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La deuda ética y moral de África para con Cuba. Martinho Júnior

A DÍVIDA ÉTICA E MORAL DE ÁFRICA PARA COM CUBA.

«Por um sentimento de dever para com a República de Cuba, um país irmão e amigo com o qual mantivemos, no passado e no presente, relações e outras que iremos tricotar no futuro, a Argélia decidiu aliviar as dificuldades que enfrenta a economia cubana, mediante a anulação dos juros da dívida cubana com a Argélia e o adiamento do pagamento dessas dívidas»

Presidente Tebboune afirma a solidariedade da Argélia com o povo cubano pelo levantamento do bloqueio econômico – https://www.aps.dz/algerie/147723-le-president-tebboune-affirme-la-solidarite-de-l-algerie-avec-le-peuple-cubain-pour-la-levee-du-blocus-economique

A MUDANÇA DE PARADIGMA NO SENTIDO DA MULTILATERALIDADE, OBRIGA ÁFRICA AO DEVER DE RECIPROCIDADE PARA COM A SOLIDARIEDADE CUBANA.

MEMÓRIA NO 6º ANIVERSÁRIO DO DESAPARECIMENTO FÍSICO DO COMANDANTE FIDEL.

Um dia Cuba Revolucionária e o seu povo heroico, sob a orientação do maior estadista contemporâneo que foi e é o Comandante Fidel de Castro Ruz, decidiu-se pela dignidade de pagar a dívida ética e moral para com África, algo inédito para toda a humanidade que implica um resgate Imenso (antropológico e histórico), do que foi feito contra os africanos pelos processos dominantes, durantes mais de 5 séculos…

Vencer o colonialismo institucional e o “apartheid” institucional são pedras basilares já alcançadas nessa esteira, um episódio num longo caminho que tem como obstáculos maiores correntes o neocolonialismo e o império da hegemonia unipolar, num momento em que se torna possível a opção da mudança de paradigma, numa via de multilateralidade emergente, cooperante e solidária.

O pagamento da dívida ética e moral para com África, marca a fasquia a que se guindou o indómito socialismo cubano à prova de corrupção do império da hegemonia unipolar, apesar do bloqueio que esse império desencadeou de há mais de 60 anos a esta parte contra a ilha rebelde, que lhe está ali mesmo à mão de semear do seu bárbaro poderio.

Perante as sucessivas crises contemporâneas e a intensificação do bloqueio, agora não basta o voto esmagador na Assembleia-Geral da ONU, ano a ano, contra o bloqueio, um voto favorável a Cuba por parte do continente africano em peso…

Agora África deve solidariedade a Cuba, sob pena de, ao não o fazer, demonstrar dar passos no sentido de sua própria neocolonização!

Isto não é portanto um mero acerto de contas, ao nível dum qualquer negócio de ocasião, até por que é a ocasião que faz o ladrão…

Para muitos em África esbateu-se a memória do tráfico de escravos, da escravatura, do colonialismo institucional, do “apartheid” institucional e é também com esse tipo de falências que, deixando de honrar o passado e a história, penetram os processos neocolonizadores instigados a partir das antigas potências coloniais sob a égide anglo-saxónica, que entretanto esmeraram suas capacidades económicas e financeiras, assim como seus meios operativos de inteligência, a fim de garantir seus próprios interesses e suas conveniências.

Os exemplos chovem: além de não se dar relevo em África, à saga da revolução dos escravos no Haiti e o que ela inspirou sobretudo na América, faz-se por se desconhecer a história dum dos primeiros estados africanos independentes, a Libéria, filtrado em sua dependência pelo próprio império da hegemonia unipolar…

 

A ARGÉLIA DÁ O EXEMPLO.

Há pouco mais de 60 anos, logo que a revolução triunfante se assumiu em Havana, que Cuba revolucionária apoiou solidária e indelevelmente a luta armada de libertação da Argélia contra o colonialismo francês e contra os apetites expansionistas do Reino de Marrocos (que agora se assumem colonialmente sobre o Sahara).

Nessa altura Cuba iniciou um percurso vertical, de Argel ao Cabo, empenhando-se em apoiar directamente com os melhores de seus filhos, a luta armada de libertação contra o colonialismo e o “apartheid”, que com a passagem do Comandante Che Guevara pelo Congo estava também apontada para a luta contra o neocolonialismo no estado africano chave que é o Congo (actual República Democrática do Congo).

A verticalidade cubana no apoio directo a África sedenta para se ver livre do colonialismo e do “apartheid”, seguiu o meridiano em sentido contrário ao que inspirou o colonialismo britânico insuflado pelo génio imperial de Cecil John Rhodes e da British South Africa Company, BSAC, do Cabo ao Cairo.

Em 60 anos de intensas relações de irmandade solidária entre Cuba e a Argélia, agora que a hegemonia unipolar se empertiga ao ponto de obrigar a cada vez maiores sacrifícios seus vassalos e meio-domesticados “coligados” e “parceiros” para além dos seus alvos directos, entre eles Cuba, face à situação de ilha açoitada pelo bloqueio, pela pandemia do Covid e pelas cada vez maiores tempestades naturais que assolam o vasto Caribe, é a vez de África apoiar Cuba para além de o fazer formalmente nas instituições internacionais e, nesse sentido a Argélia, enquanto componente do Sul Global, está a dar o exemplo!

A Argélia cumpre acima da medíocre média africana: não se rendendo a expedientes neocoloniais, assume-se como estado de Não-Alinhamento proactivo, emergente, multilateral, apto à cooperação, solidário para com a luta armada de libertação do Sahara e para com os mais miseráveis estados do Sahel (que estão na cauda dos Índices de Desenvolvimento Humano conforme os relatórios anuais da ONU) e pronto para entrar nos BRICS+, ou mesmo na Organização de Cooperação de Xangai.

O Presidente de Cuba e Primeiro Secretário do Comité Central do Partido Comunista de Cuba, companheiro Diaz-Canel, depois de mais uma esmagadora votação anual na Assembleia-Geral da ONU condenando o bloqueio, iniciou um périplo por quatro países, começando precisamente pela Argélia (os outros três são a Rússia, a Turquia e a China).

Os contactos, para além da marcante irmandade, respeito mútuo e solidariedade, foram frutíferos pela intensificação de laços económicos e financeiros respondendo à solidariedade possível hoje:

  1. «Por um sentimento de dever para com a República de Cuba, um país irmão e amigo com o qual mantivemos, no passado e no presente, relações e outras que iremos tricotar no futuro, a Argélia decidiu aliviar as dificuldades que enfrenta a economia cubana, mediante a anulação dos juros da dívida cubana com a Argélia e o adiamento do pagamento dessas dívidas» (Presidente Tebboune);
  2. «Doar uma usina solar a Cuba e retomar o fornecimento de hidrocarbonetos para permitir que este país reinicie as usinas e ponha fim aos atuais cortes de energia» (Presidente Tebboune);
  3. «Reforçar a cooperação na indústria farmacêutica, criar o número necessário de joint-ventures, produzir vacinas e promover o intercâmbio de experiências nos campos do ensino superior, juventude e comércio» (Presidente tebboune);
  4. Na reunião da Comissão Mista em Havana prevista para o início de 2023, a delegação oficial «será acompanhada por cerca de 150 investidores argelinos para examinar as oportunidades de investimento em Cuba».

O momento é para actuar em toda a linha da multilateralidade emergente e não se deve confundir solidariedade com qualquer tipo de caridadezinha ou negócio de ocasião, pois o que está desde logo em causa é a necessidade de integração de economias capazes de gerar vantagens produtivas recíprocas e não ponham em causa a tão vanguardista experiência socialista de Cuba, que se apresta agora a mais eleições municipais.

Quando os povos atingem um patamar de sintonia e harmonia, aos estados irmão cabe realizar obra e com Cuba, essa obra jamais poderá beliscar o projecto socialista revolucionária que continua a animar a maior das Antilhas como um luminoso farol para toda a humanidade.

A fasquia da dívida ética e moral de África para com Cuba, tem muito que aprender com a pedagogia da irmandade solidária entre a Argélia e Cuba.

A luta continua.

Círculo 4F, Martinho Júnior, 25 de Novembro de 2022.

CÍRCULO 4F.


Imagem: Presidente Tebboune afirma a solidariedade da Argélia com o povo cubano pelo levantamento do bloqueio econômico – https://www.aps.dz/algerie/147723-le-president-tebboune-affirme-la-solidarite-de-l-algerie-avec-le-peuple-cubain-pour-la-levee-du-blocus-economique

 

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