Popular da China no «mundo livre»!…

Essa era uma nova versão que se inscrevia na necessidade de, para o império da hegemonia unipolar herdeiro do carácter e da cobiça dos impérios coloniais, haver sempre a necessidade dum inimigo para subjugar e maltratar, como o que te acontecido desde as «descobertas marítimas» dos séculos críticos, os séculos XV, XVI e XVII!

A força «soft power» da revolução cultural chinesa todavia, expõe agora esses equívocos desde os tempos em que padrão foi competição colonialista imposta a ferro e fogo pelas potências europeias de então, a que se juntaria os Estados Unidos com a projecção da política de portas abertas a fim de favorecer seus interesses, sem beliscar os interesses dos invasores ciosos de comércio estritamente favorável às potências coloniais (séculos XVI, XVII, XVIII, XIX e início do século XX)!

Com a política de portas abertas já sob a equação da revolução cultural (Deng Xiao Ping), a China absorveu sim tecnologias de origem «ocidental» como nenhum outro estado no mundo, mas em função da contradição com o sentido da história resultante do colapso que se prolongou entre o século XVII e o século XX, é dessa contradição histórica e não duma outra qualquer «ordem» imposta do exterior, que emerge a sua revolução cultural numa pluralidade capaz de impulsionar a essência do Não Alinhamento durante o século XXI, numa nova fórmula de extensiva emergência multilateral!

A revolução cultural chinesa visava acabar com a expressão do poder colonial e refazer em novos moldes, o poder da grande China da dinastia Ming, balanceando os erros da sua fase final!… (https://aviagemdosargonautas.net/2020/05/23/porque-xi-nao-vai-repetir-os-erros-da-dinastia-ming-por-pepe-escobar/).

Formação de comboios num dos terminais que se dirigem da China à Europa; os comboios que levaram a ajuda para o combate à pandemia na Europa fizeram apenas 10 dias de viagem

Formação de comboios num dos terminais que se dirigem da China à Europa; os comboios que levaram a ajuda para o combate à pandemia na Europa fizeram apenas 10 dias de viagem

Ao absorver tecnologias, a RPC integrava nos processos de produção da economia moderna de natureza multifacetada que fez movimentar, importantes contingentes da população rural que viviam em relativa precariedade feudal desde o século XVI, deslocando-a do campo para os ambientes urbanos de grandes cidades e regiões industriais, resgatando centenas de milhões de seres humanos que haviam passado a viver no campo, atraídos pelos sinais de modernidade!…

À medida que essas centenas de milhões de seres foram sendo estabelecidos nas imensas áreas urbanas e industriais, a China refazia-se lançando as bases de seu próprio relacionamento com o exterior conforme o que acontecia no apogeu da dinastia Ming com as tecnologias dessa época, por que o verdadeiro contencioso era com o passado que havia marcado o colapso dessa mesma dinastia, jamais na base dos relacionamentos que o império da hegemonia unipolar pretendeu com sua «livre» acção inscrever com seu pendor bárbaro, brutal e colonial!

O Foguetão Grande Marcha 3B, levou para o espaço o 55º e último satélite do sistema de navegação por satélite BeiDou (Ursa Maior), o 4º sistema do género, depois do GPS (Estados Unidos), Galileo (União Europeia) e Glonass (Rússia) – http://www.correodelorinoco.gob.ve/china-completo-su-constelacion-de-satelites-de-navegacion-global/

O Foguetão Grande Marcha 3B, levou para o espaço o 55º e último satélite do sistema de navegação por satélite BeiDou (Ursa Maior), o 4º sistema do género, depois do GPS (Estados Unidos), Galileo (União Europeia) e Glonass (Rússia) – http://www.correodelorinoco.gob.ve/china-completo-su-constelacion-de-satelites-de-navegacion-global/

A revolução cultural foi nesse sentido, uma contínua vitória sobre os poderes que chegavam de fora ciosos de seu quinhão de investimento ultra-favorável e egoista: ao propiciar a instalação das indústrias, as velhas potências coloniais e liberais, entraram na armadilha que nunca esperaram entrar e de onde não conseguiram mais sair, por um inteligente engodo ao nível de sua cobiça, agora defraudada com a emergência duma poderosa China que se expande geostrategicamenbte em novos moldes, de forma irremediável desde seu próprio território e fronteiras, repescando o carácter «soft power» que havia sido experimentado no século XV! (https://global.chinadaily.com.cn/a/201811/02/WS5bdc11dea310eff303286442.html; https://www.beltroad-initiative.com/).

Sintomaticamente Hong Kong está a marcar o início do momento da grande viragem!…

Outros sinais se lhe seguirão a seu tempo, não por via da força militar, mas pela extensão da dissuasão «soft power», imparável na sua lógica com sentido de vida, por que a barbárie colonial está finalmente a exaurir-se e, com ela, a arrogância do império unipolar! (https://global.chinadaily.com.cn/a/202006/27/WS5ef7586da3108348172557f4.html; http://portuguese.xinhuanet.com/2020-07/01/c_139179741.htm).

 

 

01- A força propulsora da revolução cultural chinesa tem sido profundamente dialética em relação aos contenciosos internos, que ocorreram com o fim da dinastia Ming (https://en.wikipedia.org/wiki/Ming_dynasty) e durante a dinastia Qing, o último dos impérios chineses, que vigorou entre 1636 e 1912. (https://en.wikipedia.org/wiki/Qing_dynasty).

A China ao voltar-se sobre si própria, foi marcada pela ruralidade vocacionada para uma agricultura de autossubsistência que atirou o país para o subdesenvolvimento, facilitando as invasões e as agressões do âmbito dos impérios coloniais europeus (britânico, francês, alemão e italiano), acompanhados por fim pela visão liberal do expansionismo estado-unidense («portas abertas» para a proficuidade da rapina)!

Essa China experimentou durante séculos, na sua própria carne, a barbárie do colonialismo dos impérios europeus e nipónico, sabendo por experiência própria que jamais será essa a via civilizada de lutar pela vida de toda a humanidade, respeitando ao mesmo tempo o planeta que deu origem à vida tal e qual a conhecemos hoje! (https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerras_do_%C3%B3pio; https://www.terra.com.br/noticias/educacao/historia/japao-contra-china-o-massacre-de-nanquim,8008affdfb1ea310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html; https://pt.wikipedia.org/wiki/Segunda_Guerra_Sino-Japonesa).

Muito mais adequada foi a experiência de relacionamento da dinastia Ming, na base dum «soft power» profícuo e comparativamente muito mais brando, com a qual há que também aprender com os seus erros finais, para que erros similares não voltem a acontecer neste século XXI!…

 

02– Garantida a modernidade da sua economia a China manteve coerentemente os objectivos culturais de sua revolução: havia que, a partir do seu próprio território, a partir de sua própria experiência milenar, estabelecer relacionamentos externos capazes de civilização, buscando consensos que podem ser estabelecidos em exercícios comuns com outros estados, outros povos e outras culturas… um autêntico revigoramento dos processos de Não Alinhamento activo de que a globalização civilizada tanto carece, pelo sinal de multipolaridade que garante e recria! (http://www.xinhuanet.com/english/2020-07/01/c_139181199.htm; http://www.correodelorinoco.gob.ve/presidente-de-venezuela-saluda-al-partido-comunista-de-china-en-su-99-aniversario/).

É uma China que não tem de fazer descolonização mental que emerge e por isso capaz de entender outros pares que nesse aspecto têm culturas com trilhas similares, independentemente das vias, circunstâncias e conjunturas em que dramaticamente ocorreram, em todos os continentes da Terra! (http://www.xinhuanet.com/english/2020-07/01/c_139180825.htm).

Quadro-síntese do percurso de 70 anos da República Popular da China;

Quadro-síntese do percurso de 70 anos da República Popular da China

A agora poderosa China emergente, valorizando a lógica com sentido de vida e sem mais receios da brutalidade colonial, é sensível a todos os que pretendem alcançar esse patamar de efectiva descolonização mental e física, tendo em conta desde logo a sua própria experiência e por isso está apta a respeitar outras experiências desse mesmo cariz, o que faz também melhor entender os respectivos processos socioculturais e sociopolíticos! (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/04/martinho-junior-luanda-as-profundas.html).

A sincronização com a Rússia no imenso continente euroasiático vai nesse sentido, (https://asiatimes.com/2020/06/russia-aiming-to-realize-greater-eurasia-dream/) integrando a Mongólia e os estados da Ásia Central, a que se juntou já a profícua experiência da Organização de Cooperação de Shangai. (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/01/o-imperio-mexe-se-com-pes-de-barro.html).

Esse entendimento abre perspectivas euroasiáticas noutras direcções: Turquia, Síria, Irão, Iraque, Afeganistão, para além do Paquistão, da Índia, do Bangladesh e dos estados da região do Sudeste Asiático, apesar de algumas contradições de ordem secundária de que a hegemonia unipolar tenta explorar a fim de radicalizar e se beneficiar das cisões! (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/02/a-siria-uma-ampulheta-viva-na-mudanca.html).

A União Europeia e particularmente a Alemanha, está cada vez a ser mais envolvida no jogo de interesses «soft power» que se distende do leste!… (https://asiatimes.com/2020/06/a-pipelineistan-fable-for-our-times/).

Abre também perspectivas amplas na América Latina, particularmente com as resolutas revoluções culturais de Cuba, da Nicarágua e da Venezuela, elas próprias vitoriosas e ricas em relação aos longos processos de descolonização mental e irradiadoras de civilização em estreita contradição com a barbárie da hegemonia unipolar e seus expedientes tentaculares de vassalagem! (http://www.portalalba.org/; http://www.cubadebate.cu/etiqueta/alba/).

Em relação a África enquanto ultraperiferia económica global, a China garante uma outra atenção e uma outra perspectiva, não se furtando a algumas experiências pioneiras que urge distender e multiplicar face à guerra psicológica e ao neocolonialismo vigente que mantêm África amarrada a um elevado grau de subdesenvolvimento, conforme anualmente comprovam os relatórios dos Índices de Desenvolvimento Humano da ONU! (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/03/a-paz-impoe-outra-percepcao-sobre.html).

África e o Médio Oriente Alargado têm sido aliás o pasto dilecto e mais continuado da «escondida» IIIª Guerra Mundial nos moldes do interesse e da conveniência da aristocracia financeira mundial! (https://frenteantiimperialista.org/blog/2020/01/11/ahi-esta-la-iii-guerra-mundial/; https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/08/23/un-mar-de-muerte/).

A Europa está agora em crise existencialista: se por um lado são tão intensas as amarras de vassalagem transatlântica (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/03/chegam-europa-do-virus-os-bombardeiros.html?spref=fb&fbclid=IwAR17rxrVu2qzKOGzrQSFyRizD0OHoa-Fcq5z6NpfBQSjAkaz28JtoSCgyCM), que em desespero de causa a hegemonia unipolar pretende extravasar para outros oceanos e outras manobras transcontinentais, por outro o poder apelativo das iniciativas «belt and road» (https://www.beltroad-initiative.com/belt-and-road/) e seu modelo «soft power» que corresponde à lógica com sentido de vida, vai garantindo resultados, apesar dos reflexos directos e indirectos da acção opositora das últimas administrações de turno nos Estados Unidos, na defesa dos interesses do império da hegemonia unipolar! (https://www.cfr.org/backgrounder/chinas-massive-belt-and-road-initiative).

O último dos resultados é uma «pequena» vitória: a China garantiu socorro à Europa em função das necessidades de fazer frente à pandemia, com o desembaraço de comboios que estão a fazer as ligações entre algumas das principais cidades fronteiriças chinesas e os nós ferroviários europeus em apenas 10 dias!… (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/04/a-china-estende-rota-da-seda-para-saude.html; https://global.chinadaily.com.cn/a/202006/28/WS5ef7d4cda31083481725581a_2.html).

 

03– Esse esforço da revolução cultural chinesa num movimento de dentro para fora de suas fronteiras está a ganhar substantiva consistência por via das iniciativas «Belt and Road», com dimensão transcontinental, transoceânica e espacial… (http://www.correodelorinoco.gob.ve/china-completo-su-constelacion-de-satelites-de-navegacion-global/).

As Novas Rotas da Seda rompem a Eurásia e os oceanos, entre o Pacífico e o Atlântico

As Novas Rotas da Seda rompem a Eurásia e os oceanos, entre o Pacífico e o Atlântico

As infraestruturas rodoviárias e ferroviárias, os portos e a construção naval, os oleodutos e gasodutos fulcrais para garantir energia a baixo custo, as novas tecnologias aplicadas a todos s sistemas que se vão despregando, estão a dar vigor a múltiplas Novas Rotas da Seda, transcontinentais, transoceânicas, espaciais e, para fazer tudo isso, há um quesito comum que se opõe à barbárie daqueles que não conseguiram levar a cabo a descolonização mental: a paz! (https://www.fort-russ.com/2020/01/hussein-askary-discusses-the-new-silk-roads-advance-across-the-middle-east/?utm_medium=ppc&utm_source=wp&utm_campaign=push&utm_content=new-article).

A força emergente desse substantivo processo de Não Alinhamento activo revitalizado, simultaneamente garante de paz e de vida, é um poder brando que se impõe por si com base em persuasivas evidências e, muito pelo contrário, é avesso a qualquer tipo de força ofensiva, seja de natureza inteligente ou militar, mas sem descurar a defensiva, ns terms de «guerra híbrida» («se tivermos que dançar com os lobos, não o vamos fazer ao ritmo dos Estados Unidos»)!… (https://asiatimes.com/2020/05/china-updates-its-art-of-hybrid-war/).

A guerra psicológica enquanto fluência da IIIª Guerra Mundial está a ser paulatinamente vencida neste século XXI, particularmente no supercontinente «Europásia» e os bastiões de barbárie estão cada vez mais remetidos à defesa apesar da continuidade d sua arrogância: nem os músculos de inteligência, nem os músculos militares conseguem já fazê-lo esconder! (https://frenteantiimperialista.org/blog/2018/07/08/la-guerra-psicologica-del-imperio-de-la-hegemonia-unipolar-en-africa/).

Esse processo naturalmente tarda mais em relação à América Latina e sobretudo a África, mas em relação à Europa, está-se por essa razão em plena crise existencialista que a demarca da ainda recente cristalizada letargia que advém dum passado remoto de mais de 500 anos!

Para toda a humanidade, conforme ao tão aprecviado prognóstico musical de Xico Buarque, «amanhã há de ser outro dia»!… (https://www.youtube.com/watch?v=84PsKnaTlcg).

 

Luanda, 2 de Julho de 2020.

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