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Reconversión estratégica del imperio de la hegemonía unipolar

RECONVERSÃO GEOESTRATÉGICA DO IMPÉRIO DA HEGEMONIA UNIPOLAR.

… Os mecanismos de poder dominante e exclusivista, que se fazem “representar” na tal “democracia” (passo o cinismo e a hipocrisia por junto e atacado), que constitui o núcleo duro da capacidade de decisão do império da hegemonia unipolar, aproveitaram-se bem da tão bem programada e injectada transição da exacerbada vocação protecionista vinculada ao “the american first”, para a vocação neoliberal que é genética preferencial de sua essência desde os tempos de Ronald Reagan e Margareth Thatcher!…

Esse aproveitamento é visível no período da osmose entre a administração de Donald Trump e a de Joe Biden, “Obama III”, no que diz respeito não só à “reconfiguração” do Pentágono (e seus Comandos que cobrem o globo), à “reconfiguração” do sistema de inteligência (agora integrado nos expedientes da “diplomacia”), mas também a “reconfiguração” do carácter da NATO e a “reconfiguração” das características dos estados avassalados, particularmente os que compõem a União Europeia, uma leitura “jurisprudente” realçada, a título de exemplo, pelos resultados da fantochada das últimas eleições presidenciais em Portugal, saudosistas de colonial-fascismo e da carga hipócrita inscrita nas culturas hispano-ibéricas “por séculos e séculos, ámen”!…

Jogando mais que nunca com as aparências, as ilusões, as miragens e os discursos persuasivos a condizer, deu-se mais um passo na direcção dum ou de vários conflitos de grandes proporções, sem diminuir a carga de outros conflitos “larvares” onde a promoção do caos, do terrorismo e da desagregação não deixa de ser elaborada e continuamente praticada (a via do choque e da terapia neoliberal contra o Sul Global), como se fosse um legado por inércia cuja eclosão se tornou mais visível no início da década de 90 do século XX, já lá vão 30 anos!

A vontade dominante do complexo financeiro-militar-industrial, é a “representatividade” determinante!

O próprio ambiente global depressivo, óptimo para a guerra psicológica da IIIª Guerra Mundial infestada de novas tecnologias contra o Sul Global, em resultado da acumulação de crises a que se veio associar a pandemia, é propício a transições deste tipo, com o protagonista que sai “a preparar o terreno” para o protagonista que se lhe segue, caprichos à parte, mesmo que eles sejam propositadamente tonitroantes!…

 

01– A “reconfiguração” do Pentágono ao sabor do complexo financeiro-militar-industrial foi sendo preparada com todas as evidências pelo quadro da Administração Trump, ao privilegiar exponencialmente seus relacionamentos com o sionismo de Israel, ou seja, “reconfigurando” a sua plataforma intervencionista no e a partir do Médio Oriente Alargado, tendo em conta os identificados alvos de resistência ao império.

A manobra foi instalada paulatinamente, construída degrau a degrau e conduzia à “inevitabilidade” da deslocação de Israel do EuroCom para o CentCom, uma das últimas grandes cartadas do império de cultura anglo-saxónica no Médio Oriente Alargado e regiões subjacentes a fim de subir a parada da tensão na Eurásia no início da década 20/30 do século XXI.

O sionismo de Israel passou a ser finalmente a “pedra de toque” do mais beligerante dos Comandos, o Comando Central e tudo passou a girar em função dessa plataforma, tão propícia à girândola de devassa, caos, terrorismo e desagregação no seu entorno… para melhor se afirmar, proteger e reinar!

Os alvos são os ganhos das alianças multipolares na Eurásia, particularmente os decorrentes da Nova Rota da Seda, um projecto multicultural e multipolar, emergente, integrador e aglutinador, com implicações em colossos como a RPC, a Federação Russa, a Ásia Central (tendo como fulcro o Cazaquistão) e o Médio Oriente Alargado (particularmente em estados fluidos mas assentes em culturas “tentaculares” como a Turquia, o Irão e o Paquistão)…

A plataforma sionista dum Israel em ponto de “apartheid”, que sacrifica até à exaustão o já completamente pulverizado Estado Palestino, é agora mais que nunca indispensável para as “reconfiguradas” agressões ao Líbano, à Síria, ao Iraque e sobretudo ao Irão, um baluarte de resistência com geoestratégias próprias de geometria variável e transversalidades que se desdobram pela imensa região e conseguem frentes de apoio em áreas tão sensíveis como as do Iraque, da Síria, do Líbano e, mais a sul a do Iémen!

O império da hegemonia unipolar joga com a dialética de três campos flexíveis sob égide anglo-saxónica: dum lado a tese do sionismo “coligado” às monarquias arábicas wahabitas sunitas (e suas radicalizadas redes), do outro a antítese dos xiitas alinhados ao espectro de redes do Irão e a curta distância entre os antagónicos, a versatilidade dos Irmãos Muçulmanos sob as ordens de Erdogan e com a visão alargada até à Ásia Central à Sibéria e a África.

As “coligadas” monarquias arábicas integram por arrasto a imposição da plataforma sionista de Israel, o que permite a fluidez das redes radicalizadas tisnadas das cores da Al Qaeda, do Estado Islâmico e dos talibãs, já antes também filtradas pela inteligência sionista (em conluio com o plano anglo-saxónixo).

Essa plataforma fundamental para a “reconfiguração” do Comando Central, é também um reforço para a manobra de entrosamento a três tempos do Comando Central com o Comando África (portas do Magrebe em Marrocos e do submetido Sudão) e o Comando Europa (particularmente no Mediterrâneo Oriental e Central).

Paralelamente a Turquia, que continua a ser membro da NATO, estabeleceu uma agenda carregada de “transversalidades”, que tiram amplo partido do seu espectro cultural desde o Mediterrâneo Oriental até à Ásia Central e Sibéria (a meio do imenso espaço territorial da Federação Russa), uma aptidão “para-o-que-der-e-vier”, mas significativamente carregada de ambiguidades e contingências próprias, numa lógica aferida à Irmandade Muçulmana, em contraponto com o radicalismo wahabita-sunita.

Nesse cenário imenso e complexo, o Afeganistão por seu turno está a ser acondicionado a um novo papel com o “ressurgimento” dos talibãs, que irão ser “subtilmente utilizados” em relação aos expedientes ofensivos do império em direcção ao Paquistão, à Ásia Central, à Sibéria, ao Irão e ao Ocidente da China.

Nada melhor que os talibãs senhores locais do ópio para redistribuírem as tão versáteis quão fluidas redes que tiram partido do plasma celular da Al Qaeda e do Estado Islâmico, nas suas aparentes decomposições e das iniciativas turcas que são concomitantes e servem muitas vezes de transvases ideais de grande amplitude tática!…

CIA oblige!…

 

02– Por tabela a “reconversão” atinge a “ultraperiférica” África, dividida na sua inércia pelas influências dos três distintos canais de ingerência do Pentágono:

O Comando Europa tem interferência especial na desagregação conseguida a ferro e fogo na Líbia, pois quanto mais sacrificadas e divididas andarem as tribos do Magrebe, mais garantias de roubo e pirataria existem em relação à sua tão disputada riqueza petrolífera e à sua riqueza aquífera escondida nas entranhas do deserto, algo indispensável também para a pirataria europeia decorrente da destruição do estado erigido por Kadafi, particularmente para a pirataria da “doce” Itália que foi a potência colonial da Líbia antes da mascarada independência sob os auspícios do efémero Rei Idris e forneceu o território de ataque à NATO para bombardear África em 2011!

A Líbia enquanto alvo do Comando Europeu propicia à VIª Frota o domínio da Itália e do Mediterrâneo Central, rectaguardas de manobra optimizadas para a projecção organizada da logística e das incursões no Médio Oriente Alargado, no Magrebe e em África.

O Comando Central por seu turno, influi no espectro do enlace do Mediterrâneo com o Magrebe, tirando partido de “escalas” como Marrocos, agora potência colonial e procurando subverter a Argélia, a rectaguarda de luta do povo saaraui e da Frente Polisário, depois de ter conseguido desagregar o grande Sudão!

O carácter dos termos da colonização do Sahara por parte de Marrocos, tem que ver com a pulverização do Estado Palestino e serve ao sionismo para se aproximar do Reino de Marrocos, avassalado e componente importante dos dispositivos que controlam a entrada oeste do Mediterrâneo, imediatamente a sul da base da Rota…

O império pretende esmagar o Sahara, como Israel sionista esmagou o Estado Palestino, por que a Argélia prefigura-se geoestrategicamente como alvo, quase ao nível dum Irão, ressalvado o facto de África ser ultraperiferia e tender a “ruir por tabela”.

O sionismo ficou de “mãos livres” em África sobretudo quando, ao se alcançar a decomposição do Sudão, com uma nova Conferência de Berlim conseguiu estabelecer laços preferenciais com o vulnerabilizado governo de Kartum.

O AfriCom por fim, detém espaço de manobra sobre o resto do continente, em geometria variável e transversalidades de arquitectura apropriada, estado a estado, jogando tacitamente com o caos e o terrorismo emanado de suas “coligações” arábicas, agora também oficialmente filtradas pelo sionismo!

O AfriCom joga com a contradição entre os frágeis estados africanos e as redes radicais wahabitas sunitas, a que se têm também juntado com maior ou menor concorrência e em paralelo, as redes do espectro turco e as redes de “longa distância” xiitas.

Em relação à desagregação dos estados africanos, lentamente em curso depois do grande Sudão, o fenómeno vai para além do islamismo wahabita-sunita radical, mobilizando rebeldes que disputam étnica e regionalmente as riquezas disponíveis em áreas de sua implantação, muitas vezes directa ou indirectamente atiçados por interesses multinacionais extracontinentais (com ou sem biombos de permeio).

Na própria concepção do AfriCom e segundo as pistas de Theresa Wgelan (de 2003 a 2017 uma das especialistas mais proeminentes do Pentágono para África), houve desde logo a preocupação com as áreas transfronteiriças sem ocupação político-administrativa dos estados africanos, pois seria nelas onde todo o tipo de fenómenos caóticos, terroristas e desagregadores, podiam melhor fluir a contento dos interesses e conveniências do império da hegemonia unipolar!…

O jogo entrosado dos três Comandos do Pentágono em África, revelam intensidades distintas de ingerência, cada qual com seus vínculos preferenciais desde o plano sociocultural que lhes serve de fundo disponível para a criatividade das manipulações do império da hegemonia unipolar, extraordinariamente dialético nos processos de domínio elitista e exclusivista.

 

03– Os passos duma escalada em novos moldes da IIIª Guerra Mundial contra o Sul Global estão dados em toda a profundidade, até por que na América, a resistência das Revoluções Cubana e Bolivariana complementam o quadro entre os contraditórios, tal como a evolução no Extremo Oriente, com tensão maior no Mar do Sul da China e em torno de Taiwan, do Japão e da Coreia do Sul.

Se acrescentarmos o quadro de tensões na Europa do Leste, está “reconfigurada” a geoestratégica do império da hegemonia unipolar contra a Federação Russa e a República Popular da China, até por que a Índia e o Brasil, que fazem parte dos BRICS, estão atraídos pelos expedientes do campo cultural anglo-saxónico, por via do seu elitismo, exclusivismo e tendência para cooptar as oligarquias mais ultraconservadoras onde quer que seja.

O antagonismo faz-se nas leituras decorrentes, mas os conteúdos e termos de gravitação da hegemonia unipolar, são completamente distintos dos conteúdos e termos do campo de gravitação do universo emergente e multipolar…

No primeiro a barbaridade torna-se evidente por que o eixo de sua resposta é militar, de inteligência e decorre da venda escandalosa de armas a estados como o sionista de Israel ou o wahabita-sunita da Arábia Saudita, “petrificados” (?) na fluidez do império anglo-saxónico.

É um império com uma ossatura de milhares de bases, sincronizadas em função do Pentágono, inclusive nas suas principais conjugações geoestratégicas como a NATO e estados “coligados” do Golfo.

No segundo, é a Nova Rota da Seda, agora mais consubstanciada ainda pelas capacidades do RCEP (“Regional Comprehensive Economic Partnership”), que permite articulações multiculturais e multipolares estruturantes, civilizadas e propícias á recriação de respeito mútuo e de paz.

Até que ponto as articulações de civilização (promotoras de paz e de um muito maior equilíbrio na humanidade, assim como um outro respeito para com o planeta), conseguirão fazer diluir a tão poderosa quão tenebrosa onda da barbárie?

As respostas vão ser encontradas ao longo da década 20/30 do século XXI, quando mais que nunca o desespero e a depressão mental é marca das crises da barbárie e por isso as ameaças e os riscos são mais intensos que nunca…

A barbárie em desespero e remetida a uma porfiada defensiva anglo-saxónica, está a fazer tudo e a arregimentar todos os meios para que a IIIª Guerra Mundial contra o Sul Global ganhe outra intensidade e repercussões, temerosa também de seus próprios venenos tão intensamente experimentados no “laboratório cubano”!

Os terrenos das confrontações estão estabelecidos com todas as evidências subversivas decorrentes da depressão do império da hegemonia unipolar e de seus vassalos, demonstrados até pelo comportamento da “representatividade” nas relações internas como nas internacionais, protagonizando espirais de crimes que vão desde genocídios evidentes (como no Iémen), à mais abjecta pirataria, (como os casos da Síria e da Venezuela Bolivariana)!

Olhando o abismo, à humanidade resta apenas um caminho: por via da lógica com sentido de vida, abandonar de vez toda a feudal irracionalidade que conduz à barbárie!

 

Luanda, 1 de Fevereiro de 2021.


Imagem: Obra de Salvador Dalí – Premonição da Guerra Civil

Construção Mole com Feijões Cozidos (Premonição da Guerra Civil) (1936) é uma pintura feita pelo espanhol surrealista Salvador Dalí. O artista fez esta pintura para representar os horrores da Guerra Civil Espanhola. Dali pintou esta obra seis meses antes da Guerra Civil Espanhola ter começado e, em seguida, alegou que ele havia conhecimento de que a guerra ia acontecer, a fim de parecer ter habilidades proféticas – devido a força profética de sua mente subconsciente. O pintor pode ter alterado o nome da pintura após a guerra como uma maneira de provar esta habilidade profética, embora não seja totalmente certo. 

Esta é uma pintura feito com óleo sobre tela que está localizado no Museu de Arte da Filadélfia. Dali pintou em 1936, mas não foram encontrados estudos dele que aponte que foi feita em 1934. É uma imagem de uma criatura tipo monstro geométrica e conectados a um monstro semelhante. As duas criaturas parecem ser duas partes da mesma criatura de modo que ele parece estar lutando em si. Tudo sobre o fundo e em partes do monstro são grãos que se parecem com eles estão derretendo fervida. O monstro está em árvores e em uma caixa de madeira marrom. O fundo é um céu azul com nuvens, que são mais escuras em algumas partes e mais leves em outros. Esta pintura expressa a destruição durante a Guerra Civil Espanhola. O monstro nesta pintura é auto-destrutivo apenas como uma guerra civil é.

Salvador Dalí foi um importante pintor catalão, conhecido pelo seu trabalho surrealista. Os quadros de Dalí chamam a atenção pela incrível combinação de imagens bizarras, como nos sonhos, com excelente qualidade plástica.

https://historiando-guerra-civil.blogspot.com/2016/06/obra-de-salvador-dali-premonicao-da.html.


Consultas em suporte.

01)- Sobre a resistência da Revolução Cubana à cruel hostilidade dos “projectos” de “laboratório dilecto” da barbárie imperial (série “De pátria y cultura en tiempos de Revolución”, da autoria de Ernesto Limia Diaz:

02)- Textos diversos seleccionados:

03) Nova Rota da Seda e RCEP:

04)- Textos recentes de Martinho Júnior:

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