La destrucción de Yugoslavia y África. Martinho Júnior
A DESTRUIÇÃO DA JUGOSLÁVIA E ÁFRICA.
COMO O “HEGEMON” UNIPOLAR TRATA IMPUNEMENTE DE SE EXPANDIR E PROVOCAR ONDAS SUCESSIVAS DE CAOS, TERRORISMO, DESAGREGAÇÃO, TENSÕES, CONFLITOS E GUERRAS.
NO SUL GLOBAL, SÃO ESSAS AS PRÁTICAS DE CONSPIRAÇÃO QUE INTEGRAM A FLUIDEZ DA IIIª GUERRA MUNDIAL NÃO PROCLAMADA, MAS QUE CONTINUA SEU CURSO, AGORA CONTRA A EMERGÊNCIA MULTILATERAL E A MUDANÇA DE PARADIGMA.
O MOVIMENTO POPULAR DE LIBERTAÇÃO NÃO ALINHADO, É UM IMPERATIVO GLOBAL QUE PAVIMENTA AS ARTÉRIAS EMERGENTES DO MULTILATERALISMO ÁVIDO DE PAZ.
A extensão da Organização do Tratado do Atlântico Norte para o leste do espaço europeu não foi pacífica desde logo nos Balcãs e a manobra, sendo suportada por dispositivos do Pentágono numa Europa ocupada desde a IIª Guerra Mundial, (o Pentágono possui na Europa dezenas de bases vinculadas ao EUROCOM e AFRICOM, além da 6ª Frota estacionada no Mediterrâneo), foi feita de modo a, procurando dividir ou mesmo estilhaçar as entidades sociopolíticas a leste, ir integrando na União Europeia os estados saídos do “vazio” criado pela dissolução do Pacto de Varsóvia e a implosão provocada na União Soviética!
Essa situação gerou uma situação económica de dependência a leste, agravada na maior parte desses estados por causa dos impactos nas suas instituições, chegando-se à disseminação de caos e de desagregação, por vezes até de terrorismo, nos Balcãs, com o sacrifício da Jugoslávia no altar duma “nova Europa” que não é, antes é a Europa neonazi que ao estimular a russofobia, procura atiçar “apartheid” contra todo o Sul Global!
Como a dissolução do Pacto de Varsóvia e a implosão da União Soviética foram um estímulo para a expansão do híbrido União Europeia / NATO na direcção leste, então todos os excedentes de armas provenientes dessa dissolução ficaram à mercê de grupos internacionais de natureza mafiosa, que procuraram comercializá-las enquanto esses países que se iam tornando párias, entravam “em lista de espera” para integrar a expansão da NATO!
Esses grupos foram integrados nos dispositivos inteligentes da NATO e muitos deles são autores da deriva neonazi da própria Europa, que não é apenas um factor essencial em relação à superestrutura ideológica, mas também uma dos vectores de doutrinas como as de Leo Strauss, de Gene Sharp, de George Soros, de Rumsfeld, de Victoria Nuland!…
Para tal incrementaram as contradições étnicas e religiosas, servindo-se delas para disseminar tensões, conflitos, guerras, caos, terrorismo e desagregação, uma ementa que aplicaram imediatamente noutras partes do mundo, tanto pior em África, com estados cujas fronteiras obedeciam à engenharia e arquitectura dos impérios coloniais paridos pela Conferência de Berlim!
A própria NATO envolveu-se directamente na sucessão de conflitos nos Balcãs quando do esfrangalhar da Jugoslávia, estado federativo, socialista e Não-Alinhado, por via de acções de ataque aéreo de grande envergadura em 1995 (Operação Força Deliberada) e 1999 (Operação Força Aliada)!…
A Operação Força Aliada foi a primeira “missão” da NATO sem aprovação do Conselho de Segurança da ONU e durante sua execução, a NATO usou bombas de urânio empobrecido, despejando-as nas áreas territoriais da Sérvia e Kosovo!
As marcas da NATO na população por causa desses bombardeamentos, vão ocorrer durante muitas gerações, no passado, no presente e no futuro!
Foi também um teste: como o projecto de extensão a leste estava veladamente em curso enganando a navegação contrária, qualquer que ela fosse, a NATO teve assim conhecimento de que ninguém lhe iria fazer frente nos tempos mais próximos, uma “prerrogativa” que durou praticamente 20 anos de “mãos livres”, até à actual situação na Ucrânia, provocada desde a Euro Maidan, há 8 anos atrás!
É claro que os excedentes de meios, quer em resultado da extinção do Pacto de Varsóvia, quer por causa do fim dos conflitos em cadeia nos Balcãs, colocavam à disposição de outros, onde quer que fosse mundo fora, armamento e efectivos como jamais antes havia acontecido.
Desse modo a engrenagem do Pentágono aproveitou para disseminar agressões no Médio Oriente Alargado e em África (doutrina Rumsfeld/Cebrowski), sabendo de antemão que desse modo haveria “mercado” para essas armas, baixando ao mesmo tempo o preço do recrutamento e emprego de mercenários, o que foi aproveitado imediatamente pelas empresas privadas do ramo (“private militar companies” – PMC), especialmente as anglo-saxónicas e por entidades geradas pelo seu vasto espectro de influência neocolonial!
O empobrecimento dos estados do leste europeu, a imensa disponibilidade de armamento e de potenciais mercenários, assim como o espectro de influência neocolonial, fazem parte das ementas na origem das agressões ao Afeganistão, ao Iraque, à Síria e à Líbia, na origem também das “revoluções coloridas” e “primaveras árabes”, algo que espevitou por seu turno o sionismo para alastrar sua influência na sua região periférica, às custas especialmente do estilhaçar gradual da Palestina!
O século XXI chegou com plena efervescência dessa barbárie feudal e é essa barbárie feudal com que se gere o próprio “hegemon” unipolar e o espectro que cumpre obediência na Europa ocupada!
A Federação Russa tinha sensores ao longo de todo esse expediente que se lhe aproximava desde antes de 1991, por que sofreu os impactos neoliberais durante a governação do tandem Gorbatchov / Boris Yeltsin, sofreu os conflitos encadeados no Cáucaso, assistiu impotente aos acontecimentos nos Balcãs e por aí fora… não é pois de estranhar a existência dum traficante de armas como Victor Bout, ex-membro do KGB, pois tornou-se do interesse da Rússia seguir as pistas do destino dessas armas e dos mercenários que nasceriam nesse tipo de alfobres que são fruto da expansão do híbrido UE-NATO por todo o leste da Europa e nas “experiências” para além da Europa e do Atlântico Norte!
Em África, Mobutu, o ditador de serviço na crónica neocolónia em que se tornou o Congo depois do assassinato de Patrice Lumumba, o Zaíre, (é hoje a República Democrática do Congo), deu continuidade imediata à saga dos mercenários e do armamento barato, no seu caso na vã tentativa de fazer face à rebelião que começou a soprar desde o leste e protagonizada pela Aliança de Forças Democráticas tendo à frente o velho guerrilheiro Laurent Kabila.
As Forças Armadas Zairenses minadas pela corrupção dos clãs subservientes do regime étnico de Mobutu, estavam incapazes de dar qualquer tipo de resposta operativa com êxito e não passavam dum exército de pacotilha…
Por via do mercenário belga Christian Tavernier, Mobutu recrutou mercenários e comprou armamento nos Balcãs, na Bulgária e na Ucrânia, formando a “Legião Branca” que operou com tristes resultados em Kisangani, passando em simultâneo a peçonha para outros dos seus pares, desde logo Savimbi, já em plena “guerra dos diamantes de sangue”!
Em Janeiro de 1998 através de meios de inteligência a que estive ligado nessa época, tive notícia de alguns dos primeiros aviões cargueiros que traziam meios militares para África e haviam transitado pelo Aeroporto do Sal, em Cabo Verde.
Eis o texto do primeiro alerta ao estado angolano que foi dado através de mim (em apoio aos organismos de competência)…
“RDC – Armamento com destino à RDC – 17 JAN 98 .
– Dia 15 JAN 98, aterraram na Ilha do SAL, CABO VERDE, dois aviões de longo curso IL-86 com armamento aparentemente com destino à RDC:
– Um dos aviões transportava 3 MIG 21, ou 23 (as asas iam à vista, o corpo dos caças, dentro de caixas), com destino a KISANGANI .
– O outro transportava 12 caixas com mísseis anti aéreos, ao que parece SAM-7; cada míssil media entre 1,20 / 1,50 m, segundo as pessoas que tiveram acesso ao interior do IL-86; o destino era LUBUMBASHI.
– Na madrugada de 16 JAN 98 era esperado um outro avião, desconhecendo as fontes, em qualquer dos casos, a sua respectiva origem.
– Uma das explicações da utilização da rota do SAL, além da segurança e as possibilidades de abastecimento, é a rotação das tripulações; neste caso concreto, segundo as nossas fontes, os aviões são Russos.”
A fonte original da notícia que então nos chegava, era um cidadão de Cabo Verde que trabalhava no aeroporto do Sal e não tinha conhecimentos técnicos suficientes para apurar devidamente o tipo de aviões de caça que os IL-76 transportavam, pelo que mesmo assim nos deu para fazer a informação de alerta por causa da “guerra dos diamantes de sangue” que grassava em Angola, pois Savimbi podia ser um dos destinos em função do tráfico ilícito dos diamantes de sangue e eu próprio havia sido, com mais de 80 camaradas da Segurança do Estado, “trucidados” pelo poder angolano sob égide do Presidente José Eduardo dos Santos, por ter cumprido escrupulosamente com as missões de combate aos tráficos de diamantes e moedas, em função das quais, às mãos do poder que acabou com a República Popular de Angola e com o MPLA Partido do Trabalho, sofremos pesadas consequências!…
Mais tarde soubemos até pela informação internacional, que eram os mercenários a soldo de Mobutu que iriam receber esse armamento, num caudal de tal ordem que acabou por ser em grande amplitude, o armamento utilizado em grande parte na “Iª Guerra Mundial Africana”!
Os caças vistos no aeroporto do Sal em Cabo Verde, eram em princípio Soko J-21 Jastreb de fabrico jugoslavo e obsoletos para os apetites da NATO!
A 12 de Outubro de 2013, (quinze anos depois do nosso alerta), o “Center for Strategic Assessment and Forecast”, que se expressa significativamente nas línguas inglesa e russa, publicou por via do artigo “The white Legion and the Network of Colonel” o tipo de armas, a quem se destinavam e o seu destino quando transitaram em Janeiro de 1998 pelo aeroporto da ilha do Sal!
A subversão etno-nacionalista em África, conforme a bárbara pista servil de Savimbi e de todos os agentes de inteligência europeia (e portuguesa) seus apaniguados em Angola (à atenção do presidente português da UNITA que dá pelo nome de Adalberto da Costa Júnior), tinha que ver com a velada expansão da UE-NATO na direcção do leste da Europa e com o seu resultado, ou seja, também com a questão da espiral étnica que lhes é tão afim, a ideologia matriz das práticas de conspiração que fervilharam desde a década de 90 do século passado, nos Balcãs, Europa fora e contra a Rússia, às custas desde logo da destruição da Jugoslávia, República Federal, Socialista e Não-Alinhada!
Cumprindo com as obrigações de membro fundador da NATO e membro da União Europeia, o REGIME DE MARCELOS redundante do golpe de 25 de Novembro de 1975 em Portugal, é também autor e cúmplice neonazi de toda essa manobra, até por que ela é fruto de não ter feito a descolonização mental aproveitando o 25 de Abril de 1974!
São essas as “heranças ideológicas do colonial-fascismo” agora tornadas, por via do passo de mágica UE-NATO numa Europa ocupada pelo Pentágono, efectivamente neonazis, com corpo nesse zombi-híbrido e espectro em racismo, xenofobia, russofobia e “apartheid”!
Se no seu estertor a qualidade neonazi é assumida pelo “hegemon” unipolar, pela cauda desse bárbaro cometa cujo núcleo duro são os poderes anglo-saxónicos instalados em Washington e em Londres, em Angola são os bárbaros da UNITA que tentam a todo o custo impedir que o Não Alinhamento do país, derive na direcção da emergência multilateral e multipolar!…
CÍRCULO 4F, Martinho Júnior, “uma longa luta em África”, 18 de Março de 2022.
Consulta obrigatória – The white Legion and the Network of Colonel – http://csef.ru/en/oborona-i-bezopasnost/504/belyj-legion-i-set-polkovnika-denara-4781
3 textos de suporte recolhidos de textos produzidos por meus companheiros colaboradores da FAI:
- La guerra en Ucrania por delegación de la OTAN. Manuel Pardo – https://frenteantiimperialista.org/la-guerra-en-ucrania-por-delegacion-de-la-otan-manuel-pardo/;
- La yihad nazi. El lince – https://frenteantiimperialista.org/la-yihad-nazi-el-lince/;
- El periodismo ha muerto. Viva la propaganda. Pablo García – https://frenteantiimperialista.org/el-periodismo-ha-muerto-viva-la-propaganda-pablo-garcia/.