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La conquista del Ártico. Martinho Júnior

À CONQUISTA DO ÁRTICO.

DESDE OS MARES QUENTES DO ÍNDICO, SE DISTENDE O CORREDOR DE TRANSPORTE SUL-NORTE, EIXO DA TRANSIÇÃO SISTÉMICA GLOBAL…

A ÍNDIA, O IRÃO E A ÁSIA CENTRAL JUNTAM-SE AOS ESFORÇOS ENERGÉTICOS DA RÚSSIA.

UM APONTAMENTO ACTUAL.

A Rússia está a aproveitar o aquecimento global na Sibéria e no Ártico:

Na Sibéria aumentam as explorações de petróleo e de gás, com que a Rússia está a suprir muitos dos seus parceiros multilaterais asiáticos, com a China e a Índia, as duas mais populosas nações da Terra, à cabeça;

No Ártico uma nova fornada de quebra-gelos nucleares vai possibilitar uma navegação todo o ano entre o Pacífico e o Atlântico, encurtando as rotas entre o extremo oriente e “o ocidente”, com a segurança garantida em função dum colar de pontos de apoio na costa norte da Federação Russa.

A Rússia, deixando de fornecer petróleo e gás à Europa, tem garantidos compradores por toda a Ásia, com preços competitivos, mas não deixando de corresponder à OPEP+…

Qualquer veleidade dos “straussianos” no sentido de levar o hegemon à disputa do Ártico, esvai-se por completo, por que a Rússia e seus parceiros multilaterais continentais interessados no Corredor de Transporte Sul-Norte (Índia, Irão, Ásia Central e Rússia), jogam para além das capacidades da economia e das finanças.

De facto é toda o intercâmbio da riqueza sociocultural milenar que suporta o esforço conjugado como uma poderosa mola invisível, mas actuante nos termos da cooperação e solidariedade sem limites, “removendo montanhas”, quebrando isolamento e com isso visando alimentar a penetração de imensos espaços vazios na Sibéria, a partir da qual se chega por terra aos pontos intermédios do Ártico, entre o Pacífico e o Atlântico.

Esse Corredor parte do porto de Chabahar, no Golfo de Oman, sudeste do Irão, serve o Afeganistão com vantagem e na direcção norte atravessa a Ásia Central indo desembocar em Tiumen, Omsk, Novosibirsk e Altai, já dentro da Federação Russa; daí atravessará o meridiano (Yamalo-Nenets, Krasnoyarsk e Yakutia), que indo desembocar nos poços de petróleo e gás na Sibéria, chegará ao Ártico, ou seja, uma linha seguindo um meridiano do Índico ao Ártico, cruzando com os paralelos continentais da Nova Rota da Seda na Ásia Central!

O que acontece no oceano glaciar vai cada vez mais ser suportado pelo esforço dos intercâmbios que obrigam a linhas de transporte, proveniente do sul.

Os Estados Unidos sabem desses projectos multilaterais, articulados e interconectados, alguns dos quais já estão em desenvolvimento e o seu plano de estilhaçar a Federação Russa tal como fez com suas práticas de conspiração na Jugoslávia, está em cima da mesa, empolando sobretudo a plataforma ocidental da Ucrânia, a fim de melhor instrumentalizar a Europa, sua refém colónia.

Sem conseguir pôr pé no miolo do imenso continente asiático-europeu, os anglo-saxónicos não só não terão consistência no Ártico, como também se arriscam a ver cair a União Europeia na atracção à multilateralidade, a única via e forma de sua libertação!

Círculo 4F, Martinho Júnior, 6 de Dezembro de 2022.

CÍRCULO 4F.

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28% do trânsito estrangeiro; um novo recorde para o porto de Chabahar – O Diretor Geral dos Portos e Marítimos do Sistão e Baluchistão anunciou a atracação do oitavo navio de trânsito que transporta trigo doado pela Índia ao Afeganistão no porto de Chabahar – https://www.pmo.ir/en/news/51428/28-of-foreign-transit-a-new-record-for-Chabahar-Port

 

Imagem: O mais novo quebra-gelo movido a energia nuclear da Rússia chega a Murmans – O navio quebra-gelo movido a energia nuclear Sibir chegou ao porto de Murmansk, no Ártico russo, no sábado. O navio chegou de São Petersburgo, onde foi o segundo do Projeto 22220, ou quebra-gelos da classe Arktika, a ser construído pela Baltic Shipyard para a subsidiária da Rosatom, Atomflot. – https://www.arctictoday.com/russias-newest-nuclear-powered-icebreaker-arrives-in-murmansk/

 

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